*CARÍSSIMOS SENHORES PANGARÉS** - PINTURA: Graça Fontis/SÁTIRA: Manoel Ferreira Neto
Convidado a professar as mesmas idéias ou visar um
mesmo fim, neste encontro de asnos de todos os níveis, personalidades da
ciência pangar-{ética}, do conhecimento filosófico, teológicos, literário dos
pangarés, membros de academias e outras “cositas”, que nada deixam a desejar,
tudo é perfeitamente sublime, divino, todos somos pangarés dignos de
merecimentos, louvores, mas, em verdade, sinto que todos ficariam tristes se me
perdesse em considerações acerca dos merecimentos e louvores, analisando,
perscrutando a condição existencial e íntima de cada, incluindo-me sem nenhum
pejo, sem nenhuma vergonha. Em tomando em relação o afeto, não me cabe em
hipótese alguma analisar, considerar os pontos de vista, e sim demonstrar este
afeto que torna o homem necessário, o afeto que alimento e nutro por cada um de
vós. Riem todos vocês, quando usando de uma linguagem ao mesmo tempo
convencional, tradicional, clássica, e de, imediato, parecendo até inerente à
vontade, deixo-me resvalar num cacófato, este de “por cada um de vós”, a
reunião, então, é de porcos ou de asnos – será que a minha jeguice já
extrapolou os limites de todos os absurdos, de todas as cretinices, mas foi
assim, caríssimos senhores, que pude contemplar em todos estes cinqüenta e dois
anos de vida, olhando, observando as condutas humanas e as instintivas do
pangaré, até que em mim se rasgou o véu da decência e deiscências, tornei-me um
homem-pangarético, os louvores e indecências de toda a caminhada, como posso
vos dizer de outra modo, noutro estilo, não se há possibilidade de negar a
instintividade humana, podendo vos dizer com conhecimento de causa e
conhecimento que, muitas vezes, bem superior às vossas, e aí gosto de mergulhar
bem profundo, lugar propício para as intuições intuitivas habitando as
pré-fundas de nossa alma, lá onde só Deus mesmo para poder dizer com clareza e
transparência.
Perguntar-me-eis em primeira instância, até para
ser diplomata e estratégico, o que devo fazer, se se me meteu na cachola que
não se vive somente para isto ou aquilo e que, se se vive, é num palácio que é
preciso ser instalado? Essa é a minha vontade, isto é meu desejo, instalar este
palácio. Considero e reconheço a destreza e habilidade de vossos instintos,
intuição, então, é divina, e vós podeis assim intuir a divinidade de vós
instintos, o divino que vos habitais bem profundo.
Quem seria capaz de me arrancar esta vontade, podem
tentar anulá-la a partir da perseguição, preconceito, marginalização,
interesses mesquinhos e medíocres, podem obscurecê-la com máscaras e véus?
Enfim, sei, estou consciente e convicto de que a partir destes discursos nesta
egrégia casa, serei esquecido com todas as pompas de chefe de raça, por me
dirigir aos homens e aos pangarés numa armadilha de instintos e sensibilidade,
acompanhados da subjetividade e consciência, de modo tão ofensivo e humilhante,
re-vertendo os sentidos pelo prazer de fazê-lo e também para me mostrar,
mostrar a habilidade que me habita de saber colocar na página branca de papel
palavras com sentidos tão ambíguos e desconexos, à moda jeguética, como cumpre
fazê-lo, desde que escrevi a palavra primeira, não me lembra agora. Nada pode
arrancar-me esta vontade senão quando alguém perspicaz e inteligente tiver a
ousadia de modificar os meus desejos. Pois bem, direi com todas as palavras e
letras legíveis: “modificai-os, apresentai-me, senhores, outro fim, oferecei-me
novas utopias e sonhos, novos ideais”.
Enquanto espero que me apresenteis, ofereceis-me de
coração e espírito, recuso-me a tomar um chiqueiro por um palácio de cristal.
Isto até por bom senso: o chiqueiro é chiqueiro, palácio de cristal é palácio
de cristal, a menos que esteja afastado de minhas faculdades mentais, seja
insano. Quem sabe não seja agora o instante preciso da conversão eterna, a
conversão em jegue, andando de quatro, cabeça baixa, os olhos perdidos no nada,
imbecilizados de todo, condenados a burrice imortal, dança ao som das sendas
perdidas e das senhas esquecidas, abanando o rabo, comendo capim no pasto.
É sim possível que o palácio de cristal não seja
senão um mito, as leis do ponto e natureza não o admitam e que eu o tenha
inventado, criado, para satisfazer os desejos de pilhéria e cinismo deslavado,
impelido por certos hábitos inconscientes e irracionais da nossa geração, não
creio os tenha trazido de outras.
O que importaria, aqui e agora, que o castelo de
cristal seja inadmissível, ininteligível? Que me importa, pois que ele existe
nos meus desejos – construindo ou não construindo, em verdade -, ou, ainda para
ser mais profundo, mergulhar na semente de mamona, pois que o castelo de
cristal existe tanto quanto existem meus desejos?
Se me apresentarem meios e estilos de instalá-lo,
se me oferecerem as oportunidades reais e concretas de fazê-lo, agradecerei a
todos e oferecerei as mãos para o sacrifico, sentir-me-ei feliz e realizado,
instalei o castelo de cristal de meus desejos.
Antes de entrar no mérito, como já dissera
anteriormente fazer-se mister nalgumas situações e circunstâncias analisadas e
interpretadas o preâmbulo, para enfatizar com categoria as considerações
intempestivas, mostrar as idéias e pensamentos que habitam alma e espírito, e,
assim, podendo vós delas se servir para uma eventualidade, algum momento em que
o vazio armou barraca e não quer ir embora de modo algum, voltar a sentir a
plenitude da vida, a sua completude, desde que sejam sinceros com as nossas
jeguices e pangarices.
Penso e imagino que os ouvintes estejam caindo na
gargalhada pela pilhéria sem limites, numa linguagem e estilo clássicos,
eruditos. “Ride até mais não podeis. Ofereço-me a interromper por alguns
segundos até que possa continuar a ler. Ride tanto quanto vos façais felizes”.
Se me desnudo diante de vós, apresento-me a vós com
estes e aqueles desvios de toda ordem e qualidade, ofereço-me numa taça de
cristal para saborear-me num “à nossa”, aceitarei todas as pilhérias, admitirei
todas as zombarias, recusar-me-ei, contudo, a declarar-me saciado das fomes
milenares, sedes seculares, quando ainda tenho fome e sede; não me contentarei
com uma responsabilidade, com um zero cada vez mais inclinando para a esquerda,
renovando-se indefinidamente, pela única e exclusivíssima razão de que está
conforme as leis da diplomacia, estratégia, os bons princípios.
Estivera numa garagem, num princípio de noite
chuvosa, conversando com o proprietário quem tinha alguns galões de pinga.
Disse-lhe com todas as letras: “Bem... Você já conhece bem um lema, pode-se
dizer lema, isto de termos de articular as nossas preocupações e não nos
afastar delas. Deste modo, não admitirei que o coroamento de meu castelo de
cristal de meus desejos possa ser um chiqueiro, com alojamentos a preço módico
no carnaval”.
Caíra na gargalhada, talvez por haver compreendido
e entendido que as bagas aqui não são de infiéis e imbecis.
O que teria a dizer, não me referindo as
gargalhadas do amigo? Destruí meus desejos, derrubai meus ideais, apresentai-me
um fim melhor, a infidelidade e imbecilidade são mais dignos, e eu vos
seguirei.
Ah, sim, nestes momentos de pilhéria, inda mais que
não dirigido a alguns, aqueles e estes, mas genericamente, a carapuça serve a
uns e outros, dir-me-eis que não vale a pena ocupardes-vos de mim, enfim quem
sou e o que represento para ser tão prepotente, arrogante, com o
“rei-na-barriga”. Neste específico sentido, posso garantir-vos que vos respondo
do mesmo modo, até com uma pitada de pimenta.
Afianço-vos que não admiro um poucochinho sequer em
mostrar a língua. Se me dirijo a vós nesta linguagem e estilo, é que outras não
me são dadas saber, quem sabe por a língua haver se desenvolvido bastante; não
é que aprecie mostrar a língua.
Faria cortar a minha língua com todo prazer e
deleite, a medicina está muito evoluída para não estancar o sangue, por
gratidão mesmo, se se arranjassem as coisas de modo que não mais fosse preciso
dizer alguma coisa, causar polêmicas as mais sérias possíveis e impossíveis.
Não me digais que eu mesmo estou a renunciar o meu
castelo de cristal muito cedo, pela única e exclusivíssima razão de não lhe
mostrar a língua. Que me importaria se as coisas não se arranjarem assim, o
castelo de cristal não seja instalado, tendo de alugar um cantinho no chiqueiro,
até com buchas de papel nas narinas para não morrer cedo, isto se for possível
chegar lá.
Digo-vos que durante quarenta e sete anos,
permaneci silencioso no meu canto, cuidando disto e daquilo, tentando
desvencilhar-me de inúmeras dificuldades, mas devido a sair do buraco, falo,
falo, falo...
Se vim para dizer alguma coisa, então que seja para
transformar, melhorar... Caso contrário, não mereço nem o chiqueiro, e o pior
de tudo é que sou eu quem respondo pelo não-merecimento.
Mas, sim, responder-vos-ei.
Creio não ser apenas conveniente, mas algo
sobremodo necessário dispensar o tratamento “vós”, há na escolha deste tipo de
tratamento muito do requinte peculiar ao canto lírico, dedilhando a lira nos
momentos em que analiso a essência dos seres e das coisas em torno de mim; há
neste outro, sem o tratamento vós, o canto lírico, enquanto dedilho a lira nos
momentos em que sinto nos interstícios do espírito as dores mais percucientes,
acompanhadas, é óbvio, de todo o cinismo e sarcasmo. Há diferenças.
Creio, sim, caríssimos senhores pangarés, o cúmulo
do cinismo e sarcasmo, homem nenhum sendo de explicar-lhes com todas as pompas
de sábio e da sabedoria, seja o carroceiro, enquanto vós puxais a carroça ao
som do swing country de Alan Jackson, remexendo os quadris para imitar a dança
do pangaré puxando carroças neste mundo velho sem porteira, ou a porteira é que
está velha para entender o mundo, inveja que só o tornou mais imbecil, pois que
não pode o carroceiro dançar à moda dos pangarés, a menos que deseje com todas
as forças do espírito tal natureza, de rebolar as ancas traseiras e os patas
dianteiras seguindo a trilha dos desejos e vontades, de esperanças de
felicidade, alegria, jeguices sim, mas no seu ponto e natureza, fazendo rir até
chorar e não o contrário como realmente acontece com algumas pessoas precisam
chorar primeiro para depois rirem de terem chorado, tal o nível intelectualóide
que adquirimos ao longo da história da mentira e da farsa
Por que isto de estar quase que ensinando alguém a
ler, se fossem estas as suas primeiras lições na compreensão, entendimento,
interpretação de algo que se encontra sendo lido? Um escritor que ensina a ler?
Por que não? Enfim, sou professor também. Não diria que estou ensinando. Isto
não é verdade. Se alguém adquire um livro na livraria, é para ser lido; não
compraria livros se não soubesse ler. A não ser que o livro esteja sendo
adquirido para um presente a alguém, aí qualquer pessoa adquire um livro.
Senhores, não há estilo e linguagem no mundo que
não a que os instintos e as razões estejam comungados, não se sabendo o que
habita o quê, a confusão e perdição eternas que nos encaminha para outras modas
de viola e de linguagem na oratória de de-monstrar e mostrar a nossa origem
sertaneja, sentir-nos orgulhosos em dizer: “Sou de origens caipiras, countrys,
nordestinas, sertanejas”, sentindo-me os êxtases todos subirem à minha cabeça
para mostrar que as trilhas estão sendo de mostragem a-colhidas e re-colhidas,
e na caminhada que não é outra senão a minha própria, com os dons e talentos
que Deus me dera gratuitamente para que mostragens do meu povo caminhando em
busca da artes, dos sonhos que me habitam o espírito, e isto sendo uma história
de viver o amor, viver de amores pelas origens verdadeiras e sinceras, e o homem
é aquele que recria a sua história em nome da história de um povo, de uma
crença, de uma esperança, utopia, sonho, seja lá que nome for dado, o conceito
que será admitido pelos doutores neste e noutros assuntos bem complexos de
nossa modernidade, e assim é que se torna a cosia mais emocionante do que
sempre fora, deixando as palavras sendo escritas apenas seguindo o ritmo, som,
ideologias do som e da poética de um tempo vistas à luz de notas e ritmos, não
sei mais o que digo... Perdi-me... Confundi-me. Será preciso um tempo para me
restabelecer....
Depois de longos minutos, após dizer tais
disparates, jamais perdoados por mim haver isto concedido e consentindo
acontecer, precisei deles para tentar me refazer, às vezes é dado muita rédea
não sabendo o poder e a instintividade do cavalo, a que rapidez consegue
chegar, o cavaleiro não podendo conter a si e a rédea, tomando um tombo
daqueles, às vezes fatais, neste sentido começa a triste sina dos animais desta
raça, estirpe, laia, não sei bem mais definir ou conceituar tal o degrau de
conhecimento de fui capaz de chegar com as pangarices dos pangarés e dos
humanos... Perdi-me, senhores, peço-vos que me desculpai as orelhas duras e
pontiagudas que mostrei por instintividade, o que me fez igualar às pangarices,
e toda a sua estirpe, conforme os gestos e gostos de cada um. Não senhores,
peço-vos que me esperais por mais alguns minutos, vou-me retirar, preciso estar
sozinho em meu camarim, preciso repensar as condutas e posturas, a linguagem e
o estilo, não me deixar me levar pelos arroubos do autoconhecimento que fui
adquirindo ao longo dos anos todos de minha vida, cinqüenta e dois, só agora
tendo a oportunidade de primeira vez vos dirigir a palavra, lendo textos que
crio somente para discursar neste inusitado senáculo de pangarés, o primeiro do
milênio, estamos no final da primeira década deste século, deste milênio, as
origens de todo um novo tempo, novas esperanças, novas ideologias e interesses,
novos desejos e vontades, acima de todos o autoconhecimento que nos faz
aproximar o mais que podemos de quem somos, e muitas vezes somos mesmo sem
podermos nunca registrar na folha branca de papel o que nos perpassa a alma e
espírito neste instante, são sentimentos e emoções jamais imaginados pelos
homens e por inspiração os pangarés.
Vamos deixar o rabo abaixado mesmo, típico aqueles
dos pangarés preguiçosos e sonolentos, devendo compreender alguns, pois que
senilidade também é reservada à raça, os pangarés velhos só vivem de rabos
abaixados, se estivessem na igreja rezando, orando por misericórdia pelas
pangarices capitais e eternas, pelas pangarelices cotidianas, pelas
pangaredices contínuas, ninguém iria observar a causa de por baixo do banco, já
estavam ali fazia muito, esquecidas de quaisquer observações humanas ou
pangaréticas, tem de saber mesmo brincar com as palavras e os sentidos espúrios
e escusos para assim se expressar, e é isto que muitos dos presentes em outras
nossos encontros fizeram a gentileza de reconhecer e considerar esta dimensão
de minhas idéias e pensamentos, de me dirigir a todos, embora as críticas, os
ácidos críticos, observa-se que apresentam os discursos outras possibilidades
de considerar as coisas, o que mais eu diria ser essencial ao homem de todos as
horas, de todos os tempos, aí não importando mais quais as considerações que se
deve tecer para considerar os valores destes pangarés, alguns humanos que
também estiveram aqui presentes, ouvindo, disseram-me, após minhas
apresentações, que muito admiravam a minha capacidade de deixar as coisas irem
acontecendo, registrando apenas o que os pensamentos e idéias, desculpai-me, no
modo de estilo de se fazerem compreendidos e entendidos, tratando de modo fino,
com certas finesses alguns temas que ajudam bastante a compreender o que mesmo
estou desejando dizer com todas estas pangarelices, diálogo e linguagem que
criei para não vos deixar entediados, relinchando por aí que nada fiz senão
mostrar grandes agilidades e habilidades com as letras, faço-as curvarem diante
de mim, só mesmo à luz de analfa é possível isto imaginar, viver e vivenciar na
realidade das coisas e dos objetos, e nunca compreender a lista de sofrimentos
e dores que nos perpassam todas as dimensões sensíveis, não importando mais em
que nível estão sendo consideradas as coisas, se aos olhares e visões dos
humanos, se aos olhares e instintos dos jegues, pangarés, mulas... Senhores,
não estou mesmo passando bem. Empolguei-me. Peço-vos a compreensão de meu
afastamento por alguns minutos, talvez retorne, talvez não, mas a continuidade
será respeitada com todos os ouvidos atentos, jamais poderia haver outro
discurso tão empolgante e rico nos seus detalhes.
Ah, sim, deixe-me incrementar um poucochinho mais,
enfatizando algo que sobremodo me incomoda em residência de pessoas. Há sempre
na sala de visita uma estante de livros, alguns dificílimos de serem
adquiridos, algo assim de cair o queixo às vezes. Contudo, percebe-se que não
foram lidos. Não há uma única indicação. São ornamentos, não são cultura.
Imagine-se O Capital, Karl Marx em casa de um casal de analfabetos. Parece
exagero, mas isto não inviabiliza encontrar. Encontrei-o. Várias casas de
aluguel, o proprietário, pedreiro. Tinham boas condições financeiras. Trataram
logo de ornamentar a casa com livros de autores filosóficos, psicanalíticos,
literários. Jamais serão lidos.
Confesso-vos que jamais encontrei um mendigo
analfabeto lendo ou fingindo ler Crime e Castigo de Dostoiévski. Ah, sim,
encontrais um modo de instigar-me os instintos, porque o mendigo não é analfa,
o que há de diferente de vós os pangarés, ou seja por que nos falta é o “beto”,
ah sim, pensais que não o sabíeis, desde todo o sempre venho indagando aos
botões da camisa de manga longa, é porque não temos condições de compreender o
grego, é língua estrangeira, das mais complexas, a mãe de todas as línguas. Mas
o mendigo sabe o que é grego, conhece-o ipsis litteris, só não fala.
Sabichão!... Merece uma cadeira no Pantheon da mendiga intelectualidade ou da
intelectual mendiga, não sei mais distinguir alhos de bugalhos, desculpai-me
senhores com a infidelidade com o que penso e sinto, mas há-de ser considerado
o momento de o realizar a contento, quando fui bastante audaz com algumas
idéias que fervilhavam nas entrelinhas e além-linhas deste discurso, cuidado
com o trato fino com as palavras para não me envolver com os alhos e bugalhos
de algumas crenças muito profundas que me habitam, esperanças de outros tempos
outros que não estes de pangarelices sem sentido, quanto ao lengalenga das
idiotices e mesquinharias, quando o que nos falta mesmo é sabêreis vós que ser
o pangarético que salvará toda a humanidade de todas as tolices de idéias sem
sal e tempero, que nada servem para considerar a fundo, apenas na
superficialidade. Pangarelices às serpentes... Merece ler o escritor russo,
entendendo suas mensagens e utopias do espírito, e na sua alucinação ser ele
quem a escreveu. O Pantheon do Mendigo Dostoiévski... Jamais precisei isto.
Sabendo que não sou quem se ouve e entende com
facilidade, o que escrevo exige um conhecimento anterior, decidi, então, num
estilo poético, mostrar ao leitor como vai compreendendo o que se lhe é dado a
ler nestas ou naquelas circunstâncias. Não é verdade que um chifrudo se põe, às
vezes, a pensar em seus chifres, o ridículo que isto significara para ele, suas
dores, angústias, depressões, seus sofrimentos? Não é verdade que alguém que
não é casado, tem namorada, se ponha às vezes a analisar se isto acontecesse
com ele, embora resposta neste sentido não vá encontrar nem nas trevas?
Pensemos um ou outro, ambos, de um modo bem cínico,
e atrás deste cinismo muitas coisas interessantes surgem na mente, aprende-se a
assumir as situações, superá-las. Com efeito, é a vergonha que envela as
volúpias mais presentes, sobretudo quando se está numa situação em que está
lendo algo que diz respeito ao adultério, ao preconceito social chamado
“chifre”, o que isto importa, se estou tocando na sua ferida, você está lendo,
só você sente as suas dores, ninguém mais as sente, ninguém as sabe, nem se
interessa em saber, e quem sabe só cuida de fazer comentários nas esquinas e
nos salões, só isto.
Antes de nada, deixai-me esclarecer que assim estou
me expressando, por saber que não são pangarés quaisquer, quem dos quaisquer
iria ter estômago para ouvir tantas besteiras, a maioria venerando como se
fossem coisas muitas importantes, tivessem alguma profundidade, nada mesmo,
apenas a habilidade de expressar com as letras, este dom e talento que me fora
dado para estar aqui dando o meu testemunho de nossa nodernidade, com sinceridade
perdera as rédeas, anda desembestada pelas ruas calçadas de pedras. Sóis
pangarés de valores, podem entendem o que estou dizendo, as minhas intenções de
agradecimento por esta oportunidade... Enfim, recebi o dom ou tive a
oportunidade de discursar num senáculo, devendo sentir-me alegre e satisfeito,
o ramo de venda de privada para os finos gostos proporcionou tais privilégios,
juntamente com o dom das palavras que tenho nos dedos das mãos.
Esqueceram-me em páginas anteriores as palavras
referentes que iria, noutra dimensão do olhar pangarético para algumas
situações humanas, suas condutas e posturas, iria comentar a respeito de algo:
não espero mesmo que possam os humanos compreender-me com tanta sabedoria
quanto vós, caríssimos pangarés, analfas e analfabetos, personalidades e
autoridades no ramo das coisas pangaréticas, com direito a concorrência,
safadeza nos negócios, aliás espero que me ouçam com carinho e dedicação, pois
que me dediquei por toda a vida em busca da espiritualidade pangarética
Ora, aí, no caso de haver eu rasgado todos os
verbos, dito na cara do leitor o que penso e sinto dele, quanta sensação de
vergonha, de humilhação, as palavras de ter sido desmascarado deste modo!
Agora, muitos irão saber. Pergunto: há nomes? Há referências que indicam ser
esta ou aquela pessoa? Nada disso há. Não digo para ninguém em especial.
Continua sendo quem está lendo, quem passou por
esta situação, sabendo a dor que isto significa, se alguém não souber, tanto
melhor, só alguns sabem, e isto não quer dizer coisa alguma, o passado, o
presente pode ser outro. Às vezes, torna-se sobremodo difícil de escrever, pois
pode suscitar muitas situações complicadas, sendo que a coisa nem fora
construída como isto ou aquilo aconteceu, houve sim indicações. São as interpretações
preconceituosas. Há um sentimento de paz num chifre que nos é posto, o
interessante é que ele só se revela após a consciência irreversível e
incontestável desta atitude, desta virtude de acordo com o pensamento e ação de
alguns homens, aquando são eles que ostentam em suas cabeças o par, às vezes
pontiagudo, às vezes roliço apenas; mas em se tratando de serem as mulheres
quem os fazem ostentar tais nobres ornamentos, após a consciência vem sempre o
sentimento de paz, enfim suas atitudes estão justificadas, as mulheres também
agem do mesmo modo.
(**RIO DE JANEIRO**, 21 DE MARÇO DE 2017)
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