**ABISSAIS BÁLSAMOS DO SER** - Manoel Ferreira
Con-vexas pinturas ornamentam as nuvens azuis celestiais - digam,
estou-me nas tintas, que "nuvens celestiais" é pleonasmo vicioso,
pois só no céu existem nuvens azuis; dizem que lá em cima tudo é ilusão de
ótica, não existem nuvens, um vazio sem limites -, quem dera houvesse alguma
possibilidade de re-presentá-las em si mesmas nas letras.
Góticas imagens anunciam-se-me nos interstícios da alma,
sin-estesiando-me de ternura, afeto, afeição, e digo com toda a pompa,
envaidecido: "Amar é in-fin-itivar os verbos dos sentimentos que perpassam
os abissais bálsamos do ser..." Ainda pensando e sentindo que não abordo o
amor que em mim mora, habita-me a "casa do ser", digo: "Amar é
sin-estesiar os sonhos do por vir, ad-vir-, vir-a-ser, de modo que o
"eu" e o "outro" se pres-ent-ifiquem, o nós se humanize,
sonhe a etern-idade".
Nada mais egoísta que ser eterno sozinho, nada mais solipsista que a
etern-idade sem amar, chato passear pelo in-finito, universo, horizonte sem uma
companheira, "companheiros até na etern-idade". Sou eterno no mundo,
sozinho não sou, o amor que aqui descrevo é a minha verdade. Vivo-o plenamente
com a companheira, mas ainda não é completo, quero com ela a eternidade -
tranquilos e serenos, longe das con-tingências da vida, vamos viver de piqueniques
pelos elísios campos da eternidos, passeios de mãos dadas elo silvestre
in-fin-itivo do além. Assim penso e sinto: o amor que alcança, atinge a
eternidade as portas e janelas do além se abrem insofisticamente - também é
óbvio: um casal de amados ficar só pela eternidade acaba em tédio, o além a
diversão que sin-estesia inda mais o amor.
Trocar de oxigênio. amar não é o único supremo sentimento do homem. Há
outro: o verbo do ser. Amar e verbo do ser são os supremos sentimentos. Mas só
se conhece o verbo do ser, vive-o em absoluto, se se amar com o amor do sonho
da eternidade.
Con-vexas pinturas, góticas imagens. O mundo é pequeno demais para
mergulhar profundo nelas, mas sinto-as no mais abissal de mim, são as minhas
"meninas veneno". Veneno que não mata, concebe mais vida.
Manoel Ferreira Neto.
(11 de junho de 2016)
Comentários
Postar um comentário