**SENDEIRO AD-JACENTE AOS VERBOS DO SUBLIME** - Manoel Ferreira
Espero a chuva cair na minha cabeça, no meu corpo, enquanto à distância
as pretéritas imagens do tempo que a-nunciaram este instante-limite de
volúpias, êxtases do amor, ponto-limite de esperanças, ipsis da utopia da
beleza do belo - imagino a cor roxa profunda se sintetizando, harmonia,
sin-cronia e sintonia, com o branco leve, suave e o verde viçoso, respingado de
orvalho sob as perspectiva do sensível -, que, inda incompreensíveis,
ininteligíveis à luz dos sentimentos ad-jacentes aos verbos do sublime, trans-cendem,
trans-elevam a mim ao infinitivo cristalino do ser, nada de vazios esvoaçando
livres por entre as cores vivas do arco-íris, nonadas de solidão perpassando
solenes a imensidão do horizonte.
Acordei, acendi a luz do casebre, abri a porta, sentei-me à soleira,
fiquei contemplando a madrugada.
Na travessia dos momentos de alegria, teço de lágrimas pujantes o que
fora possível compor de versos a felicidade da real-ização. Vim do nada, venci
as contingências, vivi a plen-itude, as cinzas de mãos dadas com o vento
sobrevoarão rios, lagos, florestas, abismos, e cada molécula será testemunho de
vivenciárias e vivenciais desejos do amor pela verdade, pelo ser.
Há homens que nascem póstumos e morrem eternos, perpétuos, inda que num
tempo ad-verso aos seus ideais poéticos e prosaicos. Comigo aconteceu o
contrário: nasci eterno, o póstumo tive que criar, inventar nas situações e
circunstâncias do quotidiano de buscas e querências, inda vou postumar no além
as efemérides do espírito da vida.
Eterno... Póstumo... Dimensões trans-pretéritas que inscrevem nos
solstícios do efêmero as sagradas letras do que é cumprir uma missão, mesmo sob
as intempéries do não-ser.
Surrealismo linguístico... Simbolismo estilístico... O que isto importa?
Que importa esta leitura, análise na passagem do póstumo ao eterno? O que mesmo
diz respeito, incólume e insofismável, são o amor ao ser amado, a poesia
nascida dos sonhos, o espírito da vida... haverem composto a verdade dos
idílios e sorrelfas.
Manoel Ferreira.
(14 de junho de 2016)
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