**ATRÁS DOS COELHOS DE AMANHÃ** - PINTURA: Graça Fontis/AFORISMO: Manoel Ferreira Neto
Das sombras que residem em suas bordas e alforjes, cogitos e algibeiras,
aprecio-lhe, sobremodo, por pensar, sentir ser erudito, emocionar ser clássico,
o que mais amo fazer, a erudição ilumina o que há de inconsciência no espírito
de desejos latentes e manifestos, jamais esperando por isso ser sábio, pois que
me livra incondicionalmente da baixaria da Modernidade, despautério de suas
intenções de ser luz, de ser princípio de outros verbos e versos no imaginário
da humanidade, de ser verdade no tabernáculo das esperanças e sonhos, senáculo
olímpico de toda a mesquinharia de suas idéias e projetos, discursos empolados
eivados de incólume poder e des-enfreada insanidade, no pináculo das
vulgaridades do caráter e das personalidades mesquinhas; quê tempo estranho e
esquisito este, comungando tabernáculo e senáculo!
Esperaram com o coração nas mãos feitas concha que a Modernidade desse
as respostas a todas as coisas, mas não dera alguma, o que fizera foi ainda
mais aumentar os questionamentos, confundir os alhos com os bugalhos, noutra
linguagem, bagunçar o coreto das necessidades e ausências, da falta do ser e do
ser insuflado de in-verdades e ideologias vãs, do aqui-e-agora, mediocridade do
porvir e do vir-a-ser, não que conheço a fundo as suas estratégias de construção
no que tange aos questionamentos do efêmero e eterno, valores e virtudes da
verdade transparente, construindo idéias com as palavras, criando utopias com
os sentidos, fé e esperança com a continuidade do “Ser” que se faz
continuamente, uma verdade que em mim vive e que dela não consigo, mesmo que
fizesse todos os esforços possíveis, os impossíveis não fossem esforços,
labutas e lutas, porém esperanças, desvencilhar-me das escravidões do tempo nos
seus séculos e milênios, fazendo com que sejam múltiplos, não havendo qualquer
chance de prendê-los, algemá-los, acorrentá-los a algumas verdades que
res-pondam ou correspondam àquilo de dizer que a porteira de Ouro Fino está
aberta à passagem da vida à luz da morte, que dêem a última e derradeira
palavra aos interesses e ideologias da meia-noite, dos mistérios do lobisomem
das culturas, dos pensamentos, atrás do mato de hoje, haverá coelhos, atrás do
mato de amanhã, haverá coelhos e mais coelhos, atrás dos coelhos de hoje os
matos de ontem foram íngremes, atrás dos coelhos de amanhã, os matos de hoje se
estenderão pelos chapadões e abismos, por todos os cantos e re-cantos do sertão
seco e íngreme, que tanto amo e sonho outros panoramas de perspectivas do amor
e solidariedade, panorama de miséria a olhos nus, a multiplicidade deles
re-vertesse as entre-linhas em linhas, vice-versa, e não ec-sistissem condições
de discerni-las com inteligência, razão, mesmo com todas as tramóias do
intelecto e sensibilidade, tendo de considerá-las únicas para que algum entendimento,
compreensão seja não apenas trans-parente, mas que trans-cenda a mera
contingência da vida, o bem e o mal, a virtude e a calhordice, os regaços da
alma e os córregos dos instintos à flor da terra ou escondidos por vegetação
rasteira, como posso observar sempre que me encosto na ponte do Córrego Santo
Antônio, por vezes observando o prédio do hospital acima, onde abri os olhos no
mundo, nalgumas viagens que empreendo e real-izo em busca de outras
ins-pirações para id-ent-ificar a espiritualidade dos homens no misticismo e no
mítico da fé e esperanças da “UTOPIA CRISTÃ NO SERTÃO MINEIRO”, o esgoto aberto
a todas as manifestações da natureza, expressem a verdade ou mentira dos
contrastes da vida contingente ou social, política e econômica, dizem do péssimo
ou divino odor, até as narinas são livres para confundir o que inalam, que
infesta todos os horizontes da terra.
(**RIO DE JANEIRO**, 14 DE ABRIL DE 2017)🤔
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