Sonia Gonçalves ESCRITORA E POETISA COMENTA A CRÔNICA **DESABAFO RELEVANTE E INDIGNAÇÃO REPUDIA DISCREPÂNCIA/ARBITRARIEDADES QUANTO POLITICAGEM EDITORIAL**
Boa tarde Manu...Que bela crônica e que assunto mais interessante,,,,Só
me pergunto se o tal escritor não teria se arrependido de algo Manuel Ferreira
Neto...Bem típico de ti para mim mesma: ja falou que não se importa com isso de
livros pelo menos não nas condições citadas no texto, né?Além dessa você deve
ter muitas outras crônicas sobre esse assunto, uma vez que é um homem
detalhista um escritor brilhante diga-se. Os detalhes são muito marcantes ainda
que irrelevantes pra ti, mesmo quando você tenta passar por eles num sopro
percebemos sua significância, isso mesmo que disse e dissestes tudo e mais um
pouco, as editoras estão preocupadas com números não com qualidade, aliás está
havendo algo semelhante aqui no face, muitos vendendo os "serviços",
é pagou levou sem o menor critério não importa se a obra é de valor poético
literário ou simplesmente amontoados de palavras empilhadas em egos cegos de
desejos por possuir seu livro, seu grupo poético e por ai vai... amei seu
texto,Já até falamos sobre isso, Livros e egos cegos, sonhos e
pretensões.Parabéns Manu...Bjos
Sonia Gonçalves(Soninha Son)
**DESABAFO RELEVANTE E INDIGNAÇÃO REPUDIA DISCREPÂNCIA/ARBITRARIEDADES
QUANTO POLITICAGEM EDITORIAL**
TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis
CRÔNICA: Manoel Ferreira Neto
Cuba-libre... Bebida deliciosa, se produzida no ponto com os seus
ingredientes. Conheço também a palavra como exclamação: quando algo ultrapassa
os limites do bom senso, o mesmo que dizer "Meu Deus... O que é isto! Não
acredito!" Ou simplesmente: "Putz!..." Não me é dado saber se a
embriagues desta bebida é tão absurda assim.
Não há criatura de Deus quem não possua a ciência das arbitrariedades e
gratuidades de Editoras com poetas e escritores desde a recusa de Edição de
obras, e obras de grandes valores literários, como, por exemplo, Grande Sertão:
Veredas, Guimarães Rosa, que fora recusada por Editora - algumas, hoje, são
obras-primas da humanidade, universais -, aos Direitos Autorais, inúmeros foram
lesados.
O grande, imensurável sonho do escritor é ver sua obra editada,
veiculada, divulgada. Mais que sonho, é a sua vida. E o que era a vida torna-se
com simplicidade a morte. E nada se pode fazer ao contrário a menos que as Leis
dos Direitos Autorais sejam revisadas, numa linguagem chinfrim: mais fácil passar
um hipopótamo no buraquinho de agulha de fixar botões do que serem respeitados.
Após vinte e um anos alimentando sonho de ver seu livro publicado,
estando quase a "entregar as cartas", isto é, deixar de lado o sonho,
não mais escrever única palavra, conseguira o escritor uma oportunidade.
Mandara para várias Editoras o seu livro, devidamente encadernado em copiadora,
o valor desta confecção não é barato, ainda incluindo a postagem em Correio, e
a resposta era a mesmíssima: "Não estamos interessados", através de
carta comercial. Os cadernos não foram devolvidos. Por intermédio de amigo,
tendo-lhe entregue um caderno - e este amigo ouviu o pedido: "Por favor,
publicar livro é a minha vida. Ajude-me". Dias depois, a Editora entrou em
contato com o amigo, pedindo que o escritor entrasse em contado para uma
conversa a respeito da obra. Se o escritor tivesse problema cardíaco, ter-se-ia
enfartado tal fora a sua alegria e felicidade. Tentaria de algum modo arrumar o
dinheiro para viajar, ir conversar com o editor. Primo não emprestara a
quantia, dera-lho.
Quando se diz que este métier é mais sujo que puleiro, só se escutam
controvérsias. Quem nele se mete, sabe o que significa. Vende a dignidade, a
honra, o caráter, personalidade. O escritor não podia nem em sonho imaginar o
que lhe estava aguardando.
Fora muitíssimo bem recebido pelo Editor, sendo-lhe oferecido um Whisky
para relaxar, estava tenso, enquanto conversavam.
Sendo ambos conterrâneos, o Editor começara a conversa dizendo:
"Veja você! Se houvesse continuado a residir em nossa cidade, hoje estaria
com um pratinho de lata à porta da igreja. Sou hoje escritor famoso,
empresário, proprietário desta editora." O escritor olhou-o de soslaio,
conhecia com perfeição a sua vida pregressa na cidade, ignorante, estúpido,
radical, preconceituoso... e outras cositas mais. Ficou naquela sinuca de bico:
se não concordasse com a afirmação, jogaria a única oportunidade de ver o sonho
realizado, se concordasse, não diria que fosse injusto com a cidade, tinha
sérios problemas, mas o que lhe acontecera fora de sua responsabilidade:
negligenciava a todos, sentia-se superior. Nada dissera em resposta. "Quem
cala consente", eis o provérbio, assim entendido.
Quem me contara esta história não soubera precisar se o livro fora editado.
Também não me fora dita a razão de alguns meses após numa matéria jornalística
o escritor revelara ipsis litteris o seu encontro com o Editor. Por algumas
semanas não se falava em outra coisa senão isto. Algumas pessoas chegaram a
dizer que, se o Editor fosse à cidade, ter-se-ia de responder às acusações
feitas na matéria jornalística. Verdade é que desde então o editor nunca mais
colocou os pés na cidade.
Alguma coisa de muito séria teria acontecido entre o editor e o escritor
para que este concedesse matéria em tablóide a respeito. Leva-me a crer que o
livro fora publicado, de algum modo fora lesado. Tinha o trunfo em mãos sobre a
fala do editor a respeito da cidade. Dera o troco a critério e linhagem.
Algum tempo mais tarde, no restaurante D´Lucas, Edifício Maleta, Belo
Horizonte, a minha namorada com quem estava eu acompanhado num jantar,
reconheceu o editor. Não dei a menor atenção, não sou deste métier, não me diz
respeito. Não demorou segundos após o reconhecimento, o editor fez um escândalo
escalafobético por alguém na mesa haver se dirigido à sua mulher de modo
indevido, o indevido por sua conta. A pessoa não dissera nada de mais. Verdade
é que se levantou da cadeira, disse dúzias de palavrões, puxara o forro da
mesa, jogando pratos, garrafas de whisky no chão. Um escândalo. Chamou o
garçom, mandou acertar a conta incluindo os prejuízos. Assinou o cheque como se
nada houvesse acontecido. Foi embora com a mulher. Ninguém chamou a polícia, o
que era devido, mas se tratava de escritor famoso, proprietário de Editora.
Não existe aquela realidade de numa entrevista o entrevistador dizer ao
entrevistado: "Qual seria o seu conselho para os novos escritores que
estão começando a sua carreira?" Se conselho fosse bom, dizem as boas e
más línguas, não seria dado, mas vendido. Pois bem... O conselho que eu daria a
quem sonha ser escritor é que jamais abandone as letras, escreva, escreva,
escreva... escreva sempre. Não há problema se não vir um livro publicado, no
futuro esta obra será valorizada e publicada, e quando isto acontecer, quiçá os
Direitos Autorais sejam plenamente respeitados.
(**RIO DE JANEIRO**, 10 DE JANEIRO DE 2017)
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