#FRIOS ESPÍRITOS DE GELO NO LIMIAR DA APARIÇÃO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Fora, a noite resplandece límpida, ponteada de estrelas que velam o
ossuário da terra, des-vela o crepúsculo medieval de sombras no velório milenar
de luzes, como de flores de ramo não invisível de todo, mas a visão quase pouca
lá não chega inteira, lá não se realiza por completo. A cidade imobiliza-se
desde toda a eternidade, imensidão do mundo, imensidão da terra, imensidão do
espaço sideral, horizonte celeste, o ar é leve e suave, gélido - um êxtase.
As noites na cidade não são quentes, tão quentes que só mesmo com
esforço é-se possível conciliar o sono. E se, mesmo com esforço e determinação,
luta e persistência, não se é possível conciliar o sono, o melhor é sair de
casa, andar a esmo pelas alamedas, becos, e, retornando, tomar banho, e tentar
conciliar o sono, colhendo as lágrimas nas mãos feitas concha, lançando-as ao
ar qual confetes. Com **faits** de lágrimas na escuridão numinando o espaço.o
sono vai-se esgarçando na passagem das horas.
Ainda é inverno. Inverno de presenças pres-ent-ificando-se. Inverno de
ausências ausentando-se. Inverno de ecos de silêncios ecoando-se, ouvem-se-lhes
fora do mundo, lá onde as paisagens não são imagens, mas efígies destituídas de
face e rosto.
(**RIO DE JANEIRO**, 20 DE ABRIL DE 2017)👁️
Comentários
Postar um comentário