ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA Ana Júlia Machado ANALISA E INTERPRETA A PROSA #CREPÚSCULO#
No texto do escritor Manoel Ferreira Neto vou
começar a análise por uma das suas frases “Aceito a Vida como ela é, não aceito
a existência como é.”
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Ser ditoso é saber usufruir das realidades simples
da vida no instante em que elas sucedem: um ocaso, uma aragem no semblante, o
odor de terra posteriormente da pluviosidade, o ruído da imensidão, o entoo de
um passarinho, o viço da pluviosidade seguidamente um dia sufocante, o amplexo
de um afetuoso, o ósculo de quem tanto adoramos, a parceria de quem é relevante
para nós, livremente de onde residamos...
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Quem habita as realidades elementares da existência
assimila que é necessário deveras muito parco para nos fazer ditosos, embora
insistamos em dificultar os factos.
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A real satisfação aflui da erudição que nos corrige
a deliciarmos que existência possui de superior e mais básico: o que é sublime
aos olhos e cálido ao coração...
Como dizia Caio Fernando Abreu – encontrava-se
arredando de tudo que o retarda, que atraiçoa, o agarra e o embarga. Está
achegando-se de tudo que o compõe completo, o faz afortunado e que lhe deseja
felicidade. Está usufruindo tudo de benéfico que essa nova vida possui. Está saboreando
a realidade para deliciar, um outro, alguém. Está conduzindo para próximo de si
quem ele deseja e quem gosta dele igualmente. Recentemente está somente
tencionando enxergar o ‘benéfico’ que todo planeta possui. Afrouxa, resfolega,
abespinhar é benéfico para quem? Vence, aguenta, compreende: eximo de enigma
não conhece seja quem for. Pretende habitar, habitar superiormente, habitar
rindo-se e até ser possível. Encontra-se ditoso, está tranquilizado, com a vida
está feliz.
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Revejo o escritor Manoel em tudo este cenário…deixa
a vida que teve infeliz para traz e corta de vez com a estirpe…e vive o seu
grande amor que encontrou e que é extremamente feliz. Aceita a vida, já o que a
envolve não…a hipocrisia impera e a falsidade…a sociedade está corrupta.
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Pretende escutar o sorriso da amada
Pois de hoje para a frente
Pouco interessa a perspicácia.
Eu vou adejar repetidamente
Pelas vias caminhar
Enlaçar a existência e beneficiar
Tudo o que nela existe.
Escalar as montanhas
Desprevenido caminhar
Vou ascender os astros
nos meus devaneios fantasiar,
Ana Júlia Machado
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#CREPÚSCULO#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: PROSA
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No semblante indefinido - à luz deste crepúsculo de
chuvinha miúda -, não essencial do devaneio, do abstrato idílio, vergastando a
zona da razão, o sitio do cogito, atravessando os nervos da leviandade,
assento-me acautelado na esquina de um entendimento petulante, de por baixo da
marquise de uma compreensão insolente – oposto dos devaneios afáveis,
concepções horripilantes. Extermino o fugaz, mas possante argumento
imponderado, incongruente, e conservo-me amofinação, preservo-me re-colhido.
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Desobstruo fossos em meus vividos desordenados,
imprecisos, hipnotizados, sem retentivas, sem anamneses. Agenceio simulacros
anulados, omitidos, eclipses no zéfiro descansado no capim de meu propósito.
Não é a mesma coisa austera, leal, fiel relatar com seiva de antanhos orvalhos
os proscênios que redijo com tinta de anseios olvidados e intenções de
vacuidade. Crepúsculo de chuvinha miúda - sexta-feira de janeiro de sui generis
leveza da alma.
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Derrotado pelas oportunidades de infelizes
flagícios e temporais asquerosos, eu, insulo desamparado ao orvalho das
noitadas frescas e pluviosas, dos dias cálidos e arrefecidos, entre imensidão
de pranto, versejo as inexistências de aragem, cadencio a aura de afastamentos,
versejo de isolamento os poemas desaparecidos.
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Possuo para a actualidade sigilos laicos,
estraçalhados e impressos nos cartórios do intelecto. Talvez pesquise no devir
prévio a quaisquer alvoreceres as responsabilidades e piáculos dos genuínos
namoros. Clamor sonante do anteriormente sentido ou toadas escutadas de um
plangor.
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Com insignificância me agrado, satisfaço-me,
felicito-me, com ninharia me comprazo, com peva me cumpro, com tudo me
martirizo, com o perfeito me desalento, com o universo me escureço?
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Atrás, um devaneio se alteia ao eterno,
acompanhamento materno de odes sonantes,
Melodia imortal de cânticos sós...
#riodejaneiro, 17 de janeiro de 2020#
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