**LINGUAJAR HILÁRIO E INTELIGÍVEL LEGITIMA IMPROBIDADES DO SISTEMA** - TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis/SÁTIRA: Manoel Ferreira Neto
Conheço-lhes o humor, caríssimos leitores, e tenho a divina absoluta
certeza de que vão dizer aos quatro cantos da cidade, enquanto houver o vento
que espalhe será dito com eks-clusividade: “Nilson Serqueira largou mão de
desfilar os jegues em seu jornal, agora está montado no seu cavalo pura raça”.
Não deixa de ser verdade, o cavalo está em cena nas páginas desta edição; a
intenção não foi de re-novar, as situações e circunstâncias exigiram, a
responsabilidade é delas. Re-novaria, se tirasse a chuva do cavalinho, e isto é
mesmo impossível, não me fora doado o dom de fazer milagres.
Não há duvidar que os meus jegues sejam implacáveis para provocar o riso
deslavado, meus cavalos têm um quê de sérios e circunspectos. Jamais montei num
jegue, por isto dizerem que o desfilo nestas páginas. Isto não. Monto bem, sei
cavalgar. Na infância tomei tombos homéricos, quando não me desequilibrava nas
corridas, a cela afrouxou-se. A minha última montaria aconteceu há seis anos
num churrasco de aniversário de grande amigo, também cai na corrida, e foi no
cascalho desta vez. Nas minhas colunas, não vou montar neles, vou arranjar-lhes
os cavaleiros, só mesmo os exímios terão este privilégio. Exímios cavaleiros
fazem cavalos eternos, fora assim que Incitatus se tornou eterno, e no Império
Romano. Quem vai montá-lo agora é o digníssimo senhor prefeito. Não há quem não
conheça e re-conheça minha finesse e generosidade.
Há quem use este ditado a torto e a direito e não sabe o que mesmo
significa. Digo-lhes o significado para as intenções ficarem bem transparentes
e esclarecidas. Significa: desista, pois o que está desejando em tempo algum
será realizado, nem mesmo depois da consumação de todos os tempos. Vou
aproveitar para enfatizar o esclarecimento: “Tirem, leitores, o cavalinho da
chuva, pois não vou largar mão de meus jegues, estou é colocando o cavalo em
cena. Jegue e cavalo são duplas fantásticas, vão legar-me grandes resultados e
saltitâncias”. Quem sabe até não modernize outra fala do povo – dizem: “amigos
são bois de carro”, passem a dizer: “amigos são jegue e cavalo puxando
carroças”.
Não há alternativa: vou tirar meu cavalinho da chuva, faço isto ou vou
acabar me ferrando, não me será agradável andar nas ruas de pedra de ferradura
aos olhos dos transeuntes. Serei objeto de mofa.
Sonhar é maravilhoso, magnífico, dá forças e esperanças de outra vida,
realidade, desfrutar as conquistas, sentir verdadeiramente o que é a alegria,
felicidade, saber que os feitos e obras servirão a todas as gerações. Aliás,
ser homem é sonhar, não há vida sem sonho. Existem os sonhos impossíveis,
insistir neles é uma cavalice sem limites, para não dizer uma jeguice
juramentada.
Desejar mudar a mentalidade das autoridades, em particular dos
prefeitos, com matérias jornalísticas ou através de sátiras as mais deslavadas,
entupigaitadas de cinismo e ironias picantes, sarcasmos apimentados, não
adianta. Não me é dado saber se por picardia, mas quanto mais se lhes descasca
os pepinos, mais as arbitrariedades e despautérios aumentam. O que se consegue
com isto é o olhar brilhante de fúria, a cara de quem comeu e não gostou, o
nariz torcido, alguns usando a santíssima e diviníssima diplomacia, noutros
termos, a velha e surrada hipocrisia dos três tapinhas no ombro nos eventos
sociais, políticos, artísticos e culturais, e mesmo pelas calçadas das ruas e
avenidas do centro. Este mesmo prefeito, certa vez, encontrou-me numa feira
dominical, havia pouco lavei a alma de alguém de sua equipe. Vendo-me
acompanhado de minha Josefina, abriu um sorriso de orelha a orelha: “Como
vai?”, respondendo-lhe eu que estava “pelejando”: “Pelejando, senhor prefeito”.
Pau que nasce torto morre torto, por mais boa vontade que se tenha, só
mesmo Deus para endireitar o pau, não vai gastar seus poderes de miraculoso com
paus, há homens necessitando deles com urgência, estão sofrendo o pão que o
diabo amassou com o rabo com suas doenças incuráveis.
Vale repetir a pergunta de Cícero, o imortal – acabei usando um vocábulo
indecente, jurei de pés juntos tirar-lhe de minha língua, “imortal” é o membro
de covil de gênios, membro de academia de letras que não escreve única letra em
papel higiênico -, o eterno tribuno e filósofo romano: “Até quando? Até quando
assistiremos a tantos absurdos?”
Jamais se viu tanto disparate e despautério na política de nosso
município, Lúcifer está ad-mirado, já disse que não receberá tais políticos, em
especial, o prefeito, em seus domínios no inferno, está precisando de alma boa
para lhe ajudar a administrar o reino das trevas e das chamas. A prefeitura
virou hook de empregos, e o zelo pelo patrimônio de todos está longe de ser o
ideal. O nerinho e seus piromaníacos não ligam a mínima para o verde do
município. A cidade está ao deus-dará. Descalabros de todas as laias e
estirpes. Cavalo “pastava” todo à vontade, mastigando e triturando o capim,
fazendo trejeitos com o focinho, mostrando os dentes, na rua Marechal Deodoro.
Ficaram estupidificados, leitores? Não se estupidifiquem, não! Trata-se de
coisa mais que trivial. Disseram-me, afianço que não sei da verdade da
informação, mas o prefeito prometeu colocar cochos nas ruas e avenidas para os
cavalos, nalgumas matarias de algumas ruas do centro ou da periferia há plantas
venenosas. Ninguém mais observa, ninguém mais diz alguma coisa, não adianta.
Enquanto isso, nalgumas esquinas e praças, correm notícias, sempre há quem mas
contem, de atitudes estapafúrdias ou inaceitáveis para uma administração que
almeja mostrar algum valor por mais ínfimo que seja, o que está revelando é ser
o pior de todos os tempos, não se duvida mais, é a pior, antes mesmo de Deus
jogar uma sementinha de arraial no chão de terra trincada.
Leitores, este “pasquim di-verso”, que acabo de criar para cuidar com
esmero das matérias de tablóides, a linguagem e estilo deles são para convencer
os leitores de que estão cumprindo a função que lhes é de obrigação, mas, na
verdade, não dão a mínima, nada fazem, está sendo fundamentado, inspirei-me num
jornal de agosto deste corrente ano, que fora deixado no “Correio” de minha
redação, quem o fizera desejava que lesse com percuciência, emitisse o meu
ácido crítico; põe-me em mão a responsabilidade de criticar, envenenar os
cretinos, imbecis e súcias. Não vai adiantar coisa alguma; contudo, ponho a mão
na massa, tirando o cavalinho da chuva que o prefeito vai se enrubescer e
tentar mudar os rumos de sua administração, é porque estou criticando que ele
vai procurar ser ainda pior do que já está sendo. As vezes que destilei os
ácidos, e não foram poucas, cuidaram haver sido fruto de minhas sandices e
varrências, estava precisando chamar a atenção para ser reconhecido e
considerado.
Quem não sabe, meu Deus, que o interesse verdadeiro é o poder, sentar na
cadeira giratória e re-festelar-se. O colunista, nesta específica matéria, está
perguntando se existe fogo por trás da fumaça? Para tantos despautérios,
ausência de senso, de inteligência e até de sensibilidade, deve mesmo haver
fumaça à frente do fogo. Claro, e não é necessário ser intelectual ou uma
cultura inestimável para saber que o prefeito em questão sempre esteve
interessado no poder, iria massagear-lhe o ego, iria poder rebolar mais um
pouco pelas ruas, sentir-se grande; não era de seu interesse fazer alguma coisa
pelo município, engrandecê-lo, proporcionar-lhe desenvolvimento e progresso.
Também jamais teve capacidade para isto, faltam-lhe miolos políticos na
cachola. Continuando a dizer o colunista, está escrito que neste “quatriênio de
trevas, o ridículo se estabeleceu neste chão”. Não sei se diga se há em suas
palavras um engano ou um equívoco dos mais solenes. Pelo que me conste, esta
administração está com um ano e dez meses, para ser bem específico, e neste
tempo infelizmente o ridículo está estabelecido neste chão. Ainda restam dois
anos e dois meses para os quatro anos. Ao longo deste tempo, este ridículo que
a nossa comunidade está presenciando ainda é “fichinha” para os outros que hão
de vir. Terminada, em nossos manuais históricos estaremos inscritos na “era do
ridículo”. A Idade Média – in-verdade, obviamente – é considerada o tempo das
trevas. Nossa época atual, com esta administração pública, estará nas páginas –
verdade mais que verdadeira – como a “era do ridículo”. Sugeriria a uma geração
que há de vir que faça o busto de bronze do prefeito, colocando em praça
pública com a inscrição: “o pioneiro da era do ridículo”, é uma homenagem bem
merecedora, enfim não é sempre que se tem este privilégio.
(**RIO DE JANEIRO**, 10 DE JANEIRO DE 2017)
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