**DIALOGO ARREMATADO DE CRÍTICAS** - Manoel Ferreira
ÁPICES ETERNAMENTE INVULGARES
Bom dia, amigo Manoel Ferreira Neto! Tenha um excelente sábado!
Você é um homem que procura a sensibilidade humana, não importando o
tempo e hora.
"Sou alegre por olvidar a hora. Afigura-se-me ser a
egocentricidade, suscetibilidade clemente. Todas as veredas acarretam - me a
ela. "
É o homem que busca sua essência fazendo perguntas subjetivas e com isso
o isolamento se torna necessário até certo ponto. O ser humano sofre nessa
busca incessante, atingindo a profundeza.
Dependendo do nível, do estadiamento da internalização, da
espiritualidade, não existe mais o isolamento.
Maravilha de texto!
Viviane Ferreira,
Bom dia, minha querida. Tenha um excelente sábado, final de semana
esplendoroso.
Bem, há muito a considerar sobre a sua crítica a este texto. Vou
procurar responder a contento, sendo breve, mas não perdendo o eidos de minha
obra.
A obra de Jean-Paul Sartre em sua integridade é a busca do homem por
inteiro. Neste sentido, e em muitos outros, Sartre cedeu-me muitos prismas de
seu pensamento. Sartre busca o homem por inteiro. Busco eu a sensibilidade
humana que se foi perdendo na história da humanidade. Sim, o isolamento
acontece mesmo na vida, nas letras não há quem não viva isolado. Nunca fui
homem de andar em bandos, como diz Nietzsche em rebanhos. Nas letras, na
filosofia, não ando em rebanhos, jubilando e reverenciando pensamentos e
idéias, questionamentos e esperanças de muitos. Heidegger, Sartre, Machado de
Assis, Dostoiévski contribuíram e vão sempre contribuir no andamento de minha
obra, mas felizmente hoje sou eu próprio na minha obra, quem sou no mundo, quem
sou nas letras, estilo e linguagens são minhas próprias, frutos de minhas experiências
e vivências, de meus singulares e particulares questionamentos e indagações.
Contudo, andei acompanhado por longos anos, sempre ouvindo que a minha
obra não seria lida, devido à sua hermeticidade, era obra para poucos. Ouvia e
ficava calado. Em termos de críticas literárias, em termos de ensaios sobre o
pensamento de um autor ou outro, fui aconselhado a largar isto de mão, não
tinha o mínimo dom e talento. Ouvia e ficava calado. Mas no silêncio, sem esta
pessoa saber, escrevia minhas críticas. Até que aconteceu prefácios de livros,
de minha amiga querida Maria Fernandes, portuguesa, comentários de dois livros
de meu amigo querido Júlio di Paula, recentemente prefácio de um livro de Júlio
di Paula. Ano passado, senti que era o tempo de me afastar categoricamente
dessa pessoa, não ser mais acompanhado por ele, seguir meus próprios caminhos.
Hoje mesmo, antes de seu comentário, estive pensando nesta relação de
longos anos, o que realmente contribuiu na minha vida, e cheguei à conclusão de
que estava acorrentado, algemado a considerações e comentários dela, estava
preso. Naquele tempo, estive isolado de mim mesmo nessa relação de três
décadas. Hoje, não existe mais isolamento, hoje sou eu próprio. Con-templo
plenamente a plen-itude.
Estive até pensando na relação de Freud e Jung. Quando se separaram,
tornaram-se inimigos, Jung deu a sua verdadeira contribuição à humanidade com o
seu próprio pensamento. Talvez não seja tempo de afirmar isto categoricamente,
mas sinto que superei e suprassumi os valores que este meu acompanhante
doava-me.
Rita Helena Neves
Caro Manoel Ferreira Neto, é mesmo difícil pessoas aceitarem aqueles que
saem do lugar comum. Escrever é uma arte que cabe a poucos. Escrever com a
sustância do saber é para menos ainda. Não e que as pessoas não gostem; elas,
simplesmente, não entendem. Não fazem ideia de que o escritor tece rendas com
as palavras. No seu caso, o seu tecer é, minuciosamente, trabalhado e
arrematado com a substância solene e aveludada do existir . Textos maravilhosos
que se nos preenchem de exílios e espetáculos do viver. Abraços.
Bom dia, Rita Helena. Tudo bem com você, mnha querida? Não é fácil mesmo
aceitarem quem sai do lugar comum. Existem muitos casos de escritores e poetas,
filósofos que saíram do "ramegão" e não foram aceites. Por isto
mesmo, por largarem a mão de lugares-comuns é que se tornaram universais,
imortais, eternos, a obra irá servir à humanidade por sempre. Agora, este
comentário que fiz à crítica de nossa amiga Viviane Ferreira não se refere a pessoa
comum, sim de intelectual, escritor, professor, muitos livros já publicados.
Sempre ouvi críticas dele à minha obra, às minhas preferências intelectuais.
Por haver-me entregue por inteiro ao estudo da obra sartreana, fui bastante
influenciado por ele, sofri duras críticas por isto. Uma coisa é certa, como
diz minha namorada Adriana Moreira: muitas vezes os intelectuais se apegam ao
seu pensamento, às suas idéias, aos seus ideais, a sua intelectualidade é a
verdade plena e absoluta. Se outra obra não está dentro de seus princípios, ela
não tem valores, estão sujeitas a críticas ferrenhas. Em verdade, em verdade,
este intelectual e eu somos completamente ad-versos não só na literatura, na
filosofia, nas artes, na vida mesma, em todos os níveis. Felizmente, que me
separei dele, resolvi seguir meus caminhos sozinho.. Está aí: a minha obra está
sendo reconhecida pelo mundo inteiro, tenho a honra de ser criticado com
percuciência por amigos como você, Viviane, Maria Fernandes, Ana Sofia, Soninha
Son dos Poem, realmente críticas sinceras e verdadeiras. Com certeza, trabalho
e arremato com a substância solene e aveludada do existir a minha obra, a minha
vida como escritor e como homem. Um grande abraço, minha querida. Excelente
final de semana para você.
Manoel Ferreira.
Comentários
Postar um comentário