#CREPÚSCULO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
No semblante indefinido - à luz deste crepúsculo de
chuvinha miúda -, não essencial do devaneio, do abstrato idílio, vergastando a
zona da razão, o sitio do cogito, atravessando os nervos da leviandade,
assento-me acautelado na esquina de um entendimento petulante, de por baixo da
marquise de uma compreensão insolente – oposto dos devaneios afáveis,
concepções horripilantes. Extermino o fugaz, mas possante argumento
imponderado, incongruente, e conservo-me amofinação, preservo-me re-colhido.
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Desobstruo fossos em meus vividos desordenados,
imprecisos, hipnotizados, sem retentivas, sem anamneses. Agenceio simulacros
anulados, omitidos, eclipses no zéfiro descansado no capim de meu propósito.
Não é a mesma coisa austera, leal, fiel relatar com seiva de antanhos orvalhos
os proscénios que redijo com tinta de anseios olvidados e intenções de
vacuidade. Crepúsculo de chuvinha miúda - sexta-feira de janeiro de sui generis
leveza da alma.
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Derrotado pelas oportunidades de infelizes
flagícios e temporais asquerosos, eu, insulo desamparado ao orvalho das
noitadas frescas e pluviosas, dos dias cálidos e arrefecidos, entre imensidão
de pranto, versejo as inexistências de aragem, cadencio a aura de afastamentos,
versejo de isolamento os poemas desaparecidos.
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Possuo para a actualidade sigilos laicos,
estraçalhados e impressos nos cartórios do intelecto. Talvez pesquise no devir
prévio a quaisquer alvoreceres as responsabilidades e piáculos dos genuínos
namoros. Clamor sonante do anteriormente sentido ou toadas escutadas de um
plangor.
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Com insignificância me agrado, satisfaço-me,
felicito-me, com ninharia me comprazo, com peva me cumpro, com tudo me
martirizo, com o perfeito me desalento, com o universo me escureço?
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Atrás, um devaneio se alteia ao eterno,
acompanhamento materno de odes sonantes,
Melodia imortal de cânticos sós...
#riodejaneiro, 17 de janeiro de 2020#
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