CRÍTICA LITERÁRIA POETISA E ESCRITORA Ana Júlia Machado ANALISA E INTERPRETA A PROSA #L´ÊTRE ET LE NÉANT# ***
Este
texto *L´ÊTRE ET LE NÉANT🌘*, é como todos os outros, difícil de
interpretar, dado que todos possuímos um sentimento diferente da morte. Com
certeza que toda a gente pensa nela, muitos a temerão, outros acham que é a
salvação - antes a morte do que viver num mundo fútil e repleto de maldade. No
entanto, não sei se vou fugir um pouco ao que o autor pretendia, mas deparei-me
que concentrava-se muito no “eu “por isso , recorri a Nietzsche.
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Mas antes
vou introduzir um pensamento de Clarice que parece-me pertinente.
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“O que a
apazigua é que tudo o que vive, vive com uma necessidade plena. O que for da
extensão de uma cabeça de alfinete não extravasa nem um fragmento de milímetro
além da extensão de uma cabeça de alfinete. Tudo o que vive é de uma enorme
precisão. Pena é que a maior parte do que vive nos é tecnicamente incorpóreo. O
benéfico é que a realidade chega a nós como um significado oculto das
realidades. Nós fenecemos decifrando, nebulosos, primor.” - Clarice Lispector.
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A
presente análise possui por propósito central indagar o enigma do homem ético
em Nietzsche e sua vantagem na perceção do super-homem. Incidindo na fase
materialista do entendimento de Nietzsche, especialmente Indulgente, demais
humano. Após a publicação de Assim Falou Zaratustra. O ético aqui dissecado a partir
da suspeição nietzschiana de que o hábito de transcendência edificou um
concebimento de homem desligado de sua ligação mais inesperada com os portes
humanos, os quais descobrem seu motivo em nossa vida terrena, a exclusiva que
podemos asseverar de molde crível como real. Uma moral humana, descomedidamente
humana, será exequível a partir do instante em que a mesma seja desprendida de
consciências como realidade, mundo audível. Divo, naturezas. O super-homem
apresenta o homem que venceu tais ideias e edifica os portes doutrinais a
partir de um referencial terrestre e, logo, plural, efémero. O percurso da
análise nietzschiana aos valores morais na sua ligação com a urgência do
super-homem, debruço-me em estas sumárias reflexões últimas estimando, ainda que
de forma concisa, os desenvolvimentos desta mesma apreciação. Segundo
Nietzsche, a fé em realidades transcendências escorou as distintas ideias
morais, especialmente a partir da memória socrático platónico. Tal motivo
enclausurou o homem em realidades perenes e inalteráveis, interceptando a
vereda para renovadas faculdades de explicação da existência, bem como o porta
a ideias introdutoras no que diz respeito à intelecção da integra circunstância
humana. A superação de uma ideia fundamentada no feito de dualidades valida o
propósito de edificar a filosofia em alicerces diferentes, não mais
socorrendo-se a matérias e verdades vedadas, como se isto fosse exequível
descobrir no perene brotar da vida, mas à aptidão presente no homem de conceber
valores pisados na verdade humana, exclusiva verdade concreta, crível. A
dualidade bem-mal, abrange uma importante parte das indagações de Nietzsche,
sendo um dos primordiais dirigente pela manutenção do protótipo cristão de
mundo, o qual foi objeto de uma rígida análise trabalhada pelo filósofo de
Röcken ao longo de seus artigos. A moral cristã, portanto, ganhou sentido
particular da parte de Nietzsche, visto que seus desígnios delimitaram não
somente uma destinada geração de homem, mas o inerente jeito pelo qual a filosofia
e a ciência forjaram seus processos de indagação da verdade, cujo resultado
mais inesperado foi a deificação da noção de verdade. Se o eclesiástico
espiritual é o mais elevado representante do ideal cristão da doutrina, o
irreligioso, com sua dietética dos portes cristãos, emerge como o contrário
competente de alvitrar uma moderna feição de construir valores, onde as
duplicidades não possuem direito a cidadania no anfiteatro de altercações em
que a vida se representa. Neste sentido, a filosofia de Nietzsche desabrocha-se
ao perspectivismo, ao apontar que quando proferimos os valores o concluímos
sempre a partir de um destinado lócus discursivo-valorativo, não sendo
praticável apreçar a existência a partir de um lugar imparcial, fora dela
mesma. Análoga percepção da moral pressupõe não a contestação de toda e
qualquer moral, mas a autenticação de que, como geração humana, ela carece ser
considerada a partir da perspectiva da existência, a qual, sendo assente por
Nietzsche a partir do juízo de intenção de poder, não pode ser estimada, mas
sentida. Desta forma não faz sentido, dentro do meditar e filosofar
nietzschianos, meditar em uma moral que se ambicione exclusiva, real,
perscrutadora da natureza humana, visto que o cunho perspectivístico da vida
sujeita-nos a pensá-la como um inextinguível cursos de quimeras de planeta que
a transitam e que, por sua vez, não transmitem cálculo de sua abastança e
inesgotabilidade. Sendo assim, somente é factível proferir moral no plural,
pois cada vez que estimamos o compomos a partir do nosso inerente canto, como
verbalizaria o próprio Nietzsche. Uma moral leiga na óptica nietzschiana não
pressupõe a supressão da moral cristã, até porque em Nietzsche a incoerência é
algo especial e particular da existência, mas a contestação de que viva um
alicerce derradeiro que escore e presenteie significado à verdade humana, quer
este motivo esteja em alguma verdade alhures, quer se medite a partir de uma
natureza própria existente no homem. Neste sentido, toda moral que exija para si
este rótulo deve autenticar o seu caráter exíguo, interino, faccioso, ou seja,
relativo à enérgica particular da existência, a qual não se deixa espantar por
nossos protótipos de entendimento. Entretanto, Nietzsche alvitre crer que
permaneça no homem algo que ultrapasse a verdade humana como, por exemplo, um
“eu” legislativo, uma intenção de potestade. Este enigma é tanto mais austero,
pois pode nos transportar a uma rejeição total das expugnações do
hodierníssimo, particularmente os ideais populares.
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Certamente,
o colóquio, a equidade de direitos, a peleja por superiores circunstâncias de
existência, podem ser indícios de uma vida que doma a si mesma a cada triunfo e
não forçosamente um baixar dos dedicados excitantes, alimentadores da intenção
de potentado. Portanto, a filosofia de Nietzsche alvitra estar ainda muito
implicada com a ideia de um “eu” onipotente, legislativo, ainda que arreigado
numa vida instintiva. Teria razão então Habermas (é um filósofo e sociólogo
alemão que interessa-se pela tradição da hipótese análise e do utilitarismo,
sendo membro da Escola de Frankfurt. Sacrificou sua vida ao estudo da
democracia, nomeadamente por meio de suas teorias do operar expansivo - ou
teoria da ação comunicativa, da política deliberativa e da competência
pública). Ele é conhecido por suas conjecturas sobre a racionalidade expansiva
e a mundo público, sendo considerado um dos mais relevantes pensadores
hodiernos.
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Ao
asseverar que a filosofia de Nietzsche não consegue sair do espaço de uma
filosofia da subjetividade, a qual tanto comentara? Seria então a intenção de
potestade o certificar de uma subjetividade, ainda que não essencial ou
transcendental, erguida a casta de abonador restrito do valor da vida? Ao
relatar vida com intenção de força não teria Nietzsche circunscrito demais a
mesma? Será que a existência em sua universalidade cabe dentro deste resumo? O
“eu” nietzschiano não corre o risco de encaminhar para um erudito do singular?
Seriam débeis, enfadados da vida, aqueles para os quais a existência não é
vontade de força? Os ideais populares não se conformam com o juízo de intenção
de potestade? Estas e outras questões precisam de uma investigação mais
sondada, no embutir a controversa moral em Nietzsche na sua ligação com o
super-homem.
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Qual
seria a relação do super-homem com o conceito de querença de potência, até que
ponto Nietzsche teria alcançado dominar os conflitos de uma filosofia da
subjetividade, desagregando o enigma do “eu “substancial e transcendental no
conceito de intenção de vigor. Desconfia-se que a moral enérgica do super-homem
crie uma arriscada nobreza com assentamento exclusivo e puramente num “eu” que
se ambiciona senhor de si, a enfado de suas circunstâncias.
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E
conclui-se que após tudo isto a dúvida da vida/morte é inexplicável e que efeta
todos e um “eu” que fala sempre mais alto. Como refere o autor do escrito,
Manoel Ferreira Neto - Estou centralizado em mim e para me descentralizar tenho
de me concentrar noutro lado para me avistar.
Ana Júlia
Machado
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**L´ÊTRE ET
LE NÉANT🌘**
GRAÇA
FONTIS: PINTURA
Manoel
Ferreira Neto: PROSA
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A morte
não é um mal, não é bem, a morte não é um fim, não é começo, a morte é a morte,
nada mais além ou aquém disso – creio ser esse o caminho a ser percorrido, por
onde começar de re-fletir e meditar, pensar e re-pensar, em última palavra,
con-templar o problema da morte, no sentido de con-vivência com ela, observá-la
à luz dos olhos do espírito, ao lince do espírito de olhar, à mercê de
dimensões espirituais, coisa que não me é possível, não significando dizer
assim me sinta mais tranquilo e sereno para falar dela, a espontaneidade se
manifestará simples, a liberdade de compreensão e entendimento se mostrará,
re-velar-se-á destituída das angústias inerentes ao pensamento, idéias, sentimentos
da morte, de qualquer modo é difícil e bastante doloroso, sou humano e o
desconhecido me apavora, desconcerta-me, deixa-me frágil e fraco, dizendo-me em
silêncio: “Ainda que o desconhecido ec-siste, apavora-me, não ousarei enfiar as
mãos pelos pés”, noutras palavras, não trocarei de mão as cartas que não me
servem para o jogo do início e do fim, deixa-me com os espartilhos
ec-sistenciais nas mãos, os fraques de por baixo dos pés, tanto que, às vezes,
sinto-me sobremodo patético, devido ao estilo e linguagem como se me apresenta,
e tenho de encontrar nas palavras que se me a-nunciam o espírito e alma que
ante-cedem os questionamentos, dúvidas, inseguranças, para assim ser-me
possível o mergulho profundo ou o vôo, também profundo, nas tábuas escritas pela
eternidade na memória dos verbos e do ser, até mesmo na das quimeras e
sorrelfas que acompanham a vida que é desejo, vontade e razão -, porque
enquanto estou vivo ainda a não senti, e depois de morrer já a não sinto em
todas e quaisquer dimensões sensíveis, espirituais, corporais – há lá
raciocínio mais perfeito, mais bem elaborado com os sentimentos que me habitam,
questionamentos e dúvidas perpassando-me as dimensões da vida, pensando no
último fracasso do homem, isto é, a morte?
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Ao aviso
do limite é irresistível des-cobrir que os horizontes se sucedem aos
horizontes, que se um horizonte ainda pode legitimar o espaço para atingi-lo,
outro horizonte se abrirá depois desse e o há-de negar, e outro ainda depois
até ao “silêncio insondável” – interessante é que a esse silêncio insondável
dei o nome numa primavera de outrora, há uma década, de “silêncio sublime”,
começando de buscá-lo em mim, nas situações e circunstâncias. A coragem que
opunha à idéia da morte se dissolve discretamente diante da certeza de que já
nada pode iludir e que a resignação final ainda não absorveu. Na intimidade de
mim, onde a coragem de pouco serve, porque não há um público a exigi-la, ou a
ad-mirá-la, as próprias certezas que ainda o sejam se enfraquecem no combate
contra essa certeza final, irreversível.
***
Sou homem
mortal, a mortalidade habita-me queira ou não, aceite ou não, ad-mita ou não,
con-sinta ou não, vou para o inferno, vou para o paraíso celestial, não vou
para lugar algum, inferno e paraíso celestial não são lugares físicos, os
homens conceberam e criaram esta quimera, fantasia, só Deus mesmo sabendo a
razão, Ele tudo sabe, que tudo compreende e entende, que abre outras pers da
pectiva para a esperança da fé que faz a travessia das arribas aos confins da
psique aos sonhos de utopias re-versas e in-versas do AMOR E PLEN-ITUDE, talvez
para se sentirem seguros com o desconhecido, aliás dizer e pensar assim mostra
bem ser tremenda e ridícula oratória, se é coisa por que tenho verdadeira
ojeriza é oratória, nela as hipocrisias e farsas estão sempre presentes, as
diplomacias dos interesses e ideologias fluem espontaneamente – disseram-me
que, com o hiper-modernismo, as ideologias caíram todas, isso é ir muito longe
nas utopias - estão mais inscritas que as Letras dos Cânticos Bíblicos, desde o
Gênesis ao Apocalipse. Não adianta contestar, angustiar, desesperar, nasci para
morrer, morrerei para viver eternamente, e isso só será possível a partir do
instante que deixar reflexões e meditações para o encontro da vida, assim é com
todas as criaturas, do reino animal, do reino humano, assim Deus quis, desejou,
escreveu nas Suas tábuas sagradas, assim será consumado, minha hora chegará.
***
Absurdo
da finitude,
Alarme do
entardecer,
Crepúsculo
do fim de um tempo,
Princípio
de outro no além,
É aí que
tem a raiz,
A razão
de ser;
Subjaz na
origem
A
consciência embaraçada,
No súbito
alarme intraduzível,
Inexplicável
da relação com a morte,
Busca
surpresa que me trava a respiração,
Arrepia-me,
Na
iluminação ou aparição
Da morte
que mal me afeta,
Se vivo
distraído,
No mundo
da lua,
Que mal
me diz respeito,
Se a
intenção é a
Plen-itude
de todas as coisas
Que me
habitam
Profundo.
***
O “eu” é
o sujeito que pensa, que age, que sente. É um “eu” imediato tão nítido, tão
indiferente, que é quase uma coisa entre as coisas. Um ato mental opera-se como
que por si, como exterior àquele que o tornou realidade. O “eu” mental não
existe senão como o meio, o lugar diáfano em toda a vida intelectual acontece.
Atentos a essa vida, olhamo-la a acontecer sem um instante reparemos que
olhamos, que observamos mesmo de esguelha, provido e eivado de indiferenças
inestimáveis. Puros espectadores, o que nos ec-siste é o espetáculo e não
aquele de nós que ao espetáculo assiste. Presos à verdade que em nós se revela,
não pensamos no “eu” onde ela se revela. Nem mesmo quando não atentamos na luz
que atravessa a vidraça e pensamos como é que ela a atravessa, nem mesmo então
refletimos sobre o que é isso que é atravessado.
***
A minha
morte não é imaginável, apesar de que em várias ocasiões re-presento
imaginariamente o meu cadáver no esquife, aos olhos de todos os amigos,
íntimos, seguindo-lhe até à sepultura, os possíveis comentários, as dores e
sofrimentos que experimentarão, as lágrimas que serão vertidas pelo meu
passamento, mas como todos sabem que não gostaria dessa última manifestação,
isto é, alguma fala de alguém no momento da descida do esquife na sepultura,
não imagino isso, porque é inimaginável não poder pensar “eu”, ou seja, a
própria evidência de estar vivo e de ec-sistir através de mim tudo o que
existe. Não posso imaginar-me morto, porque para o imaginar tenho de me pensar
vivo a imaginá-lo. A evidência de eu ser bloqueia-me de todo o lado e não posso
sair dela. Estou centrado em mim e para me descentrar tenho de me centrar
noutro lado para me ver.
#RIODEJANEIRO(RJ),
14 DE MAIO DE 2020, 13:10 a.m.#
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