#AS COISAS MUDARAM# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA
Quero pensar a pena que me pensa e,
Pensando a pena que me pensa,
Penso que não penso a penas,
A alma devaneia, desvairada...
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Quero as águas fervescentes e espelhadas de um
riacho
Margeado pelas árvores frondosas da floresta...
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Quero me apaixonar tresloucadamente por uma mulher
Que nem acho atraente,
Retira de algum de seus cofres alguns sentimentos
Para gastar por instantes de alegrias breves,
Nunca mais resgatando, recuperando,
Mulher sem emoções, insensível, plena matéria,
Mulher sem alma, só corpo de carne e ossos.
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Quero ver o céu trans-bordar de acontecências
di-versas,
De querências em ritmos renascidos,
Desejâncias em melodias re-novadas
Em líricas poiéticas nascidas de sentimentos de
utopias,
Utopias da inocência, ingenuidade, pureza,
Em poéticas prosas concebidas de miríades de
emoções líricas,
Emoções líricas da “Garota da Margem do Rio
Vermelho”,
“As Coisas Mudaram”,
Trans-cendendo as meras contingências do efêmero e
fugaz
Às adjacências ad-nominais do etéreo
Que rabisca a essência dos verbos
Trans-elevando as ridículas imanências do absurdo e
solipsismo
Às ad-nominâncias das nonadas que flanam
Ttresloucadas no universo longínquo
Em enredos e musicalidade nascidos, em rimas
inéditas,
Em métricas cafonas, inspiradas no movimento da
Maria-Fumaça,
Derramando seus suores face abaixo, corpo por
inteiro,
Por cima da terra onde sobreviver é apenas um ato
de ternura
Onde viver é uma ousadia sem limites, fronteiras
E esquecimento de vivência, lembrança e recordação
de dores,
Onde viver outra coisa não significa
Senão a triste tristeza do paraíso perdido,
Onde re-viver outros instantes e momentos de alegria
nada quer dizer
E todas as metáforas são inúteis para mostrar a
beleza da arte,
Para manifestar com euforia e êxtases a perfeição
da vida,
A arte da poiésis em sin-tonia com os verbos da
prosa,
Com as estruturas da linguagem e estilo,
As rimas da poesia em sin-cronia com a sonoridade
das idéias
A musicalidade das palavras em harmonia com o
silêncio dos pensamentos
E desejos reais,
Senão que trilhar as estradas do sim e do não,
Da verdade in-versa,
Da in-verdade real na sua vertic-alidade, horizontalidade
Da mentira e da fantasia na horizont-alidade do
querer e do real-izar,
Na frontispicialidade do aspirar e inspirar
As palavras que não foram escritas
Não sei em que língua o soneto foi composto,
Também não sei se o soneto trouxe da morte a vida das
metáforas.
Simbolos, signos, linguística do sublime e
absoluto,
Se ele sabia deste dom, deste talento que lhe
habitava,
Era-lhe o verbo do espírito.
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Quero as estrelas brilhantes mostrando caminhos
Por onde trilhar à busca da alma que assanha além
dos cimos.
Quero o sol que brota das rotas madrugadas,
Madrugadas de baladas folks, silêncios, solidões,
Madrugadas de ouvir o canto dos galos, a-nunciando
o alvorecer,
Madrugadas encostado no parapeito da janela
Olhando espaço iluminado pela luz dos postes,
Duas sombras das árvores ao lado,
Acompanhando-lhes a esperança de um vale desértico
Por onde andar sem rumo,
Derretendo a alma, fazendo dela esperma-cete.
Quero esclarecer os planetas que falham ao decorrer
do medo,
No per-curso da angústia,
No de-curso do desespero,
No in-curso da depressão,
Que os abafam quais olhos de gato angorá cintilando
no céu,
Brilhando nas suas nuvens brancas e azuis,
Apesar de serem ilusão de ótica,
No firmamento negro e sensível da alma humana.
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Quero conciliar na córnea imagens bucólicas,
Não melancólicas e nostálgicas para lembrar Davi
No seu pastoreio de ovelhas, ainda adolescente,
Nem os poetas do neoclassicismo compondo
Seus versos no pálido crepúsculo do inverno...
Das longínquas perspectivas da meia noite a carroça
repleta de saudade
Puxada insanamente por um jegue alado.
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E ainda continuo querendo!...
Por sempre, continuarei querendo!...
A querência continuará sendo por sempre.
#riodejaneiro, 29 de novembro de 2019#
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