Sonia Gonçalves ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA A SÁTIRA #EQUINÓFORAS IDÉIAS DE NADA# ***
Que
delícia de texto, gratificante ler seu devaneio madrugador, cheio de amor e
lógicos longos delírios, perfumados de carinho de indagações, difícil crer que
você não lembre o nome do autor da imagem, pois tua memória é estupenda, Manu.
Com licença sem licença, não importa muito isso né, o escritor escreve com ou
sem licença, pensa em diamante cristalino, em menino cuja mente viaja num
barquinho de papel amassado. O escritor maravilhoso assim como tu meu querido
ultrapassa o tempo e o espaço do próprio tempo, rompe a fronteira do próprio
pensamento e vai... Viajar no título e subtítulo, buscando em cada letrinha uma
andorinha avoante na ponta dos dedos. Realmente o que dizer do seu texto, da
sua criação? Espero que continue anestesiado pelos momentos mais espinhosos,
mas removendo-os sempre e que se demore muito para se juntar aos grandes
filósofos que sempre cita, lê e relê, lapide sua realidade como de costume,
teça seus textos deslumbrantes, isso é a eternidade do ser maravilhoso.Parabéns
meu querido amigo poeta/escritor/filósofo/professor...Bjos na alma, aplausos e
abraços, pra ti e para a Graça.Saudosa sempre de vocês.
Sonia
Gonçalves
****
EQUINÓFORAS
IDÉIAS DE NADA
GRAÇA
FONTIS: PINTURA
Manoel
Ferreira Neto: SÁTIRA
***
De um só
fôlego difícil iniciar, algum tempo para armazenar o ar, se é a idéia estou
desejando sim realizar, algo que deixará os seus traços e passos, sem dúvida, e
não apenas lindas e floridas imagens que por minuto, quem sabe menos, alguns
milésimos menos, pode-se intuí-la e de imediato se esvaece deixando os olhos
vagarem por aqui e ali à busca do esplendor e da glória, nada disso sendo o que
está sendo desejado realizar, a partir de uma criação, criação de segundos,
contemplando os dedos no teclado, a leveza e a destreza de imprimir as
palavras, ouvindo o som do computador ligado, nesta madrugada, quatro horas e
dezessete minutos, tentando esta estranha façanha de não estar um poucochinho
sequer interessado em saber as idéias, os pensamentos, as emoções, sentimentos,
e tudo o mais com o que se desejar completar, agradecendo de antemãos e
in-versos tão gentil educação para comigo, quem às vezes se põe a imaginar algo
de uma estupidez tão grande que se torna um diamante, uma pedra de cristal
reluzente, uma maravilha, sentindo algumas hesitações ao longo da jornada noite
adentro...
***
Podem
dizer que esta imagem não é minha, sim de outro autor, de cujo nome ora não me
lembro, tendo sim a licença de pensar mesmo o soubesse não iria fazê-lo, esta
sinceridade e seriedade é plausível de in-vestigações outras que mostrarão ou
identificarão a imagem nítida, aquela que refletirá na fonte originária de
ventos sibilantes a esperança em mim trago, sendo outra imagem muitíssimo
usada, perdendo a sua inocência, ingenuidade, tornando uma pedra qualquer
deixada ou largada, quem sabe jamais tenha sido movida dali, mesmo que no
terreiro banido, onde alguns passam e podem muito bem mover, descalços ou de
sapatos, botas, sei mais lá o quê, podem movê-la, e, movendo assim a idéia
disto de imagens a refletir, ou melhor, encantar...
***
Aliás,
referindo-me ao título, a ideia que desejo mostrar, os liames das dimensões
artísticas que sem dúvida são as responsáveis pela habilidade, destreza de
imprimir na folha de papel, num fôlego só, devo ressaltar e relevar isto, pois
não é algo que aprecio fazer, faço-o, surgindo alguma oportunidade, sei ser
enormemente difícil de compreensão e entendimento, mas não recuso a fazê-lo,
devo estar aberto para as manifestações e revelações do espírito, buscando
lenta e paulatinamente o instante em que me sinta perdido inteiro na magia das
palavras, na doçura das palavras, na dureza das palavras, nos espinhos das
idéias de nada, estas que me proporcionam até mesmo acelerar o processo de
digitação, tornando os dedos mais rápidos, enquanto, claro, estou seguindo na
folha branca, ou melhor, na página, sem qualquer intenções de retornar, de
reler um pouco a fim mesmo de alcançar, atingir um nível de espiritualidade a
mais divina e maravilhosa que se possa mostrar... Quê febre me comunicam! Quê
riqueza!
***
Contudo,
se retorno à questão do título, ao instante em que o olhar toca nelas, nas
palavras, a sensação é de algo esplendido, maravilhoso, embora a primeira
palavra seja de um péssimo mal gosto, para alguns, relembrar os eqüinos, estes animais
que desde tempos imemorais são usados para tração e carga, o som não soar bem
no ouvido, mas o que é esta palavra, o que ela significa, e se eu disser que a
imagem construída, referindo-se ao equus asinus, não se realiza de modo algum,
sendo o seu sentido dicionarizado “aquilo que tem espinhos”, "espécie de
molusco de concha raiada", por exemplo, o cactus, ele é equinóforo, o
molusco de concha raiada" são as perspectivas de intenções raiadas pela
criação, e só assim poderia dizer dessas idéias que me habitam o espírito,
estas de alcançar nível de espiritualidade nas palavras, embora nada dizendo,
não tendo a mínima vontade ou dis-ponibilidade de tecer algo de esplendoroso
com toda uma verborréia que, aliás, não me esqueço de algo transcorrido comigo num
instante em que estive a ler algo escrito por um amigo, alguém a quem respeito
e considero por seu esforço e luta por identidade de seu povo, a sua
sinceridade com os fatos e acontecimentos, as idéias e ideologias existentes
aqui e ali, por toda parte, não sendo mais possível interromper este processo.
***
Neste
instante senti algo esquisito, estranho, por segundos perdera a memória do que
estava a ler, nada me lembrava do que havia lido, sendo inclusive difícil de
continuar, até recuperar, portanto, creio serem estas idéias, misturadas com
imaginações, intuições, habilidade de lidar com a palavra, este ser
maravilhoso, esplêndido, a energética da criação, mas os seus caminhos são
realmente espinhosos, a partir da escolha não se torna mais possível reverter,
é seguir, consciente ou inconsciente, o que isto vai importar, importa é saber
que a missão foi tomada em mãos, oportunidade de tornar a vida algo, não apenas
uma coisa viscosa, nauseabunda, sei lá mais o que iria definir um corpo vivo
que se projeta à morte, o quanto antes “bater com as dez”, às vezes, podendo
até ser assim o dito popular, adágio, expressão, ao menos estaria pensando nos
dedos, referindo-me às letras, e isto me relembra um encontro com amigo, destes
que qualquer um pode observar alguns traços de personalidade, dizendo-me ele
sobre um título na internet, “à sorrelfa de idílios compactos”, estava
desejando realizar o nada, se assim posso dizer, pois que não se é possível
imaginar a idéia, sendo apenas engenhosidade e arte de criação, o que é
inevitável para quem escreve, para quem busca realizar algo que complete o
mundo, a existência, que lhe mostre os caminhos a serem seguidos, podendo virar
as costas, dar atenção, isto dependendo dos apetites e dos prazeres a que está
dis-posto desfrutar mesmo que por poucos segundos, estes que se esvaecem por
entre os dedos, enquanto velozes estão imprimindo as imagens de quem estou a
sentir agora, não diria de modo algum melancólico, nostálgico, quem sabe
anestesiado pelos picos dos espinhos em todo o corpo, até ficar anestesiado vez
por todas...
***
Quem dera
fosse ao menos isto, estaria satisfeito em saber que ainda posso pensar na
realidade, enquanto palpável, nada disso tem a ver com estas palavras, aliás,
se me permitem os leitores, estes que se deleitam com histórias as mais
vulgares possíveis, mistérios de crimes, adultérios, amores impossíveis,
outros, leituras inteligentes e cultas, um arsenal de idéias e pensamentos
revolucionários, isto e aquilo transformar com as chaves que acabara por descobrir
lendo os mais importantes e interessantes autores da literatura universal,
filosofia, artes, imbuídos de desejos e vontades de transformação da realidade,
lapidar o diamante, torná-lo um esplendor, nalguns momentos a realidade nua e
crua, nada está sendo realizado, continuam sendo idéias, pensamentos, mas
impraticáveis na vida e nas experiências, embora não acredita exista
experiência sem a vida, sem dúvida, é a responsável pela esperança, felicidade,
paz, sentimentos por que somos vocacionados...
***
E a busca
é eterna, não havendo um único descanso para tomar o fôlego e seguir viagem,
seguir a jornada a que se destinou, aí realmente bato com os dez dedos,
lembrando da imagem, não sabendo se “bater com as dez”, “bater com os dez”, ou
ambos são plausíveis de serem utilizados por aqueles que desejam dominar todos
os segredos e mistérios existentes nas palavras, por mim já me conscientizei de
que só Deus sabe, isto porque Ele sabe o que faz, os segredos e mistérios
existentes nas palavras, e por isso se agora consegui esboçar as idéias de
nada, os seus equinóforos, não mais dizem qualquer coisa...
***
E se não
alcancei ainda o nível espiritual desejado e tão buscado, a sublimidade, a arte
de tornar a arte utopia da beleza e da querença da verdade, os espinhos são
necessários para o desenvolvimento, crescimento, e tudo o mais que se queira
completar, tendo desde já o consentimento de o fazer, seguindo a jornada, quem
sabe dizendo também os títulos são desejos de glória e resplendor, o que isto
importa... lembrando-me de que a rosa carece dos espinhos e os espinhos carecem
da rosa. As palavras brotem, formigas no tronco das árvores, espinhos nas
rosas, nos cactus, moscas no ar, moluscos de concha raiada, venham para fora em
caracteres, cresçam, a vida é labuta árdua.
***
Por que
não existir por conta própria, obliviar os códigos, falar língua de gente,
elencar os segredos que habitam as gavetas do ser e tempo, transformar-me em
janela de onde enfrentar a noite e suspirar, ser o espinho da rosa, espinho das
idéias de nada, ouvindo o canto da coruja nalgum galho de árvore no bosque.
#RIO DE
JANEIRO(RJ), 29 DE MAIO DE 2020, 23:36 p.m.#
Comentários
Postar um comentário