#DA COR-AGEM AO COR-AÇÃO SEDENTO DE APETITES🥨# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA ***
Ah,
ter-a-evidência-ácida-do-mistério-de-quem-sou, do-que-sou!...
Ah!...
esta-fronteira-da-lembrança-e-do-esquecimento, este-sonho-de-rompimento,
entrar-em-sintonia-e-harmonia-com-a construção,
com-a-[id]-{ent}-idade-histórica!...
Ah!...
essa-quimera-de-ser-quem-sou-e-já-que-é-quimera-não-há-como-não-ser!...
Ah!...
esse-nada-vazio-de-utopias, esse-aconchegar-ninhadas-de-pensamentos-ideias,
esse-inverno-que-se-anuncia!
***
A chuva
custa a passar, os lábios falam com dificuldade, como se fala numa noite em que
o demasiado frio adormece as maçãs do rosto. Creio que se faz necessário que
aprenda aquilo que é comum nas outras pessoas, como por exemplo o prazer de
jantar num Domingo de Chuva, à noite. Minha história é de escuridão densa, de
raiz adormecida na sua força, de odor que não tem perfume. Quase não tem
carne... Reproduzir de ouvido esta música de jantar num domingo chuvoso, não é
possível cantá-la sem tê-la memorizado, é em si e de si. Como memorizar uma
coisa que está inda nos recônditos da alma? Veja só esta coxa de frango, quando
se separa a carne branca e deliciosa do osso, é como se fosse um instante de
júbilo! Deve ser para o nosso coração tão sedento de apetites, imemorável e
sensível quanto para um jovem pela primeira vez aliciar a face de sua
namoradinha.
***
Não. O
meu abandono ao instante de chuva é tão simples e tão completo que estou aberto
por inteiro ao mesmo tempo a toda emoção prazerosa, a todas as sensações
serenas, como a toda angústia que provenha dos mais profundos sítios da alma, e
tudo saboreio até ao fim, com volúpia e êxtase, e degusto com as retinas do
olhar os ex-tases do ser.
***
Não quero
ser deslocamento histórico, mas observador da história. A intenção não é olhar
para trás para criticar ou erigir opiniões compulsivas, esquecendo o sentimento
e a vivência de cada época. Minha consciência não quer ser cortesia do “eu
penso” por “eu sinto”. Não sou “caixa de ferramentas” com peças que só servem
para instantes quando algo está errado. Quero ser “amortecedor” novo de um
pensar consciente, desenvolvendo a habilidade de lidar com sentimentos capazes
de transformar a intenção em ação e, sobretudo, ter um coração que perceba,
sinta e aceite a capacidade que o eu e o outro têm para transformar nossa
comunidade, sociedade e mundo, não medindo ou pesando distância, não traçando
linhas verticais, horizontes lineares, isto não interessa, mas fazer reinar o
primeiro passo. Quero ser corajoso, a exemplo d´Aquele que anunciou o Reino dos
Céus, comparando-O a um grão de mostarda.
***
Haveria
alguma dúvida da presença de mim a mim próprio e a tudo que me cerca, envolve-me
de mistérios, envela-me de anúncios, é de dentro de mim que o sei – não do
olhar dos outros, do pensamento dos outros.
#RIO DE
JANEIRO(RJ), 07 DE MAIO DE 2020, 08:39 a.m.#
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