#ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA Maria Isabel Cunha ANALISA O POEMA #Ó ANJOS DAS GAIAS CIÊNCIAS#




A paisagem, a negritude da noite, convidam o sujeito poético a uma interiorização e reflexão profundas. Recorda os monstros que o afligiram no passado, onde, por eles, se sentiu afogado, amordaçado. Ouve um coro celestial de concordância, de paz, apaziguamento e chora de alegria louvando os anjos das ciências matreiras. Ressurge deste estádio de alma de alegria e louvor, para voltar a sentir tristeza pelo futuro incerto com fome e sede, isto é, precisa de ir mais além nos seus questionamentos, nas suas reflexões. Termina com uma dúvida, "Con-templo as folhas verdes
Umedecidas do orvalho da noite?" Tudo foi ilusão, o verde da esperança carregado do escuro da noite. Belíssimo e profundo poema. Parabéns. Adorei ler.
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Em relação à imagem ilustrativa, está deslumbrante. Vemos o autor rodeado pelos monstros que o ostracizam, mas que ele tenta afugentar e sair vitorioso. Parabéns.


Maria Isabel Cunha
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#Ó ANJOS DAS GAIAS CIÊNCIAS#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: POEMA
***
Noite ofegante, negrume dos pinheiros,
Silencioso céu, ilha deserta,
O espaço esvazia-me
Até ao limiar da memória,
Até ao patamar da inconsciência.
***
Por que passaria como um afogado
Entre as correntes do mar?
Onde alastra o meu cansaço,
O afago quente de um coro,
O aceno de sinais que se co-respondem
Como ecos de um labirinto.
Choro meu de alegria, ó anjos das gaias ciências.
***
Sou quem canta, quem delira sem ter febre.
Riso meu de tristeza,
Oh, querubins das considerações intempestivas.
***
Num bafo secreto afloro
O que estremece sob os gestos
Alfim apaziguados.
***
O tempo incide incerto sem medida,
O olhar de criatura se converte na moldura
Entre os éritos pretéritos, entes presentes,
Entre os ais futuros, as idades do eterno
Desta terra sem vida, sem mortes,
Deste mundo morto e triste.
E triste volto a mim
Com sede e fome.
***
Con-templo as folhas verdes
Umedecidas do orvalho da noite?


#riodejaneiro, 22 de janeiro de 2020#

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