**DO QUE DÁ ALMA* - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Sentir, viver o sentido, vivenciar os desejos que nele habitam, que nele
residem, que nele moram.
Sentado na poltrona, confortavelmente re-costado. Chama-me a atenção a
força da liberdade. Voo, deixo-me livre, toque singelo, toco a distância.
Chamaria a distância de "mistério"? Chamá-la-ia "enigma"? O
que me impede de segui-la? Não estou agrilhoado a ninguém, não estou algemado a
coisa alguma. Pergunto-me: "Por que só agora com-preendo, entendo sou por
mim?"
Olho em todas as direções, florestas, mares, rios, abismos, voo. Os
horizontes me pertencem, estou indo à busca do que me dá alma, do que preenche as
falhas e ausências, do que faz em mim nascer outros sentimentos, outros sonhos.
Eis a carência aqui e agora. Eis o momento.
Deixei os pretéritos preterizando o vivido, as vivências, os éritos
eritizando as experiências. Para o hoje ser na sua plen-itude, o sentir de
agora se des-faz. Para o amanhã chegar na sua etern-itude, sonhos e esperanças
se refazem, re-nascem, re-constituem-se, inovam-se, renovam-se. Ecos distantes
no além do tempo.
Quero leveza de asas, velocidade de círculos. A jornada é longa. Reflete
o luar o amanhecer, alvorecer de outras ilusões - ilusões são mensagens de
esperanças -, fantasias - fantasias, poemas lançados aos universos à busca do
eidos das verdades, alimentando-se dele para no tempo ser verbo, para ser
dimensão do sonho, e não quimeras da mitologia grega com suas eternas mensagens
de outras dimensões da vida a fim de esconderem as viperinidades de Sodoma e
Gomorra, atrás da mitologia, as trevas, esquizofrenia, esquizoidia.
O silêncio é a liberdade. A solidão é a luz que ilumina a liberdade.
Voo. Voo. Voo. Estou indo à busca do que me dá alma...
(**RIO DE JANEIRO**, 29 DE ABRIL DE 2017)
Comentários
Postar um comentário