Ao caríssimo amigo, Foma Fomitch - Manoel Ferreira
Recebendo esta missiva espero estejais gozando de alegrias e conquistas.
Caríssimo, Foma Fomitch, desde aqueles velhos tempos, anos 80 em que
fazíamos doutoramento em Filosofia da Estética, em níveis diferentes, fazíamos
algumas disciplinas juntos, conhecendo bem as suas tramóias e trambiques na
linguagem, ornamentos e arrebiques do estilo, para des-velar que você estava
com um "segredo de alcova" com os cumprimentos dirigidos à minha
companheira e esposa, desejando dela saber se de imediato à criação de um
texto, de uma sátira, poemas, ela caricatura a imagem ou ela já possuía os
croquis só trabalhando-os para a ornamentação no sentido de tornar-se
"caricatura", não apenas croqui. E a sua especulação advém de a
imagem e o texto se interagirem, se inteirarem, sin-cronia, sin-tonia, harmonia
em duas Artes distintas, com as suas características próprias. Vós mesmo
id-ent-ificareis através do impeto do olhar do tocador de violão, cantor, para
o que há-de vir, esperando que a sua voz e a sua canção desperte os homens para
as relações de solidariedade e fraternidade entre os indivíduos. São detalhes,
podem passar por arrebiques sem utilidade, até mesmo fúteis, porque por mais
que se comunguem, sintetizem, mas que contribuem para con-templar o horizonte
estético da obra.
Neste sentido, e não de serem o eidos e a eidética, o universo da Arte é
sempre busca, mas no de que o compromisso que assumimos juntos foi da verdade,
desde que ela possa ser dita. Respondo-vos com a data vênia de minha
companheira. Em verdade, a grande maioria é tornada croqui e de imediato
"caricatura", mas há inúmeras que estavam guardadas em seu acervo.
Admirou-me sobremodo a vossa tonalidade de escrita e de sentimentos,
conquistando-a com comentário tão de excelência acerca da sin-cronia entre o
texto e a pintura. Conquistou-a sim. Sentiu-se muito envaidecida com o seu
comentário, e que sentiu ser uma revelação sensível de suas idéias a respeito
de sua Arte, mandando-vos abraços ternos.
Tramóias e trambiques para mergulhar mais fundo na con-templação da
estética. Sinceramente, caríssimo Foma Fomitch, ainda não consegui entrar neste
horizonte da estética, você se aperfeiçoou nela, apenas cursamos algumas
disciplinas juntos. Não poderia mergulhar nele, podemos trocar algumas idéias
nestas missivas, após quinze anos desde que participei a minha mudança para o
Rio de Janeiro, e você para São Petersburgo, na Rússia.
Envio-lhe uma "dica" para as elucubrações e questionamentos
sobre a música de Dylan que é o eidos da inspiração, e todas as outras
circunstâncias que entraram na confecção da inspiração, não se esqueça, caríssimo
amigo, da "katharsis do riso na sátira"
Para terminar, lembro-lhe daquele acontecido no Restaurante Sem Mão,
quando alguém me perguntou o que significava "uai", e eu de prontidão
respondi-lhe: "Uai é uai, uai". Outra dica para as suas elucubrações
sobre a Estética na minha Sátira.
Com um grande abraço nosso, de minha companheira Graça Fontis e meu.
(**RIO DE JANEIRO**, 16 DE JANEIRO DE 2017)
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