**SE ISTO NÃO É BLUES..." - Manoel Ferreira
Tempo perfeito
Lugar perfeito
Não me diga que o meu coração permanece o mesmo
Não me diga que os meus sonhos giram em torno do
catavento
Do ser e não ser, giram, giram
Não me diga que as luzes da ribalta são
contra-luzes do proscênio, são efeitos da sátira das verdades e in-verdades
Não me diga que o silêncio é representação das
entre-linhas da verdade por vir a ser
Se isto não é blues da alma preludiando o estado de
tranquilidade, calmaria das dores contingências, angústias, náuseas!
Tempo perfeito
Lugar perfeito
Não me diga que o in-audito é símbolo, signo do desejo de des-velar os
mistérios, enigmas da contingência
Não me diga que ao redor das constelações, o sol re-festela-se à beira da Lagoa
da Rosa de Profundo Roxo
Não me diga que a vela esplendendo suas chamas no canto da janela fora é
metáfora da espera o alvorecer ser pleno de lúdicas imagens do uni-verso e da
felicidade há-de vir
Se isto não é blues dos sentimentos místicos do além, do in-finito que são o
inter-dito da verdade e do absoluto, da linguística e semântica do medo do que
trans-cende a razão e o logus!
Tempo perfeito
Lugar perfeito
Não me diga que as bolas de cristal da cartomante são a poesia romântica do amor
pleno
Não me diga que as cartas de tarô são símbolos e signos da harmonia da
contingência, facticidade e transcendência, verbo do sonho e da utopia, a
semiótica da espiritualidade
Não me diga que tenho sempre sido sendeiro da luz, à luz do vazio e do nada,
estou voltando para casa de mãos vazias
Não me diga que o tempo nada apaga, apenas fingimos que nos esquecemos das
forclusions e manque-d´êtres.
Se isto não é blues das mais puras, singelas, meiguices da alma que degusta a
solidão da madrugada, enquanto o orvalha respinga suas gotículas na grama
silvestre das sendas e veredas, das trilhas e estradas.
Manoel Ferreira Neto.
(24 de junho de 2016)
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