ANA JÚLIA MACHADO POETISA E ESCRITORA INTERPRETA E ANALISA A PROSA /***QUIÇÁ A INDESTRUTIBILIDADE DO ESPÍRITO COMPROVE VERDADES E LÓGICAS EXISTENCIAIS***/
O contemplar a existência depende o que cada um quer dela... se quer ser
inculto e vexado uma vida inteira será...se quer viver com um pouco de
dignidade, mesmo com os atropelos que nos querem dar, carecem ser astutos para
dobrar o cabo da boa esperança...com dificuldade mas lá irá..é um texto de
reflexão de Manoel Ferreira Neto, com muita perspicácia e sentido,´...toda a
história da vida tem um senão... mas todos ambicionamos a trova do não
reprovável ser vida.. mas muitas vezes nada se faz por ela...Do planeta não
desejo ressentimentos
Do globo não desejo os sofrimentos
A difamação e sussurros
Não desejo a balbúrdia e nem bafios
O fresco que tenciono e as fragrâncias
Do planeta desejo as fragrâncias
Do planeta desejo os ornatos
Do planeta...hilaridade e os bem-quereres! A existência consegue quedar
deveras curta
Se a apreciarmos com o admirar demarcado.
A displicência sucede se nos arredamos
da idoneidade de extasiar-nos
Com os factos mais incomplexos do planeta.
Pois para descobrir-se cá com um escasso que seja
De aconchego no espírito há que haver risada.
Há que haver convicção. Há que haver a inspiração do enternecimento.
Há que conter um enxergar verdejante. E abundante originalidade....ficou
muito sucinto, porque deveras cansada. Mas como sempre o escritor Manoel
Ferreira Neto irrepreensível nas suas leituras e reflexão do ser ou não ser.
Ana Júlia Machado
**QUIÇÁ A INDESTRUTIBILIDADE DO ESPÍRITO COMPROVE VERDADES E LÓGICAS
EXISTENCIAIS**
TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis
PROSA: Manoel Ferreira Neto
Em realidade, em realidade, não deposito crédito em perecermos o
indivíduo, sem nentes percebermos da existência, sem nentes sabermos de sua
exatidão, de sua ciência, sem nentes conhecermos de seu espírito. Sucederemos
pranchas achanas das condicionalidades sentidas, ensaios, existências
assoalham-nos as óticas de quem somos à cata da orientação, interpretação da
existência do ente, ser da palavra da existência, ex-tase da poesIa do
ser-estar. Para re-nascer, bem o sei, numa tarde ensimesmada de inverno, trazendo
nas sombras a aderência das resinas fúnebres com quem me ungiram, e nas vestes
a poeira do carro fúnebre, tarde nublada de início de julho, em que desapareci,
e quando aflorei ao mundo era manhã de julho, o sol estava nascendo, ainda que
ameno.
Eterno é tudo aqui que vive um átimo de segundo, mas com tamanha pujança
que se petrifica e nada o resgata. Não desejava ser senão eterno. Os séculos
apodrecessem e não restasse mais do que uma essência ou nada disso.
Consideramos os sofrimentos, penares das perplexidades, dubiedades,
ambiguidades, não refutações dos dilemas, lesões, discórdias do mais longe do
eternal, im-perecível do mais longe, o que é a realidade, o que é o bem-querer,
o que é o absurdo, o que é a facticidade. Mas, nas indagações, expectativas,
quimeras, percebemos da existência dos lugares a existência do supremo, com
elas produzimos elocuções de céu-aberto, saberes de júbilo... Isto é - erudição
da existência, carpo da independência, e emancipação existindo dom do apetite
do indivíduo.
Tudo é triste sob o céu flamante - o pecado cristão, ora jungido ao
mistério pagão, mais o alanceia. Abaixamos os olhos ao desígnio da natureza,
dúbia e reticente: ela tece, dobrando-lhe o langor e amargor, outra forma de
amar o verbo do sonho.
Esperanças. Sonhos. Fé. Utopias...
Em realidade, em realidade, admito perecermos os indivíduos sem
"erudição da existência", isto é, mergulharmos profundo na essência
do verbo-espírito do ente, metamorfosear o devaneio do rendez-vous com a
realidade, exatidão existindo o sendo-forma nominal e invariável dos verbos do
vir-a-ser, o distinto distinto do distinto, exórdio do além-mundo.
O mundo é quiçá: e é só. O mundo é silêncio que faz eco e que volta a
ser silêncio no universo noctívago circundante. O mundo não vale a pena, mas
não há pena.
Eis a erudição tão ambicionada declamada nos verbos da esperança de
versos líricos, de líricas versais do mito, declamada nos poemas relativos a
ocasos olvidados de quimeras harmoniosas; sagrada, de estâncias, criação de
ambições dos deveres morais, mas ensaio o "ser-com" da sapiência da
vida na vertente do conhecimento-da-existência, com que perecemos os indivíduos
desprendidos e concretizados, e com ela concebemos, arquitetamos, tornamos a
in-ovar, re-novar, re-nascer a representação do bem-querer amadurecido nas
achanas pranchas do transitório, da insignificância-a-ser, ser-para-o-não-ser,
para-o-patavina-ser com a "erudição da existência", apetite,
devaneio, apetecer, expectativa, ficção, até então que com todas as lógicas do
ser-existência à luminosidade da lógica quantificadora existencial, a
representação do perpétuo ser da realidade encaixilhada no período de completos
os aconteceres.
Eterno, mas até quando? é esse marulho em nós de um mar abissalmente
profundo. Desapareci, mas ficou esse chão varrido em cujas pedras passou uma
sombra. Na cruz dos quatro caminhos, o poeta elevou o diapasão para celebrar a
vida que aflorou ao mundo, e os apanhadores repousaram degustando graviola.
Os indivíduos somos literalmente, sem tirar nem pôr, tal e qual perenes,
a percepção da eloquência-existência e expiramos com a existência da palavra a
personificar o hino do irreprovável ser da Existência.
(**RIO DE JANEIRO**, 19 DE JANEIRO DE 2017)
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