**O QUE ESTÁ ACONTECENDO? MEU DEUS!!!*** - Manoel Ferreira
Havia desligado o Facebook. Iria deitar-me. Duas e meia da manhã,
sentia-me cansado. Tomei suco de maracujá. Deitei-me.
Dissera sobre a última prosa do ano ser a "última inspiração",
tema, temática. Veio-me à mente, de olhos fechados: "Élans de
inspiração..." Tomou-me inteira uma sensação muitíssimo estranha. Não me
lembra tê-la sentido em qualquer momento da vida. Mergulhei nela, esvaeceu-se,
o corpo inteiro estremeceu. Permaneci deitado - quiçá se re-velasse novamente.
Restam vestígios O peito comprimido, sentimentos e emoções às pressas
perpassando-me, confusos, perdidos. Jamais senti algo semelhante. E nada posso
dizer sobre, Sinto os vestígios.
No final do ano de 1999, após terminar a novela ÓPERA DO SILÊNCIO, senti
forte e presente que não emplacaria o século XXI. Até o alvorecer de 2000, tive
medos atrozes da morte. Não pensei mais nisso. Ontem, saí antes do almoço para
comprar botijão de gás e, passando na porta do Santuário-Basílica de São
Geraldo, veio-me inesperadamente estar eu nas minhas últimas horas, não
emplacaria 2016, lembrando-me de 1999. Tergi-versei os pensamentos, seguindo o
itinerário para realizar o objetivo. Não mais pensei a respeito.
Se bem me lembra a sensação tida era de medo atroz, sendo o motivo de
haver mergulhado nela, tentando torná-la manifesta, esvaeceu-se, estremeci.
Antes de novamente inicializar o notebook, abri a porta de meu casebre, ficando
em pé na porta, olhando a madrugada.
Tristeza dá lugar a solidão, solidão dá lugar a silêncio, silêncio dá
lugar a desolação... Tudo isso me perpassa às pressas, assemelhando-se a
flashes. Parece-me estar fora de mim, mergulhei noutro uni-verso. O estômago
está embrulhado, sugere náusea.
O que está acontecendo comigo? Se decidi registrar esse momento, a
intenção é de mais tarde ler o inter-dito e des-velar a sensação, os seus
vestígios, compreender-lhes. A mente às avessas Talvez haja mergulhado onde não
devesse, não era ainda o momento Nalgum instante futuro viria a ser livremente.
Vou experimentar tomar um banho, a água sempre foi a cura de mutas de
minha sensações estranhas.
Liguei o chuveiro. Olhei-me no espelho, o semblante está desfigurado. Tomando
banho, lembrou-me fala de meu terapeuta com quem me submeti a um tratamento de
abril de 1998 a janeiro de 1999: "Vocês escritores e poetas tem o hábito
de querer mergulhar nas sensações para poderem escrever. Não brinque com sua
sensibilidade. Deixe as sensações livres. Passam. O psíquico é pleno de
tramóias. Num mergulho deste, terá sérios problemas" Desde então ouvi-o
sistematicamente. Agora não pude evitar.
Tomei o banho. Olhei-me no espelho. O semblante cntinua desfigurado. O
mais impressionante é que não há brilho nos olhos, estão secos de brilho.
Estou sem coragem de deitar-me, dormir.
Não me resta alternativa senão esperar os vestígios desaparecerem.
Manoel Ferreira Neto.
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