#ESCRUTÍNIO DE HIPOCRISIAS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA SATÍRICA ***
Epígrafe:
#A
hipocrisia não tem um leito de rosas no regaço de minha alma#, lembrando esta
fala de Machado de Assis, um exame minucioso do que é isto -
"Visão-de-Mundo."
***
Até
gostaria de apresentar aos eminentíssimos senhores e senhoras, cristãos e
pagãos, donzelos e donzelas, singelas e puras desculpas, e por que não também o
pedido de perdão, por estar perturbando sobremaneira as vossas atenções, as
inteligências e pontos de vista os mais singelos possíveis, aos cientistas e
intelectuais, a fina casta da humanidade e do indivíduo, cidadãos e poderosos,
mas a intenção é de incentivar a águia a alçar o seu vôo, a serpente destilar
os seus venenos, na árdua labuta de aguçar o sangue, aumentar-lhe a
temperatura, concebendo a eloquência súpera, e assim surgem as dúvidas e
desconfianças de que está sendo desumanamente agredido e seduzido por falsas
promessas de um estilo de vida que não se adaptaria de modo algum, e sem dúvida
seria até um perjúrio à moral que tão sincera e cuidadosamente construiu em sua
existência.
***
Surge
alguém com umas idéias ultrapassadas e esquisitas, e de repente está enfiando
uma faca na sua vida particular e íntima, ceifando-a a deus-dará. Muito
esquisito isto de alguém conseguir assim entrar na vida e até de improviso, sem
mandar uma correspondência qualquer, legando aquela prazer de ler as letras
cursivas, as palavras mangofantes, todas as dimensões da razão, do intelecto
presentes aderidos aos sentimentos esfusiantes e jubilosos, noticiando sua
conduta e postura diante de valores que não se coloca sobre a mesa nem da sala
de estar, à vista para todos provarem de suas delícias e venenos, passarem a
língua ao redor dos lábios re-colhendo o que ficara neles, sentindo inda mais o
sabor de... São coisas para o travesseiro com os olhos fechados, a alcova escura,
refletir e meditar.
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Se fosse
eu me incomodar com tais palavras indecorosas e com as interpretações que se
edificam ao longo dos dedos de prosa nalguma taberna de estrada, chão de terra,
não teria qualquer sossego, pois que algo não posso deixar em absoluto de citar
para um esclarecimento mais sutil e enganoso, apresentando duas faces nítidas
aos olhos de quem não deseja ver o que quer que seja, e nenhuma em hipótese
alguma verdadeira, se se observar um pouco mais a fundo. Em questão o ritmo,
melodia, acorde, musicalidade da palavra só são germinados no som dos sentidos,
das inspirações, silêncio dos mistérios do ser e da representação, o rumor do
mar nas ruas, nos calçadões, sentimentos que prevalecem do equívoco e tentam a
longa jornada de pensar e sentir, as marés revoltosas sarapalhando as gotículas
dágua no ar, flanam livres, o sol crepuscular alumiando as gotículas, isso é
sentimento sentido no sentir, não simplesmente desaparecem na curva do tempo,
abrem o verbo de ser, cresce como fogo, como orvalho entre dedos, destinam,
fazem, como o sentir o cheiro da maresia do mar, sonolentas inda, se
transformam no nada, no vazio, e são eles o húmus, o verbo da utopia do ser,
a-colhem e re-colhem a liberdade e a responsabilidade, a
consciência-estética-ética na dialéctica da existência dialética da arte e da
ec-sistência, acolhe o múltiplo, a visão-de-mundo se amplia.
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Não me
dado furtar-me a enfatizar isto com o que amiga do coração dissera-me certa vez
numa cantina comendo uma torta de camarão, seguindo delicioso Underberg, aquela
troca de figurinhas serenas e espetaculares, acerca destas questões primorosas
da estética-ética, merecem uma efígie para representá-la, acerca desta ousadia
de dar asas à serpente do humor satírico. Dizia-me ela que o humor satírico
"... visa, pois, para a argúcia, sarcasmo e costume da consequência cómica
do "deadpan" (imperturbabilidade do humorista, como se não
compreendesse o caricato das condições que expõe)."
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Quem
assume este caminho, assume o seu caos, vazio, entregando-se aos instintos
primitivos, quando manda às favas toda moral e ética, costumes, hábitos,
comportamentos,
manda
catar coquinhos todas as mazelas e pitis, escândalos medícores do ego
inflamado, não desejando eu dizer com isto que dessa maneira, por longo ou
curto prazo, encontrará uma moral e ética que atenda de uma vez por todas à
humanidade, e isto está mais do que legível e sensível para os humanos, um
sistema de vida melhor, mais verdadeiro, mais elevado é a esperança incólume
que alimenta nas prefundas almáticas. Pode e muito engenhosamente vir a seguir
seus instintos sem nenhum freio, pode deixar-se ir ao deus-dará, pode tornar-se
um louco ou um gênio. Se me questionam acerca destas palavras que registro
nesta folha de papel, digo que não sou eu quem diz, é o escrito. Olham-me e
pensam estar eu desejando com todas as forças criar uma polêmica, o autor não
saber o que escreveu, isto é um absurdo, ora se me dá.
***
Há quem
diga que não tenho a coragem de confirmar, e estão bem enganados pois se
houvesse algo a ser dito não me serviria de uma folha de papel. Dirigir-me-ia
ao eminentíssimo senhor e diria tão simples quanto tomar um suco de uma fruta
bem deliciosa, de preferência neste instante suco de graviola, seguindo uma
xícara de chá de Guaco para limpar o pulmão, preciso de muito fôlego para
pronunciar os acentos graves das proparoxítonas hipocrisias, veio-me de
imediato e isto é até interessante não deixar passar, mas o suco de maracujá,
embora, como nunca disse, amoleço-me inteiro, a pressão cai, acalma o vulcão em
erupção... não degusto mais o sabor desta fruta. Aliás, valendo as penas por
enfatizar e sublinhar que o pulmão está à beira de ser o orgão que levou a
humanidade in totum ao apocalipse da raça, da estirpe.
***
Lembra-me
efetivamente certa vez que a polícia abordou-me de modo grosseiro, dizendo-lhe
eu: "Ignaríssimo policial, há um equívoco aqui: não fora quem deitou na
avenida para interromper a procissão...O senhor chegou atrasado e quem fora já
providenciou a sua retirada." Só o tratamento "Ignaríssimo" fora
o suficiente para não me acusar, não sabendo ele o que significava o termo. Se
o soube depois, comentara com amigo do contingente sobre haver sido tratado de
ignaríssimo, ficou muito feliz. Nossa... Saber que ignaríssimo é o superlativo
de ignaro, e ignaro significa ignorante. Quê reação!... Sentimento de ter sido
idiota. Havia sido outra pessoa. Disse-o espontaneamente, nem me importei com a
possibilidade de ele saber o significado da palavra.
***
A
polêmica foi alevantada e há dizeres de todas as culturas e observações, mas
com o tempo e diante de circunstâncias outras, se lerem novamente o texto
perceberão que a interpretação continua sendo bem ferina e perspicaz.
Apresento
também aos professores os cumprimentos bem sensíveis e gentis, mas andam se
esquecendo de salientar bem que um texto tem subjetividade, aliás muito mais
elevada que a do autor que o criou. Aí a interpretação nunca se deleita à
soleira de um casebre aproximando a tarde e a distância que se abre no chão de
hipocrisias e canalhices.
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Não me
referindo especificamente aos professores ainda, mas surgiu à mente algo bem
peculiar no que diz respeito à interpretação: é que o melhor é rotular-me um
escritor maldito como tantos aí, só me lembrando de dois Nietzsche, Dostoievski.
Torno-me assim um escritor maldito e todas as obras serão vistas a partir dessa
opinião de baixo calão, mas é assim que os malditos nos tornamos universais, em
qualquer tempo seremos lidos e haverá investigações. Maldito? Por que me
rotular neste estilo e Linguagem? Simplesmente por agredir os erros da
sociedade, "... o que facultou origem à locução latina: castigat ridendo
moris, que se pode trasladar espontaneamente como "punir os hábitos pelo
júbilo", como me explicitara a amiga na cantina.
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Não sei
de onde com certeza me vem a crença e a petulância, ingênuas, devo afiançar com
primazia, de que, haja o que houver, o escritor maldito cria situações
indecorosas e desagradáveis para si próprio, não ocorrerá o perigo de ser
desmascarado por alguém de inteligência muitíssimo perspicaz para entrar vez
por todas no covil de gênios. Se me levarem a um tribunal por causa de algo
dito, suspeitado, insinuado, apenas apresentarei isto, "O texto,
meretíssimo, tem sua subjetividade, mas de qualquer modo estou apresentando a
todos as críticas que faço a mim próprio; entrar em polêmicas por
disses-que-me-disses é atitude de salaud, um indivíduo sem condutas e posturas
éticas e morais, desde que não haja ofensa devido a não sei quê moléstia
psíquica, intelectualoidia instintiva, a serpente exala o seu veneno, erudito e
diplomático. Dirijo-me a mim. Se é crime dirigir-se a si próprio, a coisa
realmente irá se tornar bem interessante."
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Se me
questionam tanto assim por causa de títulos carregados de cinismos e sarcasmos,
devo apresentar a todos também as verdadeiras escusas, mas nestes textos
apresento a entrada dos homens em seus inconscientes como uma auto-entrega e um
encontro de desejos e vontades sublimes e espirituais, entrega esta em si
melhor do que a fuga destas dimensões do homem e do indivíduo.
***
Às vezes,
tenho a voluptuosidade de rasgar os verbos todos, dizendo que não sei ao certo
se o inconsciente não acabara mastigando e engolindo aquele que se entrega ao
escrutínio de hipocrisias, a entrega simplesmente será sublime, e não sei
também ao certo se quem se entregou a ele será suficientemente intuitivo e
perceptivo para sustentar seus pontos de vista e opiniões verdadeiros diante de
uma existência e mundo o mais estranho e esquisito possível.
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Quem me
ouve, tenho a certeza de que não corre ao dicionário e olha o significado da
palavra, assim perderia de ouvir o artigo, mas se o fizesse depois, observaria
que o significado de escrutínio é “exame atento, minucioso”. Analiso atenta e
minuciosamente como e em que estilo pode-se ser hipócrita com o modo de
apresentar as escusas e perdões. Rir de tudo é coisa dos tontos, mas não rir de
nada é coisa dos estúpidos. Creio até que seria algo em demasia extasiante ver
alguém rindo de suas perfomances para verbalizar com eficiência a hipocrisia
das escusas e perdões de uma atitude e ação falaciosa, estando presentes as
facécias dos instintos, é coisa de tontos. Não rir destas perfomances só mesmo
para estúpidos.
***
Em
verdade, o cinismo está bem aí, sou eu o hipócrita, pois estas palavras saem
bem do meu interior. E ninguém para apresentar o seu veredicto de que em meus
escritos, embora falando de mim próprio, falo de todos os homens e de toda a
humanidade. E se houver um ouvido bem atento verá que para conservar o cinismo
e a hipocrisia apresento uma visão psicológica do caráter e personalidade.
***
Se assim
não o fosse, com estas explicações que creio absurdas, e são, despeço-me,
agradecendo-vos a atenção verdadeira e sincera. Dirigi-me a alguém devido a
comentário sendo interpretado como ofensa e desrespeito. Declino nomes? Não.
Pode mui bien ser criação para sustentar uma idéia, pensamento,
fundamentar-lhe. Não fora Erasmo de Rotterdam que o disse: "A pior das
loucuras é, sem dúvida, pretender ser sensato num mundo de doidos."
***
Do lado
da montanha, nuvens brancas e azuis maciças avolumam-se, pequenos pontos
brancos movem-se no mar, do mar o apelo vem, o apelo às in-vestig-ações, o
calçadão infinito vai além do mar? A hipocrisia sarapalhada por todos os
sítios, lugares vai além do fogo que a incinera, o sarcasmo, as labaredas do
cinismo que encobre e protege as achas de lenha crepitando-se? Exame minucioso,
atento, perspicaz. A Hipocrisia e o Sarcasmo do #Verbo-de-Re...presentar#...
#RIO DE
JANEIRO(RJ), 29 DE MAIO DE 2020, 09:58 a.m.#
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