#ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA Ana Júlia Macchado INTERPRETA E ANALISA O AFORISMO #MÚSICA DE LINGUAGEM E ESTILO#
No aforismo do escritor Manoel Ferreira Neto, que
considero sublime a” MÚSICA DE LINGUAGEM E ESTILO”. Refiro igualmente que quem
não gostar de artes, seja ela qual for, não consegue escrever, seja prosa, ou
poesia.
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Opto não, por falar em grandes compositores,
embora, no decorrer da análise alguns sejam referidos, apoio-me
preferencialmente em discussão que este tema pode provocar e tem provocado ao
longo dos tempos.
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As altercações sobre o Índice de medida que confere
o grau que um ser e seu trabalho de natureza escrita, falada ou gesticulada tem
de poesia, do poema e da letra de melodia são intermináveis. Como dizia Carlos
Drummond de Andrade. “Lutar com palavras/ é a luta mais vã.”
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Dose dessa altercação é inabalável. Kant dizia que,
apesar de o Belo ostentar um intuito sem fecho, o discernimento de gosto
ambiciona comunicar-lhe a universalidade, mas essa comunicação é
incessantemente facciosa.
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Em si mesmo, o Belo é um ecuménico, difundido sob
diferentes representações. O “poético” é a autenticação de determinada
intensidade de importância do Belo. Então nunca acercaremos a uma concordância.
Kant dizia que o juízo estético é ilusório, porque temos que comunicar parte do
Belo
o Belo verbaliza –nos muito sobre a disputa entre o
poema e a letra de canção. Se a letra de canção é poética, poderíamos encarar
poetas autores como Noel Rosa e Bob Dylan?
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Neste caso, no campo literário o exclusivo consenso
é a crise. Se por um lado, Ezra Pound granjeava a libertação da poesia enquanto
literatura, por outro, para boa parte da censura hodierna, só há “literatura”,
“poesia”, “arte” porque conversamos sobre ela. Trata-se de um kantismo
conceitual. A floresta de símbolos converteu-se mais infecunda de que três
despovoados.
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Um poeta como Vinicius de Moraes, por exemplo,
redigira tanto poesias, quanto letras de música. E os distintos elaboradores de
sua obra conservaram a divisão entre ambas. Desta forma, quando nos inquirimos
se a letra de música pode ser vista como um poema, devemos ter em pensamento aspectos
mais ou menos distintos e análogos entre ambos na história da poética
ocidental.
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Costuma-se murmurar da liberdade do poema em
paralelismo à letra de canção, que seria submetida à música. Por outro lado,
igualmente se costuma verbalizar que há literaturas poéticas e poemas sem
poesia alguma. Portanto, a poesia poderia ocupar ou não o poema. Os poemas e
letras de canções seriam então como o invólucro seco de uma gaziza:
desperdiçado o canto da alma, sobeja o mutismo.
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Recorrendo a Kant, adoptando a falibilidade desta
tarefa, careceríamos analisar o que é o termo “poético”. Dizemos que uma letra
é poética como dizemos que um panorama é poético ou que as cantatas de J. S.
Bach são poéticas. Mas quando algo nos aborrece, dizemos tão-somente que isto é
desaprazível, de mau grado ou somente que é vergonhoso.
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Podemos falar igualmente que o poema é
desengraçado, não impeditivo contenha outro atributo. Em exactidão, o poema
pode ser mais ou menos comum. E a enfado do relativismo da censura hodierna e
do conceito de poesia como espírito, as disparidades nas artes entre o verso e
a prosa eternamente foram os componentes musicais e picturais mais
centralizados no verso do que na prosa. O oposto do “poético” seria, portanto,
o “prosaico. Poderíamos então dizer que determinado panorama ou que as cantatas
de J. S. Bach são prosaicas?
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No entanto, uma vez que o prosaico é uma
característica da prosa, devemos saber então o que é propriamente poético e
prosaico.
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Sem deixar o valor de uma leitura linear, alguns
poemas encaminham a indicação rítmica, cujo intuito sem fim, como diria Kant,
arrisque a mimetizar, ou ainda dissimular, como diria Fernando Pessoa, os
factos presentes no poema. Enquanto, através da divagação a linguagem
metafórica mobiliza a idealidade, repetições, consonâncias e o funcionamento
rítmico retratam a sonoplastia da acção e sensibilidades.
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As letras de música igualmente exibem versos e
podem, ainda que resignados a determinada linha melodiosa – a da canção,
abarcar mais ou menos esses componentes poéticos. Mas enquanto efeitos
retóricos e figuras de linguagem, como a metáfora, são indubitavelmente
reconhecíeis nas letras de melodia, figuras formais, como a repetição e a
consonância, são menos comuns, podendo casualmente deteriorar a melodia do
canto. Já os elementos pictóricos, como a aclarar tudo longamente, expor em
detalhe, por extensão de sentido, descrever., Por ex., desbaratariam o valor na
música executada, salvo com a sua impressão em papel.
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E enquanto a melopeia da canção pode sustentar uma
vogal por muito tempo, a durabilidade das vogais no verso é delimitada. E se no
caso da poética clássica tanto a língua grega quanto a latina anunciavam valor
de qualidade (duração) vocálica como diferencial métrico, nas línguas genuínas,
como o Português, a tonicidade, a marcação melódica através das rimas, etc.
passaram a exercer um papel funcional e estético. Mas ao contrário do que
acontece com a letra de canção, se diminuímos os elementos poéticos do verso
apoiando o estilo, ele apenas se torna mais prosaico.
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E termino com uma ideia do escritor, que diz tudo
acerca deste tema; “O universo ouve, o horizonte escuta, o infinito
sente-se-lhes nos recônditos mais íntimos..."
Ana Júlia Machado
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RESPOSTA À ANÁLISE SUPRA
Trata-se de um texto de 2018, Aninha Júlia.
Aproveito a oportunidade aqui para um breve comentário. Particularmente,
considero Bob Dylan o gênio poético da música americana. Sua obra é de valor
tão inestimável que foi laureado com o Prêmio Nobel da Paz. Bob Dylan
influenciou muitos músicos americanos, mas ninguém inda foi capaz de ombreá-lo
na poesia de suas canções. Aqui no Brasil quem eu considero também gênio
poético da música é Chico Buarque de Holanda. Agora mesmo estou ouvindo Bob
Dylan, enquanto escrevo.
Manoel Ferreira Neto
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MÚSICA DE LINGUAGEM E ESTILO#
GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
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Quê sonho!...
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Não compôr música com todos os recursos da
criatividade, o espírito se trans-literalizando em notas, ritmos, melodia,
acorde. Compor um texto, cujas palavras são ritmos, cujas letras são notas,
ritmo, melodia, acorde compostos de metáforas, semânticas, linguísticas. Música
é poesia e poesia é música. Mas esta música executada pelo piano dos desejos,
esperanças, volos, pela cítara das quimeras, sorrelfas, fantasias, pela harpa
das dores e sofrimentos da alma, pelo violino das dimensões sensíveis, uma
música executada no in-finito do espírito, ouvido contingente sendo impossível
ouvi-la, só o ouvido inaudito do silêncio do som. Música de letras, música de
metáforas, música de linguagem e estilo prosaico.
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Quiçá sonhos significam inauditos que o
In-fin-itivo dos verbos trazem em si dentro, e no sentir-lhes o ser, floram-se
na floração da espiritualidade! Quiçá o sejam, não sendo-sendo quiméricas
sorrelfas da inspiração que tudo trans-cende, trans-literaliza, trans-eleva aos
auspicios do In-finito.
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Sonho, além dos sonhos dentro de outros que são
luzes que nos circundam ao longo das sendas, trazemos no mais re-côndito,
esperando o instante de ser a-nunciado, revelado em toda a sua ampl-itude.
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Este sonho trago em mim, sempre latente de sua vida
percorrendo in-finitos, universos, horizontes, esplendendo suas luzes,
numinando os campos.
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Fechar os olhos, deixar o espírito fluir leve,
livre, no seu recôndito compondo uma música de espiritualidade,
pres-ent-ificados dons e talentos, sensibilidade na confecção de lírica, versos
e estrofes representando o que o inaudito traz de genesis para a re-novação e
evangelização das esperanças, embora as dificuldades que se apresentam neste
instante de composição e criação, alfim música e lírica nascendo em uníssono é
arte das mais complexas, mas os querubins da magia se pres-entificam, música e
lírica são compostas com excelência de magias e perfeições, resta executá-la no
piano, acompanhada da cítara, da harpa, do violino para a extasia do ouvinte,
sentir o espírito florar-se na floração de seus sentimentos e emoções.
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Por vezes, quando me sinto sensibilizado, leio
alguns excertos de texto, sentindo-lhe intimo a presença da música, ouço-lhe,
mas me sinto inda carente da música de palavras, de letras. Digo-me circunspecto:
"É um sonho que pode ser transliteralizado em inúmeras dimensões,
deixando-lhe florar-se na sua floração de espiritualidade. O universo ouve, o
horizonte escuta, o infinito sente-se-lhes nos recônditos mais íntimos..."
#riodejaneiro, 23 de janeiro de 2020#
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