#PROFUNDEZAS AOS CORISCOS DO SOL# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA
Deve ir atrás do sol, inclusive na sombra. Qual é o
melhor caminho para subir a montanha, só mesmo subindo os caminhos se
patenteiam. Não sei quem sou, giro e rolo em volta de mim mesmo, sem parar, não
gosto, nem aprecio o próximo tão perto de mim, preciso vencer, correr atrás do
sol, é o que vale, o que tem consistência e percuciência, longe demais já está
o amigo mais próximo. A estrela Sirius acena: o que falta? Das indagações,
não-respostas, viés de respostas, medos, faltas, do suor do rosto, bebericar o
vinho na taça, a dose como manda a etiqueta dos bons figurinos, saboreando-lhe,
degustando-lhe. Vim muito cedo, vim muito tarde. Excesso de luz persegue a
escuridão, as árvores são valiosas por causa das sombras. O pé também quer
escrever, firme, determinado, arguto, corajoso, passa ora pelos campos, pelas
orlas do mar, pelos bosques, ora pelas linhas do papel, passos mui comedidos,
não querem expor as poeiras ao léu dos ventos.
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Deve ser a música o húmus, a semente,
o grão
que fecunda o som dos sentimentos
e das emoções, o ritmo das utopias e felicidades,
a melodia dos desejos e vontades da liberdade de
ser,
de ser a liberdade de querenças e desejanças outras
que continuam a fecundar
o peito de amores e resplendores,
palavras de poeta? Não,
palavras de quem isto sente.
E quem re-presenta na imagem, na pintura
os sons da música
do espírito e da espiritualidade
deve ser não a musa que inspira
mas a inspiração
que é musa,
a "Majestade das Imagens Poéticas,
Pintura das Palavras"
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Devem ser ainda a luminosidade, a luminância, a
numinância a abrilhantar as lágrimas, a refulgir suas pingas, largar-lhes ao
aspecto dos simulacros clandestinos, suas ópticas visionárias pelas
casualidades do brilhante e do prestidigitador, seus cantos trans-lúcidos,
trans-numinosos de colorações e riscos di-versos de sentir e misticismo, de
vislumbrar e miticismo, atirar-lhes a cilada, acarretando-lhes suas profundezas
aos coriscos do sol, a claridade da lua e das estrelas, sob a claridade das
locuções, é quimera, é fantasmagoria secular e milenar, sê-lo-á por
eternamente, os seus riscos pintados de vivenciados dédalos - preparativos
de hemolinfa nas veias do susceptível e do perene
anseio das boninas do éden divino acarretam, de modo elementar e instintivo, às
estremaduras e ao "sesso" do Empírico divo dos criadores?!
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Devem ser ainda as labaredas a abrasarem as
sensualidades, des-ampará-las independentes para a sublimidade do que se me
comunicou bem consciência? Deve ainda ser a lapeira a altear-me as
sensibilidades, experimentar seus resplendores dentro em mim, insinuando-me a
enredar literaturas distintas, poemas sui generis, experimentando diversos
cosmos de percepções, diferentes impressões existentes se declarando,
abrilhantando algumas tenebrosidades que posso sofrer, assombramentos que posso
entrever, engolfar-me neles, assim percebendo um pouco do que ocultam, do que
en-velam, em dialecto e espécie alegóricos e racionais, morais?
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Devem ser os acordes, ritmos,
melodia, harmonia
olhados pelos linces da imagem,
as metáforas dos sonhos,
utopias,
as linguísticas e semânticas
do Verso-Uno,
NÓS,
devem ser visões do uni-verso
músicas que tocam
o verbo do Ser
nas cordas de violão.
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Conjecturo-me assim, são esses os interpelamentos
que me faço, sugerindo-me a dizer o que me irrompe, o que intervém nas bordas
deles, como sou apto, é-me lícito compô-lo, sentindo vós, oh Musa, de passos e
traços, em mim.
Tudo continua em tranquilidade, como um duplicado
mutismo; tudo continua em plácidas águas perfilhando o roteiro, todos os seres
de sua profundeza em imperecível frenesi, fruindo formosuras e quietações,
florando estesias e seren-idade, repimpando-se de quietudes e deleites, outra
perspectiva de estesia, de bonitezas e o harmonioso arrebatando os mergulhões,
sucedendo de por baixo de ligações, tudo detém-se em luminosidades fosforíferas
à diafanidade dos anseios e esperanças, palavras, cores, luzes, contra-luzes,
da crença e, de cada, as fantasmagorias do estético e da pulcritude, da estesia
das querenças à claridade das entalações e dádivas verídicas e autênticas.
#riodejaneiro, 29 de novembro de 2019#
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