**DESLIZAR PROSAICO VERBALIZA POETICAMENTE COTIDIANO CONTINGENTE DA METRÓPOLE SÃO PAULO** - TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis/PROSA: Manoel Ferreira Neto
/**SÃO PAULO, TERRA BOA/SÃO PAULO, TERRA DA GAROA.../
PARABÉNS SAMPA!**/
Ex-patrio-me em poemas volúveis, voláteis, em vocábulos opostos de
orientação e compasso, vernáculos dialéticos de oriente e ritmos, de ocidentes
e melodias, em palavras de sentidos ambíguos e questionáveis, em idéias que
compõem princípios e verdades, em intenções que são ad in-finitum
diametralmente contraditórias aos sentimentos, em fundamentos-versejas de
acordes e intrigalhadas que não se britam nos ais, impugnações e suplícios, que
permanecem longe das alforrias do dom de benquiser, dos enigmas das veredas,
dos mistérios do in-audito, dos segredos do inter-dito, na jornada de totais
devaneios, idílios, longe das sublimidades e erudição das causas primárias e
elementares, nas gulodices privadas que permanecem longe da míngua, das
carências e apiedados das faltas e nostalgias...
Sinuosidades…. Sinuosidades… Sinuosidades.
Iras de deleite resvalam tênues nos esconsos de minh’alma. Iras de
querença límpida atravessa-me o âmago; fincado ao peitoril da ventã, olho o
longínquo horizonte, perscruto-lhe; amando o amor, sigo a jornada, jornada de
encontros, des-encontros, jornada de vaidades e buscas. Iras de poemas de minha
lira, "adrejos do não-ser", vagueiam soltos, escoltam o silvático da
arboriza. Iras de pasmos do bem-querer experienciado na alma, entressonho as
soalhas, fantasio os agras, sonho os planaltos, abanco-me no rebo "âmago
do espectro", profiro vocábulos à ventosidade, recito palavras à revelia
dos desejos e querências, treinando a felícia do bem-querer, do afeto, da
meiguice, dedicado.
Se hoje vislumbro as nuvens brancas, sentindo os gerúndios de pretéritos
que foram luzes a incidirem nos horizontes das esperanças do belo e eterno, do
absoluto, amanhã, recostado na amurada da ponte de um córrego, olho as águas
turvas passando, pensando no particípio infinitivo de desejos do perene, e no
íntimo perpassa-me leve e suave o vento de genesis de todas as esperanças e
sonhos.
Se ontem a vida pôs-me em mãos a auto-hipocrisia para não sucumbir
frente as intempéries, para sobreviver, ocasionando-me dores insofismáveis,
sofrimentos incólumes, contrariava os princípios em que acreditei, hoje as
verdades subiram degraus inestimáveis, cuspo-as, borrifo-as, vomito-as livres e
potentes.
Iras de ruídos surdinando os apetites e animas, os sabores e animus,
terçando, vociferando à existência as propensões do sublime, da pulcritude.
Iras de sonâncias "apiedadas" da melodia da extensão e dos ênfases
das quimeras, ritmo de distância e dos ex-tases do sonho, cadenciando de
perturbações e sensibilidades as veredas do suceder ondas, número indeterminado
da luzência alumiando o intelecto de conceitos, imaginários, o devaneio
idealiza o lunático nos sopores de tempos a surgirem nas ansas de diferentes
expectativas da realidade. Iras de pazes a adejarem acima das serranias de cerrações,
ciciando sátiras de distantes consoladoras, surdinando palratórios de
longínquas comunhões da realidade e do bem-querer. Iras de momentâneas
eventualidades do nentes, do oco a cruzarem pela extensão extranatural, sentido
ao infindo.
Imensidão de quimeras... Imensidão de aspirações... Imensidão de
divagações... Imensidão de eloquências da realidade... Imensidão de infindos
apetites...
Nesta gleba estéril, ingreme, vale mirrado, vias sinuosas, folhagens
mirras que bailam ao ambiente e à aragem. Mastros fenecidos, marcho viandante,
trilho sendeiro, ainda que equivocado, ainda sou guerreiro, ainda estou em
questão. Afoito de arrebatamento, convicção, quimera, expectativa, querença,
engenho, conquista. E nesta vereda, nonada, travessia, ser-tao de poeiras,
estradas, cravo o encalço da minha biografia.
Se hoje proseio livre causos folclóricos, re-velando com simplicidade o
hilário da sociedade, mostrando as hipocrisias, amanhã emudeço a prosa,
recosto-me no parapeito da janela no alvorecer, deixando os olhos distantes, no
íntimo sentimentos de ilusões do eterno, tudo é passageiro.
Na tranquilidade e no isolamento, nas estradas de poeiras e nas sendas,
no re-colhimento e na exposição todas as prósperas sensibilidades surgem à
superfície, refazem sentimentos, sonhos, utopias, tecem esperanças e fé com a
linha de crochet dos mistérios e contingências dos sentimentos da vida. E as
cogitações encaminham até ao amor, a fonte plena do sentido dos versos e prosas
da felicidade, do encontro eterno com as águas cristalinas do verbo.
(**RIO DE JANEIRO**, 24 DE JANEIRO DE 2017)
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