**SILVESTRE CAMPO DAS HORTÊNCIAS DA PEREN-ITUDE** - Manoel Ferreira
Metáforas, sentidos e luzes.
Sin-tonias, harmonias, sin-cronias.
Sin-estesias, semânticas, linguísticas.
Aquém do eterno, o crepúsculo pálido incide, nos liames do nada e vazio,
as nostalgias da vacuidade, as melancolias abissais da mortalidade. Nos confins
do absoluto, a melancolia dos verbos reflete, no tempo-para o ser, réquiem para
o efêmero, por onde as perspectivas do silêncio prefiram incólumes e
insofismáveis a dialética da verdade e do absurdo, por onde os ângulos da
solidão desejam a contradição do absoluto e do efêmero... palavras recitam a
melodia das esperanças, semióticas declamam os acordes líricos das volúpias e
volos, metalinguísticas cantam solenes a música das utopias res-plandecentes
das regências inomináveis dos ex-tases e clímax.
Nas arribas das travessias, acordes e ritmos da jornada, longa jornada,
bailam o cântico sublime da morte comungando a vida nos seus interstícios
vazios do verbo-ser das contingências, do sonho-verbo das fin-itudes, espírito
e alma assediam a plen-itude, desejando a ec-sistência de pura con-templaçao da
poiética da gnose, o destino se esvaece no apocalipse da madrugada, as corujas
em uníssono cantam o esplendor da sabedoria, delírios do ser e do verbo,
devaneios do não-ser e das pontes partidas. Além do in-audito, mistérios e
enigmas da contingência, no uni-verso in-fin-itivo, - ah, a palavra me foge, há
tempos incontáveis busco-a e não a encontro, suspendo-me no silêncio da
solidão; suspenso. permaneço entre a ilusão e a sorrelfa, dou a volta por cima,
pervago nas linhas do cogito, divago nas entre-linhas do subjetivo - performam
os gestos da era neoclássica do pastor conduzindo suas ovelhas no campo de
lírios brancos, do momento contemporâneo do vaqueiro levando a boiada pelas
estradas de Ouro Fino, ao longe alguém dedilha as cordas da harpa, saudando os
deuses da volúpia e êxtase, o boêmio leva o violão no ombro, re-cordando-se das
canções à soleira da varanda para a amada que dormia o sono das satisfeitas e
realizadas, noutro lugar as ninfas da apoteose do sublime bebem vinho num
banquete e con-templam os liames da volúpia e da sedução.
Luzes, sentidos e metáforas.
Sombras, semânticas e sin-estesias.
Brumas, harmonias e linguísticas.
Silêncio na solidão do verbo nítido nulo das alegrias breves, no peito
as numinosas re-cord-ações do verso linguístico que emanava raios que,
brilhando apoteoticamente, simbolizavam a fonte dos prazeres e idílios à mercê
das águas notívagas, passando de por baixo da ponte, na solidão do silêncio do
rio de sarapalhas e margens sem infinitivo, gerúndio, particípio, o tempo
verbal puro e divino, subjuntivo temático trans-lúdico de desejos da
re-vers-itude da poesia da vida, da vida das poiésis do pleno e do
in-fin-itivo, comungando à morte de morrer a contingência com o estar sendo das
glórias e júbilos da caminhada para as oliveiras do silvestre campo das
hortências da peren-itude, às quiças das lâminas de fogo nas achas da fogueira
à beira da lagoa de cócitos edênicos sem genesis, sem apoteosis, sem
apocalipses, in-vers-itude da prosa sem logus do ec-sistir as á-gonias do tempo
e dos ventos.
Luzes, silêncio e poiésis
Numinosas re-cord-ações do verso linguístico.
Sentidos, inter-ditos e in-auditos
Silêncio do rio de sarapalhas e margens sem in-fin-itivo, gerúndio
Particípio do tempo trans-lúcido de re-vers-itude da poesia da vida.
Não, não penso mais no que estou sentindo, não sinto mais o que penso,
sou as palavras, sou os vocábulos, não sou sinonímia de sincronias e sintonias
da verdade. Sou antes as in-verdades todas no tabernáculo dos infinitivos
verbos do efêmero antes de quaisquer in-verdades, antes do depois do há-de ser,
quiçá o mundo antes de sua criação, quiçá a terra depois do apocalipse, quiçá a
vida antes de sua revelação, quiçá a morte depois do além. No mundo, a vida
diante das contingências, no além a morte diante das trans-cendências. E as
palavras jamais serão o útero a conceber as esperanças e sonhos de minha vida,
serão a vida do útero que deseja o encontro da carne e do inaudito, o mistério,
aquilo que nunca será des-vendado, des-velado, mas luz do há-de vir, raios
trans-lúdicos do efêmero, do nada, do vazio a ser o sublime do eterno.
Semióticas, luzes, metassemânticas
Tabernáculo dos in-fin-itivos verbos do efêmero antes de quaisquer
in-verdades, no além a morte diante das trans-cendências
Metalinguísticas, ritmos, metáforas
Lâminas de fogo nas achas da fogueira à beira da lagoa
de cócitos edênicos, sem genesis, apoteosis, sem apocalipses
Manoel Ferreira Neto.
(07 de junho de 2016)
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