EXÓRDIO DO ALÉM-MUNDO# GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Dedicatória:
Com muito carinho, amor, agradecimento, de coração
à minha eterna Companheira das Artes, Graça Fontis, dedico este Aforismo,
agradecendo-lhe de coração por tudo nos instantes da criação legou-me com todo
o seu amor e entregas a um ideal, a um projeto. E também à esposa, perfeita
para mim, aquele beijo no coração.
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Epígrafe:
"Serei um pouco do nada in-visível, delicioso,
saboreado com a liberdade de re-fazê-lo, ad-versa, in-versas, re-versasàs
re-vezes das sombras serem luzes da existência" (Manoel Ferreira Neto)
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Tudo é triste sob o céu flamante - o pecado
cristão, ora jungido ao mistério pagão, mais o alanceia. Declinamos os olhos ao
desígnio da natureza, dúbia e reticente: ela tece, dobrando-lhe o langor e
amargor, outra forma de amar o verbo do sonho, de con-templar os sons da alma,
compor-lhe a lírica rítmica.
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O mundo é quiçá: e é só.
O mundo é silêncio
Que faz eco e que volta
A ser silêncio no universo
Noctívago circundante.
O mundo não vale a pena,
Mas não há pena.
O homem é uma síntese
De infinito e de finito,
De temporal e de eterno,
De liberdade e de necessidade,
é, em suma, uma síntese.
O homem é a síntese:
Indivíduo e humanidade.
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Eis a erudição tão ambicionada declamada nos verbos
da esperança de versos líricos, de líricas versais do mito, das idéias, dos
ideais, sonhos, esperança, a morte é inevitável, construo o eterno, disposto a
morrer por eles, declamada nos poemas relativos a ocasos olvidados de quimeras
harmoniosas, de sorrelfas angustiantes; sagrada, de estâncias, criação de
ambições dos deveres morais, responsabilidades éticas, mas ensaio o
"ser-com" da sapiência da vida na vertente do
conhecimento-da-existência, com que perecemos os indivíduos desprendidos e
concretizados, e com ela concebemos, arquitetamos, tornamos a in-ovar,
re-novar, re-nascer a re-presentação do bem-querer amadurecido nas achanas
pranchas do transitório, da insignificância-a-ser, ser-para-o-não-ser,
para-o-patavina-ser com a "erudição da existência", apetite,
devaneio, apetecer, expectativa, ficção, até então que com todas as lógicas do
ser-existência à luminosidade da lógica quantificadora existencial, a
re-presentação do perpétuo ser da realidade encaixilhada no período de
completos os aconteceres.
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Em realidade, em realidade, não deposito crédito em
perecermos o indivíduo, sem nentes percebermos da existência, sem nentes
sabermos de sua exatidão, de sua ciência, sem nentes conhecermos de seu
espírito. Sucederemos pranchas achanas das condicionalidades sentidas, ensaios,
existências assoalham-nos as óticas de quem somos à cata da orientação,
inter-pretação da existência do ente, ser da palavra da existência, ex-tase da
poesia do ser-estar.
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Para re-nascer, bem o sei, numa tarde ensimesmada
de inverno, trazendo nas sombras a aderência das resinas fúnebres com quem me
ungiram, e nas vestes a poeira do carro fúnebre, tarde nublada de início de
julho, em que desapareci, e quando aflorei ao mundo era manhã de julho, o sol
estava nascendo, ainda que ameno. Quê eternidade não tenha passado até
re-nascer, re-nascer das cinzas! Dissera-me con-templando as nuvens azuis:
"Serei um pouco do nada in-visível, delicioso, saboreado com a liberdade
de re-fazê-lo, ad-versa, in-versas, re-versas, às re-vezes das sombras serem
luzes da existência"
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Eterno é tudo aqui que vive um átimo de segundo,
mas com tamanha pujança que se petrifica e nada o resgata. Não desejava ser
senão eterno. Os séculos apodrecessem e não restasse mais do que uma essência
ou nada disso.
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Consideramos os sofrimentos, penares das
perplexidades, dubiedades, ambiguidades, não refutações dos dilemas, lesões,
discórdias do mais longe do eternal, im-perecível do mais longe, o que é a
realidade, o que é o bem-querer, o que é o absurdo, o que é a facticidade. Mas,
nas indagações, expectativas, quimeras, percebemos da existência dos lugares a
existência do supremo, com elas produzimos elocuções de céu-aberto, saberes de
júbilo... Isto é - erudição da existência, carpo da independência, e emancipação
existindo dom do apetite do indivíduo.
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Esperanças. Sonhos. Fé. Utopias...
A leveza do ser é a única que o vento não consegue
levar.
A humanidade do ser é a única que o tempo não deixa
de regenciar.
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Em realidade, em realidade, admito perecermos os
indivíduos sem "erudição da existência", isto é, mergulharmos
profundo na essência do verbo-espírito do ente, metamorfosear o devaneio do
rendez-vous com a realidade, exatidão existindo o sendo-forma nominal e
invariável dos verbos do vir-a-ser, o distinto distinto do distinto, exórdio do
além-mundo. Convoco as lembranças do passado, suspiro pelo que ontem fui
buscar, anteontem desejei realizar, outrora sonhei construir, chorando o tempo
já desperdiçado. Viver é arriscar-se a morrer... Ter esperança é arriscar-se a
sofrer decepção. Tentar é arriscar-se a falhar. Mas... é preciso correr riscos.
Paulicéias desvairadas, Mineirices do lerdo e do divagar carioca.
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Eterno, mas até quando? é esse marulho em nós de um
mar abissalmente profundo. Desapareci, mas ficou esse chão varrido em cujas
pedras passou uma sombra. Na cruz dos quatro caminhos, o poeta elevou o
diapasão para celebrar a vida que aflorou ao mundo, e os apanhadores de centeio
repousaram degustando graviola.
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Os indivíduos somos literalmente, sem tirar nem
pôr, tal e qual perenes, a percepção da eloquência-existência e expiramos com a
existência da palavra a personificar o hino do irreprovável ser da Existência.
#riodejaneiro, 18 de janeiro de 2020#
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