ESCRITOR E CRÍTICO LITERÁRIO Manoel Ferreira Neto ANALISA E INTERPRETA A AUTENTICIDADE E A LIBERDADE DE A EXISTÊNCIA PRECEDE A ESSÊNCIA NO POEMA #RABISCAR#, DE Ana Júlia Machado
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Despertou-me
este Poema frase de efeito que criei nos anos ´80, seria o lema de uma carreira
que decidira perseguir, seguir ao longo do tempo do "existir no
mundo", "Ser não é mostrar-se e mostrar-se não é Ser." A
sinceridade, a seriedade, a autenticidade, o compromisso, a responsabilidade
com a Existência, o respeito e reconhecimento por ser. Isto não é tão fácil
realizar, por ser mergulho profundo nas coisas da Existência, saber quem
represento para mim e quem represento para o outro requer o conhecimento das
circunstâncias, situações, as próprias intenções com as coisas do mundo e das
relações com o outro, isto só se faz possível de realização se sou livre, ponho
a minha liberdade em questão, sem jogos da mente, da liberdade de ser, isto só
é feito de ações e atitudes que comprometam a liberdade, a cada passo a
consciência da responsabilidade comigo próprio.
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As coisas
acontecem, explicá-las, por vezes tornam-se apenas devaneio e desvario, nada
pode explicar. Você publica este poema ontem, dia 03 de maio, e há quatro anos
atrás você teceu crítica acerca de um poema de minha autoria - OUTRO DO OUTRO,
o título. Estava já republicando este poema e, aquando passei pelo Face, vejo
este poema. E você dizia na sua crítica sobre a questão de ser independente que
é difícil, relacionando o meu poema com o Existencialismo de Sartre,
efetivamente fora a inspiração para escrever o poema.
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A partir
de suas críticas, percebe-se com evidência a dimensão de seu respeito por si
própria, com a sua visão, mistérios e enigmas da obra, as intenções
fundamentais do analisado, do interpretado, fidelidade ao pensamento e a
tecitura poética, literária da obra. São seis anos de intercâmbio crítico entre
nós, apesar de nossas Literaturas e Poesias são irmãs, há a diferença de visões,
de idéias, pensamentos, fatores culturais, exigindo, requerendo inda mais
conhecimentos a priori, sermos leais, fiéis, não é simples. Esta independência
diante do outro, a coragem e a consciência de deixá-la explícita, como críticos
e companheiros das letras, esteve presente. Indubitável. E somos amigos
intímos, isto de críticos fiéis e a relação de amizade tem as suas questões,
divergências não cabem. Aí também se fundamenta esta relação de independência,
entre amigos que somos, somos livres frente ao que pensamos e sentimos,
compartilhamos na vida, nas artes, na crítica literária e poética. Numa imagem
que mostra com eficiência o que entendo da Autenticidade, a visão da coragem de
engajar-se com o que pensa e sente sobre a existência e o mundo, ser não é
mostrar-se e mostrar-se não é ser, não precisamos de nos mostrar mutuamente,
não precisamos ser para nos mostrarmos, olhamo-nos no olho um do outro e vemos
a nossa imagem refletida nas pupilas, a amizade e o companheirismo de uma
jornada de pensamentos, idéias que se tornam ideais ao longo do tempo, a
responsabilidade e o compromisso com o mundo e o pensamento. Isto de ser o
Outro do Outro, irmos além do outro contingencial, o rosto do outro no tempo
que se faz continuamente, na relação de amizade e companheirismo. E, digo-lhe
com muita sinceridade, neste tempo em que estou tecendo esta crítica pela vez
primeva vejo bem nítida o rosto de minh´alma, diante das sendas que para mim
tracei. A liberdade posta em questão, nas circunstâncias e situações do tempo e
da história, quem representamos no mundo. Isto só com a autenticidade do
respeito com o que pensamos e sentimos de nós próprios, as nossas
visões-de-mundo, onde nos comprometemos com a responsabilidade de ser quem
somos, o destino que criamos, inventamos para nós próprios, o caráter e a
personalidade com as ad-versidades de culturas literárias, filosóficas,
poéticas. Aliás até se pode comparar esta visão-da-autenticidade da própria
existência com um pensamento de Saint Exupèry, "O homem se torna o eterno
responsável por aquele que conquistou".
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"
Por isso, quando o escritor ironiza com a frase
o seu
epitáfio,
"sou
a quem é
legado
espontaneamente
aceitar
ou rejeitar
majestosamente
se a
representação
replica ao
sou de
quem sou,
a ninguém
mais...", e aqui fez-me recordar Nietzsche com a frase acima citada,
Um
excelente texto em que ironiza bastante com o ser….", assim você concluía
a sua interpretação e análise fenomenológica de minha visão do "Outro do
Outro", efetivamente a minha ironia, sarcasmo, cinismo com o ser - ser não
é mostrar-se e mostrar-se não é ser em que me inspirei na frase por mim criada
nos anos 80, após a publicação de meu primeiro livro CONT.ANDO, lema de minha
jornada de escritor, pensador, sugerindo uma relação inter-dita e intertextualizada
com a diferença de sentido, significação, a conduta e postura que a idéia traz
em seu alforje, e você mostra com engenhosidade e consciência ética: o
rabiscar, que é reflexão, meditação de suas verdades frente ao mundo e a visão
das contingências de si própria, e o "arrasbicar" que é analise e
interpretação do mundo e dos pensares e sentires, a consideração interior e
exterior do quotidiano das atitudes, ações, consequências. "Rabiscar"
e "Arrabiscar" estão presentes na sua obra com olhares de sentidos
ad-versos e diferentes, dentro da concepção e definição da existência. E
seguindo esta perspectiva há no seu poema uns versos solenemente interessantes
para a comparação com verso de seu Poema #RABISCAR": "Por isso,
quando o escritor ironiza com a frase
o seu
epitáfio,
"sou
a quem é
legado
espontaneamente
aceitar
ou rejeitar
majestosamente
se a
representação
replica ao
sou de
quem sou,
a ninguém
mais...", e aqui fez-me recordar Nietzsche com a frase acima citada,
Um
excelente texto em que ironiza bastante com o ser…", por, creio eu a
diferença que existe entre o seu poema e o meu, é que "O OUTRO DO
OUTRO" é ironia, cinismo, sarcasmo, e o seu é "Reflexão" de uma
mulher que teve a coragem de decidir a Autenticidade consigo própria e com o
outro, a afirmação de alguém diante de sua visão-de-mundo e de nele existir:
" Presentemente, ameiguei – me para acolher,
instruir
no espírito todo e qualquer
reflexão,
honrar a eloquência do imo,
aquilo
que concebe do ser o deficiente que somos." Reconhecemo-nos, sabemos de
nossas questões íntimas, carências, medos, dúvidas, moléstias psíquicas,
sonhamos, fantasiamos as coisas, temos nossas esperanças bem guardadas no
íntimo, e concebemos de todas as nossas condições existenciais, nossas fugas,
manque-d´êtres, concebemos que a existência precede a essência, isto se
reconhecemos e consideramos autenticamente, com a verdade em mãos, que somos
livres para criar o nosso destino, mas isto implica sobremodo a INDEPENDÊNCIA,
AUTENTICIDADE, RESPONSABILIDADE, COMPROMISSO com o Existir." E em que se
fundamenta a comparação, a sua intenção fundamental: a Independência,
autenticidade, etc., etc. precedem o Outro do Outro, a liberdade de construir o
próprio destino é que fundamenta a Consciência-Estética-Ética é o Retrato na
moldura da Independência, autenticidade, e isto é ao longo do tempo até o
inevitável, a Morte. Mas, a obra está solidificada, estabelecida, serão ou não
serão húmus, sementes e sêmens de outras visões-de-mundo, fora o que vivemos e
deixamos.
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Beijos
nossos a você, nossa amada e tão querida netinha Aninha Ricardo, à sua
família!.
Manoel
Ferreira Neto
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RABISCAR...
Presentemente,
ameiguei -me para garatujar,
para
desobstruir os pulmões
da
intelectualidade, e espalhar o que surge-me
na consciência,
que debela embaraços
para
encontrar o interminável da razão.
Presentemente,
ameiguei – me para revelar,
proferir
o que hei no esconso,
ilusório,
permiti-me para alongar
a agnição
a todo o universo.
Presentemente,
ameiguei – me para acolher,
instruir
no espírito todo e qualquer
reflexão,
honrar a eloquência do imo,
aquilo
que concebe do ser o deficiente que somos.
Presentemente,
ameiguei-- me para exercitar,
indagar o
cerne e afagar,
e não
julgar nenhuma fantasia,
não
adquirir bagatela senão o que especifico.
Hoje,
invejou- me estima,
Condenar
o que não desejo, que estimava gerá-lo
Presentemente,
ameiguei-me para garatujar.
Ana Júlia
Machado
#RIO DE
JANEIRO, 04 DE MAIO DE 2020, 13:44 p.m.#
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