**RES DAS SEMÂNTICAS IPSIS** - Manoel Ferreira
Palavras que brotam longínquas, distantes os sentimentos a fluírem de
seus desejos da verdade a alma dos instantes-limites limítrofes do vazio à
soleira do genitivo pretérito do além, lenitivo gerúndio do abismo, em cuja
profundidade habitam metáforas, residem sin-estesias, lácios linguísticos a
conceberem do nada inter-dito a linha entre o cristalino da esperança e a
trans-parência do sonho inaudito do ser, a nitidez da utopia iluminística do
vento, e os vernáculos se fazem verbo do tempo, lâmina de faca que corta em
fatias o eterno, multifacela as utopias res-plandesc-"entes" e
esplendorosas do nada, assim nascem as nonadas, religiões, credos, cada uma
delas projetam aos confins das arribas o ad-vir da felicidade perpétua, o tempo
do estar-no-mundo é exíguo e tudo são mistérios e enigmas, tudo são dúvidas e
inseguranças, só no além da vida as con-tingências são suprassumidas.
Palavras que brotam nas pectivas, res das semânticas ipsis do pleno e
absoluto, estendendo ao abismo das arribas de ponta-cabeça as desilusões e
tristezas das contradições, a verdade é mentir pers-crutada à luz do que jamais
esvaece, a mentira é verdade con-templada na furtiva imagem con-vexa do que
sempre está em movimento, mo-vente verb-ético do há-de porvir além das
fronteiras do inaudito requiém de náuseas da melancolia, nostalgia, lusitana
saudade do pretérito nas asas da coruja que, após velar as noctívagas vontades
do alvorecer numinado de cores viva, em última instância, fosforescentes; que
esplendem o arco-íris às dimensões sons do po-ema, esvoaça em silêncio na
poética do espaço, e vai dormir o sono dos questionamentos, do verbo de ser o
símbolo puro da gnose, o signo absoluto da sabedoria, eis que se torna a coruja
a bíblica verdade do cântico que musicaliza e ritma a luz sonora e audível do
ser-tempo de entre-linhas, cujas con-figurações e formatações inscrevem,
pers-crevem, até ad-escrevem nas fantasias as ádrias límpidas de
trans-parência, o amor eterno concebido no conúbio das estrelas
"has-cent-iando" o ads da lua que pirilampa e vaga-luma nos
interstícios bachelardianos do espaço, recônditos do sublime e divino...
Se amanhã houvesse de filosofar as ipseidades e solipsismos do não-ser
que vagueia solitário e silencioso, angústia e tristeza por ser discriminado e
rejeitado, por que saboreia com volúpia as neuroses de perfeição, à soleira do
abismo perscruta as miríades do efêmero que a-nunciam o há-de ser sob a
cintilância das cores do arco-íris desejando com êxtases e euforias as nonadas
do apocalipse, sorrelfas da consumação dos tempos para nalgum momento do
ec-sistir se entregar por inteiro ao vai-e-vem da rede numa noite de chuvinha
fina, ouvindo os ritmos e acordes do uni-verso, balalaika do pretérito em
síntese com o fado do infinitivo dos horizontes, particípio de confins,
gerúndios de arribas, fez a fama deitou na rede, o verbo do ser que rebole e
dance em chapa quente no itinerário de querências da verdade, hoje simplesmente
elencaria as metafísicas das sendas e veredas perdidas nas antanhas memórias da
concepção do caos, geração das vacuidades, luz e brilho do vazio, e por toda a
eternidade a razão pura encalacrada de impossibilidades de a verdade ser a luz
do espírito que numina os manque-d`êtres seculares e milenares; hoje estaria
ludicamente sentindo profundo o demasiadamente humano, a imperfeição para
auscultar o inaudito dos mistérios e enigmas.
Se amanhã houvesse de incidir na superfície lisa do espelho a imagem
cristalina do diamante que risca o etéreo, a face limpida do pote de ouro no
fim do arco-iris, imagem e face que originam o rosto das sublim-itudes da
sabedoria, sarapalhada de resquícios, vestígios do tempo que re-criam, compõem,
poetizam e poematizam as pontes partidas em direção, pro-jetadas aos ilimites
do além, aos ab-surdos do in-finito, e que as contingências da náusea e
desespero expliquem, justifiquem as incongruências do inferno meigo das
insolências, hoje nada mais, nada menos estaria senão descansando na minha
cama, esperando o sono tomar-me por inteiro, esquecendo-me da vigília de
olhares de esguelha, soslaio, de banda para os solstícios do "Ser"
que paraclitam o pássaro a re-duplicar o canto para a sinfonia e ópera da fé na
esperança do sonho.
Se amanhã houvesse de nada ser, de nada sonhar, de nada projetar,
simplesmente ser a vida na sua dimensão de nada composta de vazios e efêmeros,
hoje fecharia os olhos, esvaziaria a mente de idéias, pensamentos, silenciaria
o coração de amor, ternura e solidariedade, fecharia os lábios, nenhuma palavra
pronunciada, mas entregar-me-ia completo e perfeito à divina comédia do nada, a
palhaçada do efêmero, no picadeiro das ribaltas do que trans-cende o limiar,
soleira do fin-itivo do verbo plen-izar o desconhecido.
Sou homem completo, consumado de todos os homens, com uma fracção de
Divindade, outra porção de sarcástico, sarcástico Deus, completo da fontanela
ao âmago, do âmago aos testículos, dos testículos aos dedos dos pedúnculos. com
olhar fincado no barro...
Indivíduo do solo. Criatura do Cosmos. Seiva. Alvoroço.
Susceptibilidade, mente e causa. Lascívia. Encarniçamento, insânia, quimera e
desastre. Carnação.
Vagidos, ais, refrulhos e berros proparoxítonos do tumulto da
consciência à claridade da jurisdição, Nos trens da mercê delicados de
argumentos. Pejadas e artilhadas, no fosso da rebelião do feito de quem é
cidadão. Muito pingo e sêmen exsudados com alvoroço do motejo à ira.
Manoel Ferreira Neto
(12 de agosto de 2016)
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