(TESE) - EFÊMERO E O NADA - ENSAIO POIÉTICO DOS CAMINHOS DA LUZ - Manoel Ferreira
IV CAPÍTULO - O NADA E A ARTE LITERÁRIA
4.15
- NA CLAREIRA DA VERDADE
Moradia da verdade. Silêncio.
Perscrutando os interstícios da
verdade... O olhar sobre a coisa transforma a sua aparição em simples
aparência. A noção metafísica de verdade limita-se a estabelecer relações de
identidade ou de conformidade entre os fenômenos observados. Realizando-o,
negligencia o fenômeno orignal d aparição. Como é possível re-presetar os
objetos, não havendo um lugar de onde possam ser iluminados? Ora, a verdade
real-iza-se bem mais no plano desta visão primordial do que no das visões particulares.
Ver um objeto não é, primeiramente, descobri-lo, abri-lo a algo diferente dele?
É no interior desta abertura ontolólgica, desta deixcêcia histórica que toda a
visão é possível. A abertura é o meio de onde surge a coisa.
Não é o nosso olhar que mede a coisa,
mas o horizonte da coisa que mede o nosso olhar. A realidade aparece, com
efeito, carregada de significações de que espírito não percebe senão o
esqueleto. O pano de fundo no qual este se desvela é, primeiramente, o
ser-no-mundo, mas também o mundo do Ser. A verdade não consiste, pois, em
referir o espírito ao real, mmas em referir estes ao horizonte ontológico que
os ilumina. Ela não reside na medida que regulamente a conformidade do olhar,
mas na abertura que condiciona toda a tomada de medida.
Encontramo-nos na clareira da Verdade.
Pelo fato de ek-sistirmos, fazemos aparecer o mundo na luz do Ser. A verdade é
o ato dinâmico que faz surgir as coisas à luz, o despertar do nosso pensamento
para a pré-compreensão que nos põe no Ser.
Ninguém possui a Verdade. Nós estamos
na Verdade e caminhamos na sua claridade. O que a metafísica compreendeu sob
esta palavra não é senão uma forma determinada de nos re-pres-ent-ar esta
marcha, de tomar a medida do caminho. Não existe uma Verdade imutável, suspensa
no firmamento dos ideais, há somente uma Verdade temporal que nos constitui e
que descobrimos na história. Esta irrompe em nós sob a forma de um ato
interior, de um apelo, de uma questão.
Perscrutando os interstícios do
silêncio, con-templando as miríades de a-nunciações, luzes, que alumiam a
verdade em sua pr-sença, a poiésis do dis-curso do verbo, dis-curso que
esplende as dimensões trans-cendentais do espírito, des-velando verbos, velando
a poiética do in-finito, este velar é convite às investigações abismáticas e
abissais do espírito da ek-sistência que habita a Verdade, espírito à luz do
tempo, na continuidade da ontologia do vivencial e vivenciário, vivências e
questionamentos, alfim a verdade que habita no silêncio não é absoluta,
fosse-o, negaria a poiética do In-finito que é abertura plena, outro do
vir-a-ser, outro do vir-a-ser, a plen-itude que se in-ova, re-nova, sempre à
luz de miríades a incidirem nas venezianas do tempo, miríades que
perpassam as frinchas, sempre em direção
ao outro, outro que na poiésis poiética da poesia significa o outros das semânticas e linguísticas do
silêncio entre as palavras.
Rubem Alves aconselha a prestar atenção
ao que osilêcio diz, porque ele, o silêncio, é a dimensão que re-vela, a-nuncia
a cintilância e brilho das perspectivas da Verdade, ontologia do tempo. O
silêncio é o princípio que ilumina o destino da Verdade no tempo, mas não há a
idéia de uma transparência absoluta da Verdade no tempo.
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