**IN-FINITIVO IN-FINITO DO NÃO-VERBO** - Manoel Ferreira
Cáritas eidéticas do sublime, pretéritos não me são póstumos, não me são
efêmeros, não me são.
Inverno in-verso de outros frios sentidos, vivenciados, sentimentos e
emoções inda desconhecidos perpassando a alma, miríades de imagens campesinas
a-nunciam-se longínquas, serenitudes.
Idílios re-versos de poesia, há de vir lírios brancos nas páginas dos desejos
que se lançam ao além, perspectiva do absoluto re-nascido no crepúsculo do
não-ser, concebido no alvorecer nublado - lembranças de estar encostado do
parapeito da janela, manhã fria, ouvindo Stand by me cantada por Lennon -,
quiça o ser preceda a vida, o verbo do frio projeta-se no infinito, a busca
incólume do que trans-cende o instante, momento, instante-limite do nada. Sonho
do Verbo Vida. Vida do Verbo Sonho. Verbo do Sonho Vida Sorrelfa de ídílios
compactos.
No fim do arco-íris um pote de ouro. O re-nascer: é a alma se
presentificando e os desejos sarapalhados alhures e algures, nada vazio. Não me
sou pretérito. Não me sou há-de vir, não me sou. Sem margens, sem pressa o rio
de sonhos, antes de quaisquer origens e esperanças, antes de quaisquer fontes e
quimeras do inaudito. Quem sabe a vida jamais tenha existido, existe o verbo de
carne e ossos, e nas suas conjugações do tempo e contingências intemporais a
querência seja carne e ossos tornarem-se vida, tornarem-se ser, tornarem-se
arbítrio da morte. Idílios de sorrelfas compactas.
Solidão. Silêncio. Ausência. Carência. Medo. As estrelas têm cinco
pontas. O tempo tem cinco conjugações: infinitivo, presente, subjuntivo,
gerúndios, particípio. Sou-me quem tece de vazios e nadas, nonadas e travessias,
temas e temáticas , o mundo chegando e ninguém, o éden retros-pectivando e
nenhuma terra. Cocito de águas límpidas, sombras de árvores arbítrias de
espírito, livres de alma.
Há-de vir me não é subjuntivo, me não é gerúndio. Cocito a esperança o
sonho. Res-pondo o nada, o vazio entre-laçados na ausência da primeira pessoa
do uni-verso presente do mais-que-perfeito. O verbo precede o ser.
Mesmo que o verbo preceda a vida, mesmo que a poesia preceda a esperança
do ser, mesmo que o ser venha depois do absoluto, me não seria a mim pura e
nobre contingência, se o coração não pulsasse o silêncio, a luz eidética do
trans-cendente, do que trans-eleva o limite-instante do eterno-divino.
Metáforas do inaudito. Inaudito da metafísica. Semântica do amor à luz
do sublime desejo do amor. Linguística do espírito à mercê do celeste azul que
cintila horizontes do in-finitivo in-finito do não-verbo.
Manoel Ferreira Neto.
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