**O NADA É MAIS IMPORTANTE QUE A BÍBLIA** - Manoel Ferreira
Nada.
Vazio.
Efêmero.
Vazio efêmero, tudo parece muito estranho, tudo é in-conceível, tudo é
in-inteligível. Nada vazio. Mas quem pode afirmar a critério e rigor que o nada
é cheio? Não é cheio nem de si mesmo. O que habita o nada é o vazio, é-lhe o
eidos, por mais estranha seja a idéia.
Papel aceita tudo, então... Se o nada não fosse vazio, virar-lhe-ia as
costas, julgar-me-ia ensandecido, dando-lhe todas as atenções, creditando-lhe
todos os méritos de ser pedra angular para o ser. No século XXI, não teria o
menor sentido. O ser se perdeu no tempo, esvaeceu-se na história. A humanidade
já se encontrou no abismo, daqui para frente é cada vez mais mergulhar nele,
até as pre-fundas da consumação dos tempos.
O não-ser não é o nada e o nada não é o não-ser. Nada efêmero. A cada
passo o nada se efemeriza, a busca do ser torna-se outra conforme as situações
do mundo, conforme os sonhos e esperanças do indivíduo. Se o nada se
absolutizasse, os homens estariam todos com os pés presos no mata-burros,
empacados por todos os milênios. À luz do nada a humanidade desde a eternidade
caminhou, peregrinou, a estrela guia. Se a caravana dos ideais, sonhos,
esperanças, utopias perdeu os freios, burros e cavalos que a conduzia, a
responsabilidade não dever ser atribuída ao nada, mas às interpretações,
análises, opiniões re-versas e in-versas que foram realizadas. O Nada é mais
importante que a Bíblia - e não me venham dizer que retirei isto da fala de
Lennon serem os Beatles mais populares do que Jesus Cristo -, queira-se ou não
é a luz da vida do ser, quem o compreendeu e entendeu, trans-cendeu a lápide,
trans-elevou o epitáfio, eternizou-se. Hoje, descansa no In-finito, curtindo as
belezas do uni-verso, nada daquelas maravilhas do paraíso celestial, lugar de
humildes e temerosos a Deus, lugar de quem abaixa a cabeça, tira o chapéu às
ofensas, Deus é a Justiça Suprema.
Seja eu sincero e verdadeiro. Os dons e talentos para vencer as
con-ting-ências da vida me foram doados desde a concepção, por que colocar nas
mãos de Deus as dificuldades, cabe-me a entrega às lutas por tudo vencer, o
resto é silêncio, mistérios e enigmas do estar-no-mundo. Jamais serei crente ou
descrente a Deus. Fique Ele lá em cima, fico eu aqui no mundo. Seja ele eterno,
seja eu mortal. No Juízo Final, pingaremos os nossos "iii".
Nada.
Vazio.
Efêmero.
Manoel Ferreira Neto.
Comentários
Postar um comentário