CRÍTICA LITERÁRIA ESCRITORA E POETISA Ana Júlia Machado ENSAIA O POEMA PROSAICO #SENTIMENTOS PRESENTES NAS REGÊNCIAS#
Estará neste texto, penso eu, do escritor Manoel
Ferreira Neto SENTIMENTOS PRESENTES NAS REGÊNCIAS - o finito, sublevação,
empenho, término, essência.
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Praz-me verbalizar que poderei apoiar-me em Albert
Camus que atreveu-se considerar os términos da razão e da atuação humana no
conto Em um instante de primazia das expectativas de um racionalismo
totalizante. Em complexos planos da representação, Camus edificou uma
desmontagem de qualquer doutrina filosófica (tal como o aristotelismo, o
hegelianismo etc.) inclinada para a indagação das multíplices intuitos e, entre
as quais, a finalidade suprema que explicam a organização e as alterações do
universo e dos seres que o integram; teleologia, teologismo histórico e das
concepções estéticas da existência.
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Sua filosofia é um paradigma interpolado para a
racionalidade e para a aliciação ético-política, procurando um ténue
comedimento entre às exigências da história, o compromisso com a vida singular
e o restabelecimento dos laços essenciais entre os homens e o mundo.
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Pascal e Camus: Proferem que a proveniência do mal,
o significado da mágoa e do padecimento, o sentido do fenecimento e a atitude
humana defronte da negatividade interpretada pela história - são alguns dos
como aves palmípedes. Dos desígnios românticos é uma característica igualmente
dividida entre eles, probidade que compromete, no limite, a rejeição do conto
visando a precisão do acordo de que são detentores. Igualmente é comum a
actividade de destruir com os términos do método, diligenciar na metáfora e na
representação a apreensão dos autos corpóreos da vida, a conservação do laço
semi-lúcido Semo obscuro no zelo da complexidão humanas. Ambos impõem
igualmente uma expansão dos limites morais e eloquentes da filosofia. Como
entender que o arrebatamento a uma transcendência da espécie humana imponha um
rigoroso choque da actualidade como nas atitudes de Pascal e Camus? Embora
afastados três séculos no tempo e de suas perspectivas transcendências
inteiramente diferentes – é, afinal exequível constituir uma conversação entre
estes dois autores que acondicionam proximidades ou, no ínfimo, questionamentos
filosóficos em comum. Encontra-se em Pascal uma enumeração da espécie humana
tingida pela prática negativa da deidade: em todas as alçadas da antropognosia
são - por detrás da instituição do hábito, e da ideia - a eventualidade e o
oco, passos do afastamento integral de Divo. As representações da expatriação
encontram-se por toda parte- seja em correspondência ao infindo, seja na
metáfora da “ilha ignorada” que personifica a iniquidade que o autor imputa à
política. Na obra de Pascal se expressa um desalento com a situação humana
diante da essência e defronte dos outros homens que podemos qualificar de
derrotista. O resultado do deparo destas duas vertentes da “desconfiança” em
relação ao homem é a apreciação ampla do entendimento da autenticidade da ordem
constituída. Esta rejeição da habilitação da erudição e, especialmente, do
poder, foi insuficientemente entendido pela historiografia filosófica.
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Alguns foram transportados a classificar a atitude
de Pascal como meditativa dado seu decisivo derrotismo em relação à faculdade
da edificação de um poder político lícito e de uma sociedade justa. O portador
desta delação é sabido: do iluminismo aos pensadores contemporâneos, a corrente
principal da filosofia – cursando as instâncias e fés de seu tempo - enxergam a
história como ímpar condição de ligação entre o homem e o cosmo. Por ser
crítico em relação à história, descrente das instituições políticas, o
entendimento de Pascal seria, forçosamente, indiferente. Entretanto, a tristeza
é igualmente uma representação político-filosófica. A sua extensão histórica, o
cogitam tese central existe na coerência ilógica: à perspicácia descoberta
execução humana – exaltar as “núpcias” do homem com o Se reformarmos a
sequência de peleja empurradas por Pascal, da destruição dos fundamentos do
saber à censura aos alicerces do poder constituído, nos caberia notar uma
dimensão aliciada intransferível em muitas das ramificações. O filósofo
replicará com a existência; à concretização do mal no conto, responderá
negando-se a matar.
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Descobriremos as estirpes da repulsa de submeter-se
ao pânico exigido pela razão, no descontentamento com a história, que montaria
a uma análise da natureza que avista no vínculo penetrante entre o homem e
mundo, uma esperança de experiência radicalmente não-histórica. Em Camus o
reencontro com a natureza – com mundo - seria mais importante que as atrozes
epopeias civilizadoras da política. Seu niilismo político uma postura opulento
existe um acordo intransmissível de Camus a debilidade humana transporta em
Camus a um severo afronta assim, cremos que a indagação desses dois pensadores
“insatisfeitas As recordações que Camus guardou sobretudo do Brasil, não foram
muito benéficas. Em suas exposições feitas em seu Jornal de uma brisa de
ansiedade… De todo modo, seu prognóstico funesto é uma afinidade vantajosa à
edacidade em regência na atual sociedade. Hoje, unicamente o aprofundamento do
pensamento dos términos, simplesmente, destes insignificantes peixes
brasileiros que agridem aos milhares o undívago imponderado, limpando-o, em
alguns instantes, com diminutas dentadas céleres, cedendo só um esqueleto
nubloso - ou seja, de nossa inscrição coletiva na existência, da debilidade
comum da condição humana, pode nos defender da endentação da morte acionada
pelas iniquidades sociais. Este raciocínio solar de Camus é vigoroso para o
homem e para a natureza que estão, neste instante atual, entre nós, obscurecidos
pela escuridão da insensibilidade.
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É neste sentido que a concepção rigorosa da
responsabilidade do pensador de Camus aponta sua transparência, energia e
dignidade: é preciso estar inteirado de que “cada palavra alicia e que ninharia
é improfícua.
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E revejo muito o escritor Manoel Ferreira Neto
nestas duas perspectivas, que embora diferentes, cruzam-se…se calhar divaguei
sem o ter que fazer…não seria com certeza o que o escritor pretendia…mas a
escrita e essencialmente a de Manoel Ferreira Neto, transporta-me sempre para
várias análises e compará-lo a certos filósofos…e claro que fica sempre a
dúvida de qual caminho enveredar…e sinceramente que essencialmente aqui
ficou…termino com uma ideia do escritor Manoel que leva-me a tal análise…
Abandonei mão reflexões que enrolam inépcias de diferençar o bem do mal, e com
isto sentir-me à vontade. Constroem em designação de convincentes supérfluas.
Não contestam às esperanças da confiança vibrante da
consciência-estética-ética, orientando o devaneio do mutismo, atear a chama do
isolamento, tudo o que tem para possibilitá-lo às fantasmagorias. Exatamente o
que Camus previa da sociedade de hoje e que é a pura realidade…uma sociedade
hipócrita e mascarada…
Ana Júlia Machado
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Hodiernamente, inestimável amiga e companheira das
letras, há uma enorme oportunidade de a Psicanálise e a Filosofia se aderirem
no sentido de procurarem entender e compreender a Hipocrisia e a Máscara. Fora
esta a minha intenção: pensara em Albert Camus, o Absurdo Existencial, e com
efeito a hipocrisia e a máscara são os absurdos de nossos tempos.
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A partir de 2020, vou iniciar um estudo a este
respeito, para escrever um ensaio. Levar-me-á tempo considerável, mas a
hipocrisia é o que mais me incomoda, muito pior que o niilismo.
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Genialíssimo e de excelência, Aninha Júlia, o seu
ensaio. Parabéns! Beijos a você e à nossa amada netinha Aninha Ricardo.
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SENTIMENTOS PRESENTES NAS REGÊNCIAS
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: POEMA PROSAICO
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Traguei verbos
Defectivos, regulares, irregulares,
De ligação, anômalos,
Esvoaçaram pelo recinto,
Expelida a fumaça a deus-dará,
Se nela residia o que re-colheu, retirou de mim,
Enriquecendo sentimentos íntimos,
Conjugando ética e estética em seus tempos,
Fosse-me dada a dádiva
De expressar-lhe, dizer-lhe,
A paixão inunda o espírito continuamente,
Sentimentos presentes nas regências
Patenteiam com argúcia as perspectivas
De visão da ampulheta
Que verdade re-colhe na visão
Dos sentidos multíplices florando nas intenções....
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A Verdade e a Fábula
São a mesma coisa,
Não me é dada a dádiva
De dizer, verbalizar o que os verbos,
Na fumaça, tiraram de mim,
O que recolheram ,
Isto é fábula a estética mostra perspectivas da
verdade,
Isto é fábula, cumpre gerenciá-la precedendo
As características que a traçaram,
Isto é Verdade, mister, sine qua non empreender
Há o risco incólume de se tornar fábula...
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Sou um ser de cerimônia,
Represento a Comédia da Fala,
Das Palavras,
Verbos e Fumaças esvaeceram-se
Ausências, lapsos de memória,
Residem alhures, invisíveis, imperceptíveis,
A cerimônia persuade-me
Nada existe sem razão,
Presto-me aos meus desígnios,
Sem Verbos, sem Fumaça
Com presteza virtuosa,
Diria até suntuosa de sacralidade
Que me impede de
Partilhar de seus fins,
Dilapido os mistérios da Verdade, da Fábula,
Do Mundo e do Entendimento,
Para seduzir-me a inventar, criar, projectar
Esperanças, necessidades,
Exílio orgulhoso,
Inda que tudo sejam representações,
Nada seria existir não fossem as quimeras...
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O que a existência obsequiou,
Tragar verbos, expelir o nada
De quimeras longínquas,
De utopias distantes, íntegras,
Colhi a flor que enfloresce
No seu tempo de vida,
Esquecem-me as ausências, falhas,
Lapsos de memória,
Esquecem-me enigmas, re-presentações,
Florando vocábulos, vernáculos ,
Momento sublime que transforma
Uma besta do acaso em passante providencial.
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Larguei mão de idéias que envelam incapacidades de
discernir o bem do mal, e com isto sentir-me à vontade. Edificam em nome de
justificativas inúteis. Não res-pondem às expectativas da esperança fremente da
consciência-estética-ética, canalizando a quimera do silêncio, acender o fogo
da solidão, tudo o que possui para facultar-me as utopias.
#riodejaneiro, 19 de novembro de 2019#
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