Sonia Gonçalves ESCRITORA E POETISA COMENTA A PROSA /****DESLIZAR PROSAICO VERBALIZA POETICAMENTE COTIDIANO CONTINGENTE DA METRÓPOLE SÃO PAULO**/
Boa noite Manu de madruga já... Agora que consegui ler sua prosa , seu
lindo texto poético e urbanizado nas ruas de São Paulo, né? Gosto muito de
vê-lo falar de Sampa, pois você me lembra aqueles escritores talentosos que
escreviam para jornais antigamente, sempre acho que é um deles...E falou coisas
lindas e deve mesmo porque se você apanhar somente as coisas boas,
principalmente no que concerne à boa mesa e cultura, teatros, cinemas e eventos
culturais é óbvio que Sampa arrasa, agora se for para o lado cru do concreto a
cidade tem um coração de pedra, mas você capta o teor poético que se esconde
pelos imensos asfaltos desta. Seu texto dá uma boa passada por todo cenário
desvairado e apressado de Sampa a cidade meio brasileira, meio americana
fazendo uma comparação com, segundo dizem, "New York" que não conheço
mas parece semelhante sim..., deixou transparecer um pouco da sua biografia,
deixando claro sua passagem por Sampa em algum tempo da sua vida.. Suas letras
perfeitas, seu vocabulário fino e requintado combina perfeitamente com a
Pauliceia desvairadamente cultural...Iras e deleites de tu'alma guardaram só as
lembranças boas, ainda bem, porque apesar de amar Sampa, não vou inventar uma
cidade europeia somente para mim, Sampa deixando muito a desejar, mas me
completando poeticamente falando, ainda mais lendo a sua inspiração pelas
sendas e ´praças de São Paulo.Eu agradeço seu texto precioso meu
querido...Depois que nos falamos até te achei na lembrança de Sampa do ano
anterior...O que posso dizer?Cada dia aprendo mais e melhor lendo-te. Seus
textos super cultos e criativos, você meu querido escritor que me faz viajar
feito poeira das estrelas pelo espaço...PS: Juraria que você é Paulista desde
criancinha =D rsrsr Beijos Amei.
Sonia Gonçalves
**DESLIZAR PROSAICO VERBALIZA POETICAMENTE COTIDIANO CONTINGENTE DA
METRÓPOLE SÃO PAULO**
TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis
PROSA: Manoel Ferreira Neto
/**SÃO PAULO, TERRA BOA/SÃO PAULO, TERRA DA GAROA.../
PARABÉNS SAMPA!**/
Ex-patrio-me em poemas volúveis, voláteis, em vocábulos opostos de
orientação e compasso, vernáculos dialéticos de oriente e ritmos, de ocidentes
e melodias, em palavras de sentidos ambíguos e questionáveis, em idéias que
compõem princípios e verdades, em intenções que são ad in-finitum diametralmente
contraditórias aos sentimentos, em fundamentos-versejas de acordes e
intrigalhadas que não se britam nos ais, impugnações e suplícios, que
permanecem longe das alforrias do dom de benquiser, dos enigmas das veredas,
dos mistérios do in-audito, dos segredos do inter-dito, na jornada de totais
devaneios, idílios, longe das sublimidades e erudição das causas primárias e
elementares, nas gulodices privadas que permanecem longe da míngua, das
carências e apiedados das faltas e nostalgias...
Sinuosidades…. Sinuosidades… Sinuosidades.
Iras de deleite resvalam tênues nos esconsos de minh’alma. Iras de
querença límpida atravessa-me o âmago; fincado ao peitoril da ventã, olho o
longínquo horizonte, perscruto-lhe; amando o amor, sigo a jornada, jornada de
encontros, des-encontros, jornada de vaidades e buscas. Iras de poemas de minha
lira, "adrejos do não-ser", vagueiam soltos, escoltam o silvático da
arboriza. Iras de pasmos do bem-querer experienciado na alma, entressonho as
soalhas, fantasio os agras, sonho os planaltos, abanco-me no rebo "âmago
do espectro", profiro vocábulos à ventosidade, recito palavras à revelia
dos desejos e querências, treinando a felícia do bem-querer, do afeto, da
meiguice, dedicado.
Se hoje vislumbro as nuvens brancas, sentindo os gerúndios de pretéritos
que foram luzes a incidirem nos horizontes das esperanças do belo e eterno, do
absoluto, amanhã, recostado na amurada da ponte de um córrego, olho as águas
turvas passando, pensando no particípio infinitivo de desejos do perene, e no íntimo
perpassa-me leve e suave o vento de genesis de todas as esperanças e sonhos.
Se ontem a vida pôs-me em mãos a auto-hipocrisia para não sucumbir
frente as intempéries, para sobreviver, ocasionando-me dores insofismáveis,
sofrimentos incólumes, contrariava os princípios em que acreditei, hoje as
verdades subiram degraus inestimáveis, cuspo-as, borrifo-as, vomito-as livres e
potentes.
Iras de ruídos surdinando os apetites e animas, os sabores e animus,
terçando, vociferando à existência as propensões do sublime, da pulcritude.
Iras de sonâncias "apiedadas" da melodia da extensão e dos ênfases
das quimeras, ritmo de distância e dos ex-tases do sonho, cadenciando de
perturbações e sensibilidades as veredas do suceder ondas, número indeterminado
da luzência alumiando o intelecto de conceitos, imaginários, o devaneio
idealiza o lunático nos sopores de tempos a surgirem nas ansas de diferentes
expectativas da realidade. Iras de pazes a adejarem acima das serranias de
cerrações, ciciando sátiras de distantes consoladoras, surdinando palratórios
de longínquas comunhões da realidade e do bem-querer. Iras de momentâneas
eventualidades do nentes, do oco a cruzarem pela extensão extranatural, sentido
ao infindo.
Imensidão de quimeras... Imensidão de aspirações... Imensidão de
divagações... Imensidão de eloquências da realidade... Imensidão de infindos
apetites...
Nesta gleba estéril, ingreme, vale mirrado, vias sinuosas, folhagens
mirras que bailam ao ambiente e à aragem. Mastros fenecidos, marcho viandante,
trilho sendeiro, ainda que equivocado, ainda sou guerreiro, ainda estou em
questão. Afoito de arrebatamento, convicção, quimera, expectativa, querença,
engenho, conquista. E nesta vereda, nonada, travessia, ser-tao de poeiras,
estradas, cravo o encalço da minha biografia.
Se hoje proseio livre causos folclóricos, re-velando com simplicidade o
hilário da sociedade, mostrando as hipocrisias, amanhã emudeço a prosa,
recosto-me no parapeito da janela no alvorecer, deixando os olhos distantes, no
íntimo sentimentos de ilusões do eterno, tudo é passageiro.
Na tranquilidade e no isolamento, nas estradas de poeiras e nas sendas,
no re-colhimento e na exposição todas as prósperas sensibilidades surgem à
superfície, refazem sentimentos, sonhos, utopias, tecem esperanças e fé com a
linha de crochet dos mistérios e contingências dos sentimentos da vida. E as
cogitações encaminham até ao amor, a fonte plena do sentido dos versos e prosas
da felicidade, do encontro eterno com as águas cristalinas do verbo.
(**RIO DE JANEIRO**, 24 DE JANEIRO DE 2016)
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