CRÍTICA COMENTÁRIO DA ESCRITORA, POETISA E AMIGA ANA JÚLIA MACHADO AO TEXTO /**APARIÇÃO DO SILÊNCIO**/
APARIÇÃO DO SILÊNCIO
Manoel Ferreira Neto.
A ante-manhã é sempre o dédalo do escritor/poeta...a ausência de
tudo...mas é onde ele transporta todos seus sentimentos e êxtases vividos ao
seu intelecto e onde recupera um brilhar celestial, preserva a meiguice de uma
querença.
Aragens da escuridão, acariciando peças florais sedosas e balsamizadas
de oleáceas,
O porte de suas pingas salgadas...
O enxergar mais genuíno, um mélico refúgio para a benquerença
irrestrita...
Ocasião de debilidade em suas ramificações,
A cintilação de sua pulcritude...
A débil natureza da pudicícia,
Uma escuridão com claridade da lua cheia embebia o planeta com
refulgência...
O adorno mais débil, Incauto odor da distinção do espírito,
Asila nas claridades de padecimento...Nos grandes escritos do bardo, que
deslumbra com seus poemas...esse é o silêncio do poeta e seu refúgio....do vir
a ser obra do local onde se desabrocha e fenece, do básico feito extensão, do
nentes concebido cruzada para o infinito..
O raiar é aguardar que seja um enigma….
Ana Júlia Machado
Do silêncio ao vir a ser obra. Do silêncio à obra literária, à prosa ou
à poesia, à prosa-poética, à poética-prosa. Vários textos meus tiveram seus
méritos reconhecidos pelos leitores e amigos, foram eles escritos na madrugada.
Este texto APARIÇÃO DO SILÊNCIO acordei com ele na cabeça, pulei da cama,
escrevi-o num só fôlego. E neste texto está toda a trajetória da criação de uma
obra "do silêncio ao vir a ser obra", é quase uma aula de como se
escreve. É uma descrição fenomenológica da criação literária, poética, como
esta criação se dá em mim.
E você, Aninha Júlia, soube com excelência revelar isto no seu
comentário.
Manoel Ferreira Neto.
**APARIÇÃO DO SILÊNCIO**
A madrugada é um abismo, vácuo de risos e dores.
Trago a fumaça à revelia do que me trans-cende dos sentimentos de tempo
e verbo de ser, expilo-a ao deus-dará de todas as con-tingências, recupero o
lince de meus olhares à distância que vêem miríades de imagens a ensaiarem as
perspectivas da plen-itude branca da vida, os ângulos onde as cores da paisagem
do infinito se sintetizam, iluminando-a de desejos e vontades do verdadeiro
verso do espírito do eterno.
Efemérides seduzidas, efemer-itudes des-compassadas. Sorrelfas compactas
de idílios, quimeras reduzidas de utopias. Fantasias simplificadas de sonhos,
sonhos envelados de neblina. Sintonias, sincronias, harmonias, à luz as trevas,
às trevas a luz.
Alguém, à janela de suas verdades insofismáveis, sabe a minha linguagem
final, a que aflora num susto a aparição do silêncio, a que flana suave e
serena por sobre as águas do oceano, a que sagra e a-nuncia os fachos de
enigma.
Estou aqui onde me crio, re-crio, onde me invento, faço-me. De tinta são
os meus traços, caracteres. A folha é de papel, linhas, margens, as letras são
cursivas, in-cursivas, des-cursivas. Esboço um sentimento que retiro de mim
dentro, garatujo uma emoção que me perpassa o íntimo, delineio uma idéia que se
me a-nuncia, burilo um pensamento que se me re-vela: ainda não são os
originais, não é a verdade minha. Re-crio-lhes as bordas e ad-jacências,
recomponho-lhes a imagem, re-faço a face, re-estruturo o perfil. Evoco o
abstrato, invoco o transcendente, faço das perspectivas a minha raiz, faço dos
ângulos o meu ser, das linhas a alma, das entre-linhas o espírito. Farto de
mim, distancio-me, fico à espreita, constato: na vida ou na arte, em carne,
osso, caneta ou lápis onde estou-sendo não é quem sou, onde sou não é quem
estou sendo, onde estou não é sempre, não é eterno, não é absoluto, não é
efêmero, não é nítido, não é nulo, onde sou não é para sempre, o que sou é por
um lince do olhar.
Águas re-fletindo imagens sob raios numinosos do sol, lírios brancos à
mercê de vento suave, belga pousado no arame farpado da cerca, trinando seu
canto, nuvens brancas deslizando no azul celeste, pétala perdida de rosa
vermelha sendo levada a esmo pelo rio sem pressa de sua jornada. Sentimentos
leves perpassando o íntimo, carinho, ternura, afeição, ouço o pulsar do
coração, extasiado de emoção, no que em mim trago dentro, as volúpias da alma
transcendem as elegias do instante de sonho, em mim sentindo íntimo, a alegria
conjuga versos, a felicidade recita de rimas as fantasias do amor
correspondido, do amor sentido profundo, do amor saboreado, do amor
entre-laçado de corpos à busca do clímax absoluto e pleno. No que em mim deseja
de Verdades as regências verbais tecem de erudição a estética do estilo sensível,
espiritual, as metáforas conjugam de imagens a linguística do eterno, as
regências nominais desenham no horizonte as perspectivas da linguagem do Ser e
Tempo; e nos interstícios da alma de verbos alucinados, desvairados, esperanças
delineiam de perspectivas, cânticos solenes em uni-versos líricos, plen-itude
de êxtases compõem de estesias alhures de sentimentos à busca de subjetivas
verdades, algures de desejos de felicidade à busca do espírito de con-templar o
absoluto sentido efêmero, sentido volátil, sentido nítido nulo, sentido estrela
cadente, sentido vazio. sonhos do belo, beleza de re-fazendas conjugam imagens
e intuições, perspectivas e inspirações, criatividade e percepções, re-criando
da memória o movimento, literalizando da recordação os instantes, no poema do
espírito a presença viva do eterno feito amor, do efemêro feito desejo, do
há-de ser feito querência, do simples feito grandeza, do nada feito travessia
para o além...
O amanhecer é surpresa.
Manoel Ferreira Neto.
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