ESCRITOR E CRÍTICO LITERÁRIO Manoel Ferreira Neto RESPONDE À CRÍTICA LITERÁRIA #AZ-VIANDO CAMINHOS - II PARTE#, DE Graça Fontis ***
Epígrafe:
**E...
badalo gritante do sino
Acorda, o
dia seguinte já chegou
Coma os
frutos, saboreie o manjar
O
cardápio é suculento na roda em que giram os homens..."(Graça Fontis in
AZ-VIANDO CAMINHOS - II PARTE)
***
O sino da
igreja badala. Meio-dia em ponto. Revisto-me, com olhar furtivo. Não entendo,
compreendo o furtivo deste olhar. Sentimento de paz invade-me, antes não
sentido, percebido, intuído. À noite, recolhido ao leito, deslizo-me por
sombras, por caminhos de trevas.
***
Águas
entre mortais conhecidas. Somos para elas coisa estagnada, ficamos para aqui
exilados, banidos, rechaçados, excomungados. Olho-as fascinado, olho-as sempre
e uma interrogação milenar na minha garganta, por sempre vivo silêncio
perpassando o ouvido.
***
"Não
reterei lembranças
Deixo-as
fruírem
O que
fora, já não é
Deixou de
ser nesse distante voo interior
Desta
minha falsa inocência
No
sumidouro por onde os dilemas se desenrolam
Deste,
meus próprios enigmas e..."
***
Águas
entre-cortadas. O milagre está em ti. Vivo, latente.Tu abristes os olhos num
grande susto e deitastes fora a tristeza toda. Que proibição é não patentear o
des-acorrentar o pretérito? Diante de ti pensava em fugir. Tu não me vias.
Olho-te e sei que está longe.
***
O que a
mim é havido - proximidade com a fluidez universal, liquidez contingente.
Sensações. O que a mim é havido - silêncio dos sons presentes. O que a mim é
havido - uni-versalidade do verbo trans-crito de regências de sin-estésicos
sentimentos. O que a mim há - vida.
***
"Na
fome e na procura desse imaginário
Excedente
sob a cortina da madrugada e do mundo
Umedecido
pelas absurdas gotas vernaculares
A pingarem
sem reticências
Às
dezenas de pernas do leito PENSANTE..."
***
O
desespero enfraquecido. A angústia fracassada. A agonia frustrada. O que a mim
é havido - linguagem separada, a língua reunida, o estilo desvairado de dores e
angústias, sensibilizado de desejos e volúpias do ser e do espírito. A
civilização abandonada a esperar o reencontro. O que a mim é havido - ritmo
alterável. (Imagem instável e desordenada do nada). Revelando a lucidez sem
memória.
***
Vou
esgoelar. Confessar que o silêncio foi um incenso. Um enigma a par. Além das
águas, vou criar nome. Aquém do silêncio, re-criar palavras a lavrarem
invisíveis imagens. Asas do condor. Claridade. O que me foi - distanciamento da
frieza. Loucura domina quem sou.
***
"Oxalá
explicável a voz perdida
De
espreita a circunspecção
D'entre
lâminas das dúvidas
Para
acordes requeridores
De outra
força inda inaudita
Como um
rio engrossado por sementes
Gerrminadoras
de esperanças..."
***
Emocionado.
O badalar dos sinos. Reveste de lisura o universal. O passado diverte-me. O rio
silencia-se, caindo a noite. Espectro, abismo. Macunaímas de espectros
sentimentais refulgidos serenos e tranquilos nos recônditos da alma. Retenho as
poeiras de ser quem sou. Exausto. De ser banido. De ser expulso. De ser
companheiro. De ser cassado. Exausto. De silenciar-me. Calar-me. Emudecer-me.
Exausto de não saber como entabular uma conversa.
***
"Crenças
ilusórias não transparecerão
No
caminho com que meus pés marcam
Substancialmente
o ritmo tácito do meu esquecimento
Ao não
valha a pena lembrar... foi-se!
Extemporâneas
fugiram
Para onde
nascem, morrem
No meu
bocejar engole lua Ahhhh... quê sono!"
***
O que a
mim é havido - canteiro de flores secas ao longo espalhadas, terra seca, por
onde o olhar fitasse tudo destituído de vida, vazia a mente de pensamentos, a
boca tragando e expelindo fumaça de cigarro, nonadas de suspiros no observar a
respiração no seu ritmo contínuo - ao menos a angústia, tristeza, amanhãs
apenas como aparições do tempo?! Destino inexistente, rumo sem horizontes.
***
O que a
mim é havido - cenas do amor seguinte. Vou tricotar linhas e desvendar o mar.
Vou tecer cores e tintas e desvelar os mistérios, enigmas de compor ventos que
passam solitários, acompanhando-os nem mesmo brisas, orvalhos, neves, neblinas.
Desaparece. Liquefaz. Abisma. Desgoverna. Cai o manto da preguiça.
***
O que a
mim é havido - galhos naufragados, espumas abismando águas. O que a mim é
havido - folhas conflituosas, veículos desgovernando estradas. O que a mim é
havido - baladas entristecidas, pingos de orvalho caindo rechaçados.
***
O que a
mim é havido - sibilos desconstituídos, fumaças liquefazendo maquiagens. Há as
ondas, mas há, para além, os passos de quem locomove e traz às vezes o ritmo
nas docas, no cais, vozes. Nas margens de uma estranha nuvem, a linha de um
eucalipto esfuzia até ao indizível.
"Lábios
mordiscados, gélidas indiferenças
Meus
olhos lacerantes gemem
No
infindável murmúrio que a garganta prende
E as
cores da incoerência
O meu
consciente apreende
Como
grãos noctívagos
Em
tempestades de areias
Entre
muros, vielas e
Outras
tantas apagadas cidades
Das
minhas mãos são expelidas..."
***
O que a
mim é havido - ventos insubstanciados, véus desaparecendo desorganizados. Águas
entre(mentes) estendidas. Abundantes, imitam as evidências todas. Alguma coisa
assusta-se e fico à escuta. Tenho medo de mover-me. Alguém me chama? Respondo.
Aguardo uma...
***
O que a
mim é havido - períodos in-subordinados ad-verbiais de lugar, temporais e
causais, orações a priori de princípio, meio e fim pro-jectadas, quiçá, não me
re-corda a mim, aos gerúndios do espaço, e sem vozes acusando o envio,
re-colher-me na alcova insone e silenciosa.
***
O que a
mim é havido - estrelas da madrugada piscando, passos deixados ao longo das
alamedas, o peito arfando de ilusões frívolas, indefiníveis. Tristes trópicos.
Manhã submersa. Estrela polar. Alegria breve. Huis-clos.
***
O que a
mim é havido - cem anos de solidão. Por que clamar presenças? Flor dos trigais
só dá no meio do trigo, aparece em diversas cores e formas. A presença carece
de campo aberta para ser.
***
O que a
mim é havido - vitória-régia no jardim botânico de minhas carioquices,
carioquéias, apesar de viver de quimeras, utopias, devaneios, desvarios, sei
das águas que perpassam as pontes de travessias, de passagens, sei das sombras.
É de me morrer delas, aquáticas as angústias e vazios os sons de chocarem-se
com as docas. É a flor marítima que despetaladamente revela, através da
sensibilidade a liberdade das utopias do vazio, o esplendor nascendo no som
odorante da maresia da liberdade.
#RIO DE JANEIRO(RJ),
09 DE MAIO DE 2020, 07:57
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