**CEBOLAS DA ARÁBIA NO DESERTO** - Manoel Ferreira


Linhas paralelas. Espelhos côncavos, convexos. Páginas trans-versais, verticais. Palavras uni-versais. Letras in-finitesimais. Roda-viva de sentimentos, emoções. Ad-juntos de desejos, sonhos de prefixos interiorizando a divina trans-cendência da condição humana. Regências de querências e desejâncias, volos de sufixos exteriorizando o mergulho contingencial do vazio da existência.
Veemências surdas-ab de carências abissais rodopiando nas contradições de verdades pretéritas, leis do menor esforço para o consentimento jacente-sub do efêmero em efêmero, pedra angular da morte, pedra de toque das cinzas que o vento não leva para os confins do in-finito, não traz para as arribas do aqui-e-agora, mas a terra engole substancialmente, húmus para alguma erva daninha ao redor das criptas de mármore preto ou branco, no pé das cruzes sem nome; solidões abismáticas roda-vivendo nas dialécticas da in-verdade haverá-de ser, a coroa do vintém ou mil-réis, oposta às tradições preceituosas ou dogmáticas, de efemer-itude em efemer-itude, tornando-se vazias, nadas obtusos da fé do inaudito preenchendo as con-tingências da alma com miríades de sublim-itudes da plen-itude verbal que, de desejos em desejos, tornam-se "irtudes" do verbo eterno, a morte trans-cende a carne, a carne trans-eleva-se de regências linguísticas da estética corpórea do abstrato. Carne sem osso. Eis a vida, sem as ipseidades da matéria, vida que não morre, vida sem as quimeras do paraíso celestial, vida sem as utopias do paraíso celestial, redenção dos pecados, ressurreição das cinéreas mauvaises-foi.
Ilusões simbólicas. Sorrelfas metafóricas. Fantasias expressionistas re-vestidas de bucólicas esperanças do absoluto nada ou das nonad-itudes. Des-cortina-se o pretérito. Des-nuda-se o porvir. Des-vela-se o mistério dialético ou dialógico do apocalipse no ziguezague das utopias re-versas e in-versas da bíblia in-temporal, quando o genesis se conubia com o caos, concebendo os manque-d´êtres dos medos e tremelicâncias do des-conhecido.
Angústias, vidas secas. Memórias do cárcere dos ossos sem a carne da alma sem coração, dos sentimentos sem o sensível.
Não há agora nuvens brancas no espaço celestial. O celestial na íntegra azul de confins às arribas azul, do in-finitivo ao in-finito o nada trans-lúcido inter-ditado de branco atrás das origens do tempo espacial, na imagem do tempo con-tingenciário. Ilusão de ótica, vernáculo latino do olho esquerdo que manda o direito catar cebolas da Arábia no deserto, depois confessar com os monges do tempo tibético ou budístico
O sarcasmo alimenta de ironias as hipocrisias das mentiras. O cinismo sacia a fome do falso divino.
A vida com a morte na alma nada é. A morte com a vida nos interstícios do espírito nada significa, significante algum se lhe apresenta.
A existência cessa e o vento ainda me recruta para bem longínquo,
Para o interminável...
Eterno da inutilidade,
Ninharia de ser total,
Tudo compenetrado,
Vomita a mesmice desta imago,
Não mistura a nonsensidade destas ópticas do tudo sombrio,
Às voltas pelo balanço incansável de corrigir,
Absolver os batimentos que cada termo rumoreja,
Que cada vivido e jornada nas ansas do metafísico
Rumoreja e exibição límpida e transparente.
Viajada durável,
Curta cinematografia de enxergar um momento,
Um princípio imaginado.



Manoel Ferreira Neto
(Rio de Janeiro, 08 de agosto de 2016)


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