ABAIXO O PRECONCEITO!!! - Manoel Ferreira
O que é o preconceito! Meu Deus...
Quem nasce em São Paulo, Capital, é "paulistano", quem nasce
no Estado de São Paulo é "paulista". Quem nasce no Rio de Janeiro,
Capital, é "carioca", quem nasce no Estado do Rio de Janeiro é
"fluminense". Jamais vi paulistas, paulistanos, cariocas, fluminenses
ficarem insatisfeitos, com raiva destas designações. Ao contrário, sentem-se
orgulhosos.
Em Minas Gerais, não importa onde se tenha nascido, na capital, no
Estado, somos mineiros. À guisa de uma comparação, criei isto: quem nasce em
Belo Horizonte, Capital de Minas Gerais, é mineiro, quem nasce no Estado de
Minas Gerais é "caipira". O caipira, para nós, mineiros, é a pessoa
simples, humilde, geralmente do campo. Os mineiros são preconceituosos quanto
ao caipira: são pessoas analfabetas, chucras, sem cultura alguma, Zé Ninguém. O
mineiro está muito equivocado quanto a isso: são pessoas sensíveis,
inteligentes, podem não ter estudado, recebido educação acadêmica, de grande
valores morais e éticos. Quanto a mim: sou do Sertão de Minas Gerais, sou
caipira, caipira da gema, sinto-me muitíssimo orgulhoso de ser sertanejo, de
ser caipira. Sou ainda neto de palhaço e trapezista de circo, a minha
descendência é humilde, simples. Isto não me diminui em nada. Ao contrário,
eleva-me e muito.
Agora mesmo estava numa padaria tomando o café da manhã e comentei com a
mocinha do caixa sobre isto: quem estava na fila olhou-me com olhos faiscantes
de insatisfação, raiva, ódio. "Minha gente, olha o preconceito,
hein!", disse a todos com todas as letras em riste, "Há muitos caipiras
que tem valores morais e éticos muito maiores e verdadeiros do que vocês aqui.
E nós, curvelanos, não podemos negar somos "caipiras", nascemos no
Sertão de Minas Gerais". Abaixaram as cabeças e não emitiram um suspiro
sequer.
Ao invés do preconceito de serem "caipira", os curvelanos
deveriam fazer um exame da consciência, exame sério, pois é um povo de uma
hipocrisia sem limites. E quando digo que Curvelo é um povo hipócrita, olham-me
com olhos faiscantes de raiva, ódio, mas estou dizendo a verdade, sem tirar e
nem pôr, não é preconceito, é consciência.
Sou Caipira, Sou Sertanejo. Sou neto de palhaço e trapezista de circo.
Orgulho-me disto.
Manoel Ferreira Neto.
(25 de junho de 2016)
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