#CÁRCERE DAS AMURADAS☠️# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA ***
Tardios
crepúsculos da enigmidade humana de ser a teogonia chicoteada no acme da
comunicação histórica, algazarra social.
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Continuo
sentimento de ilusão...
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O que é
mesmo a vida? Quê despautério indelével dizer estar jogado no mundo, condenado
à busca do ser, à mercê das atitudes e consequências arrastando mazelas nas
situações e circunstâncias naquela busca exacerbada de algo chama-se Existir.
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Terra do
alto vem poeira, poeira da metafísica, poeira da exegese, lá onde a estrada
começa, lá onde as veredas levam ao horizonte distante utopias, fé. Longitude.
Sem-fim. A terra, não sei qual, adulterada. A raça humana devastada. Passa pé,
passa tempo, passa ovelha, passa rebanho, tudo passa no cativeiro dos murais,
no cárcere das amuradas, quase ao abismo, quase à caverna, quase às estâncias,
enfatizando os viveiros eternos das velhas raposas de metal: estátuas de robôs
perdidas no eco imponente, impotente de um estéril edén.
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No sertão
sempre calor, o calor do vazio à busca da lareira das chamas serenas, suaves da
entrega aos solsticios da íngreme mineiridade do sol.
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Tudo
passa...
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Verdades,
esperanças, ideais passam. O nada no palco do mundo, cenas, performances,
monólogos da solidão, silêncio das carências, no mundo sem constelações, sem
serranias.
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Defesa
re-flexiva da angústia. O redemoinho dos efêmeros nadas, até o nada é efêmero,
no liame das nostalgias e melancolias substitui-lhe o vazio, giram solenes e
pomposos à mercê do sibilo dos ventos as socapas truncadas da morte. Pensei que
o nada fosse luz para iluminar o ad-vir do não-ser fosforescendo nas tábuas
rasas das cafuas sem brilhos, mas o nada morre, morre nas defectivas
sinuosidades do abismo de ressonância dos sibilos.
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O vazio é
imortal, perene.
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Se o nada
se converte no ser ao longo do tempo, na di-vers-idade longínqua do
uni-verso-espírito do aquém re-vestido de aléns, o vazio se perpetualiza na
ad-vers-idade distante do além que se re-vers-ifica, no pantanal do silêncio, a
natureza, em soneto do tempo, no alvorecer da liberdade.
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A veras
de agora re-flectida na retina, pupilas faiscando de luz, o peito arfa, a alma
em festa. Num tempo exíguo, escorre entre os dedos, olhos perdidos no
horizonte, na língua o silêncio linguístico da palavra, a comunicação com as
coisas é impossível porque elas não têm subjetividade e a comunicação com as
pessoas é impossível porque elas têm subjetividade. A busca, os desejos, o
catavento do tempo girando. Os deuses eram internautas.
#RIO DE
JANEIRO(RJ), 16 DE MAIO DE 2020, 07:09 a.m.#
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