(TESE) - EFÊMERO E O NADA - ENSAIO POIÉTICO DOS CAMINHOS DA LUZ - Manoel Ferreira
1.5
- METAFÍSICAS DAS SENDAS E VEREDAS PERDIDAS
Se amanhã houvesse de filosofar as
ipseidades e solipsismos do não-ser que vagueia solitário e silencioso,
angústia e tristeza por ser discriminado e rejeitado, por que saboreia com
volúpia as neuroses de perfeição, à soleira do abismo perscruta as miríades do
efêmero que a-nunciam o há-de ser sob a cintilância das cores do arco-íris
desejando com êxtases e euforias as nonadas do apocalipse, sorrelfas da
consumação dos tempos para nalgum momento do ec-sistir se entregar por inteiro
ao vai-e-vem da rede numa noite de chuvinha fina, ouvindo os ritmos e acordes
do uni-verso, balalaika do pretérito em síntese com o fado do infinitivo dos
horizontes, particípio de confins, gerúndios de arribas, fez a fama deitou na
rede, o verbo do ser que rebole e dance em chapa quente no itinerário de
querências da verdade, hoje simplesmente elencaria as metafísicas das sendas e
veredas perdidas nas antanhas memória da concepção do caos, geração das
vacuidades, luz e brilho do vazio, e por toda a eternidade a razão pura encalacrada
de impossibilidades de a verdade ser a luz do espírito que numina os
manque-d`êtres seculares e milenares; hoje estaria ludicamente sentindo
profundo o demasiadamente humano, a imperfeição para auscultar o inaudito dos
mistérios e enigmas.
Se amanhã houvesse de incidir na
superfície lisa do espelho a imagem cristalina do diamante que risca o etéreo,
a face limpida do pote de ouro no fim do arco-piris, imagem e face que originam
o rosto das sublim-itudes da sabedoria, sarapalhada de resquícios, vestígios do
tempo que re-criam, compõem, poetizam e poematizam as pontes partidas em
direção, pro-jetadas aos ilimites do além, aos ab-surdos do in-finito, e que as
contingências da náusea e desespero expliquem, justifiquem as incongruências do
inferno meigo das insolências, hoje nada mais, nada menos estaria senão
descansando na minha cama, esperando o sono tomar-me por inteiro, esquecendo-me
da vigília de olhares de esguelha, soslaio, de banda para os solstícios do
"Ser" que paraclitam o pássaro a re-duplicar o canto para a sinfonia
e ópera da fé na esperança do sonho.
Se amanhã houvesse de nada ser, de nada
sonhar, de nada projetar, simplesmente ser a vida na sua dimensão de nada
composta de vazios e efêmeros, hoje fecharia os olhos, esvaziaria a mente de
idéias, pensamentos, silenciaria o coração de amor, ternura e solidariedade,
fecharia os lábios, nenhuma palavra pronunciada, mas entregar-me-ia completo e
perfeito à divina comédia do nada, a palhaçada do efêmero, no picadeiro das
ribaltas do que trans-cende o limiar, soleira do fin-itivo do verbo plen-izar o
desconhecido.
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