CRÍTICA LITERÁRIA ESCRITORA E POETISA Sonia Gonçalves ANALISA E INTERPRETA O POEMA /**ABAIXO AS TESSITURAS DE LINHO**/
Bom dia Manu... Sensacional do começo até o
final... Uma melodia tecida com notas de candura em finesse escritura por
conhecer, tecidos em palavras com linho, uma tecitura em fio de
urdidura...(palavras tantas que já usei em tantas poesias, pois amo a força da
palavra tecida, expressiva e não coloquial). Palavra engendrada, fabricada e
moída, extraída da mente ou dos dicionários da língua da gente, amo ler,
trabalhar, escrever, tecer essa tessitura como fosse um madrigal, um poema nu e
cru que se encontra arranjado em tantas notas, ligados feitos fitos elétricos.
O teu escrito é bonito porque une tudo isso feito um lindo tapete tricotado de
sonhos, de devaneios tantos... E o que é um texto se não o contextualizar dos
detalhes, dos acontecimentos que permeiam a mente sagaz do escritor? O que
seria a tessitura de um poema, senão dar acabamento aos diversos fragmentos que
fazem sua tecitura que guardamos num cantinho da mente desde o dia em que
nascemos? Nada mais acrescer ao texto, a sua literatura é espetacular. No
entanto, devo aqui acrescentar o riquíssimo texto da Ana Julia Ana Júlia
Machado, acoplado, encorpado com um aroma do mais fino vinho, com a leveza do
mais caro linho... inspirado também nessa tecitura em gramatura d'ouro,
gramagem de miríades de detalhes os mais simpáticos e relevantes termos
comparativos só vem somar, dar mais estrutura ao escrito, sustentar os pilares
dessa navegação infinita na Cia. das Letras. Sobretudo reafirmar que a palavra
é publica por tanto de quem a pública, de quem a lê, sobretudo dos que as
descomplica, de mim, de você, que as trazemos ao conhecimento de tantos...
Apenas as pessoas precisam saber a diferença de "Inspiração" e de
"Plágio". Bem isso tudo do jeito que já falamos... Obrigada a você e
a Ana Juia por mais uma vez abrilhantar nosso Son Dos Poemas com essa linguagem
sadia em prosa escrita, em poema em poesia em tantos versos. Bjosss
mil.Parabéns sempre a grande artista Graça Fontis👏👏👏😘😘😘
Sonia Gonçalves
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ABAIXO AS TESSITURAS DE LINHO**
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: POEMA
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Abaixo as Tessituras de Linho
Alinhando o in-finito perdido nas teias
No tempo que não temporaliza a liberdade
Da Maria-Fumaça que segue os trilhos
De lado e outro, abismos,
Que se contorce e pende nas curvas.
Abaixo as Tessituras de Linho
Que contextualizam os vazios do Ser,
Do Não-ser, da Náusea,
Trazendo de longe a morte do sonho,
As cinzas do eterno, do imortal, do perene
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Mestria das conexões, sinais, verbos,
Execuções descobre-se na naturalidade,
Impulsividade da fictícia incorrecção do ser…
Procure o sentido da incorrecção do ser
À claridade da mestria que a escora e protege…
Conhecerei que a todo o instante habito,
Sofro, avisto,
Considero o instante que careço… que é divino,
exemplar, Elementar…
Que me desloca, dispõe,
Impulsiona na rédea da autenticação
De quem sou e o que concebo aqui…
Que se conheça a assentar, resfolegar
visceralmente…
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Que se instrua a acalmar
E hospedar este regularizado intelecto…
Que se instrua a acreditar…
Que se instrua a estacar…
Que se aprenda a observar…
Que se instrua a enlaçar…
Que se instrua a aguardar…
Que se instrua a narrar…
Que se instrua a venerar…
Que se instrua a alvorecer....
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Que se aprenda a admirar a pulcritude do trilho…
Com toda a mágoa, angústia,
Tristeza, temor e anelo de se avistar livre,
ditoso…
São essas as energias que me impelem…
Tenho erudição para aceitar
A luminosidade deveras, se conheço a escuridade…
Tenho vernáculo para con-sentir
Os deslizes, equívocos, enganos
Da visão e das idéias que delas nasceram,
Os brilhos resplandecentes das trevas,
Escuridade só é verídica na inexistência da
claridade…
De nada antecipa pretender alumiar a escuridão
Com luzinhas de materialismo ideado
Com chamazinhas de achas respingadas de orvalho…
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Sou episódios para a perspectiva, para o infindável
desperdiçar-se.
Hoje, sou a anamnese olvidada, sou a idade que já
partiu
Sou como os tracejados no pojo que as lágrimas já
safaram
Sou como as iras que a imensidão já transportou.
Sou esse vazio que te atesta, sou a quimera da tua
imaginação
E teu mutismo. Sou tua reflexão em fútil.
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Abaixo as Tessituras de Linho!...
Quem vai contextualizar os fios
Que com-puseram o linho ?
Quem vai verbalizar a entrada,
Saída da agulha,
Na confecção da colcha,
Quem vai alinhavar as bordas?
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Não quero rir de felicidade:
Quero a felicidade rindo de tanto
Sentir o prazer de ser feliz,
Emocionar com a alegria da felicidade,
Sensibilizar com a verdade quotidiana da busca
Com o sonho nas mãos.
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Não quero debulhar as contas do terço,
Rogando a redenção e ressurreição:
Quero todos os pecados lucilando nos recônditos da
alma.
Não quero alvorecer com os pássaros trinando no ipê
amarelo:
Quero uma tempestade daquelas anunciando o novo
dia.
Tenho muita coisa a fazer
Para ficar alinhavando as tessituras das angústias
da felicidade,
Das tristezas melancólicas, nostálgicas, saudosas
Do amor que se foi esquecendo a si próprio nas
marolas das ondas marítimas,
Não quero o despetalar de "bem me quer/mal me
quer":
Quero a rosa no jardim, respingada de orvalho.
Não quero a poesia poetizando a poiésis do poema:
Quero simplesmente palavras sem semânticas e
linguísticas.
Não quero cartas dizendo o meu destino:
Quero o destino jogando as cartas aos naipes do
eterno
Ou seria:
Aos naipes do eterno, jogando as cartas do destino
que quero?
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De nada apressa imaginar eu sou ditoso, eu sou
querença, eu sou pacificação, eu sou independente, surripiando a plangência penetrante
que me ocupa, ou a mágoa que somente é o resultado instintivo do bem-querer que
eu sou…
Como poderei identificar uma realidade pretendendo
a todo o instante azular, surripiar, anular a distinta? Não tem sentido
racional…
Preciso identificar a natureza elementar onde me
abranjo e que se acha além de físico, intelecto, sensações, sensibilidades…
Poderei transitar os dias da minha existência
focalizado em “aperfeiçoar” a minha notabilidade, paridade, corpo, sensações,
sensibilidades, ligações, enclausurado à alucinação de que isso será a entrada
de investida para a minha independência, sentido de quem sou… mas estaremos
unicamente representando vagamente...
Careço ir mais além… compreender que eu não sou a
minha índole, paridade, físico, comoções, sensibilidades, ligações… que isso
somente é uma minúscula constituição daquilo que sou…
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Obtusas pectivas de hereges ex-tases
Do espírito que ornamenta e arrebica
As cogitans res do pórtico cócito das sorrelfas do
pleno
Com a incólume e insofismável vacuidade
Dos eternos pretéritos
Subjuntivando os gerúndios de declinações
Do in-fin-itivo no jogo lúdico das defecções
florando as incongruências efeméricas do nada
Em cujos in-fin-itivos interstícios residem
A ab-solut-idade obtusa
De sentimentos e emoções da náusea vazia
De cânticos cancioneiros da magia misteriosa
Do perpétuo evangelizado e biblicizado
De nonsenses e vulgos do in-finito.
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Lá no alto da colina passam ventos,
Caem orvalhos,
Sarapalham neblinas,
O catavento dos im-pretéritos gira
Às in-versas da verdade,
Em cujas bordas os solstícios do crepúsculo
Pre-figuram e con-figuram
De efígies o sacrário das ilusões
Da redenção e ressurreição.
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Assim conseguirei admirar cada uma dessas matérias,
especuláveis em mim e acarretá-las, orientá-las, sustê-las, enlaçá-las,
querê-las, independente da iludida valia que lhes faculto comparativamente à
dita que sou, aqui e hoje.
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A execução será enriquecida de porte, naturalidade,
autenticidade, encargo…
Cada impedimento, estorvo no trilho, um rebo
precioso que se cinzela…
O nada que nos transporta a angústia. Pois, o nada
é a completa contestação da totalidade do ente. As tessituras de linho são a
in-completa, in-congruente, in-consistência do abismo à luz do celeste sem
estrelas, sem lua. O nada se patenteia na angústia, mas não enquanto ente. O
nada nos fiscaliza simultaneamente com a evasão do ente em sua plenitude. Na
angústia se patenteia um recuar, esse recuar arrecada seu ímpeto inicial do
nada. A nadificação não é nem uma aniquilação do ente, nem se ocasiona de uma
desmentida. O inerente nada nadifica. É a prática do nada, não mental, mas
emotiva, que concebe o sentimento de angústia - anuência da inerente finitude.
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A anuência da inerente finitude é relevante para
todos nós.
A vida se fosse perfeita era uma apatia total….e a
imperfeição é pura ilusão…ela não existe.
Apenas existe para quem não sabe o que é a vida.
Abaixo as Tessituras de Linho.
#riodejaneiro, 20 de novembro de 2019#
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