**MIRÍADES DE LUZ VELADAS DE IN-FIN-ITIVOS** - Manoel Ferreira
Nenhum vento úmido. Nenhum orvalho de
amor.
In-trans-itivos genesis. Era uma vez
uma vela, feita de especial, excelente cera. Quem a fizera entregou-se por
inteiro aos detalhes e ornamentos, desejava-a vela po-ética. Andara longe,
distância incalculável, para encontrar um cordão especial. Desejava-a não só
beleza, símbolo, signo, metáfora da estesia suprema, mas que real-izasse sua
vocação sui generis, a de iluminar, a chama ser luz. Todo o carinho dispensado
a esta vela mostrou ser maravilhosamente gratificante. Nascera, não há duvidar,
uma bela vida. Depois de muito pensar, re-fletir, meditar, o artífice desta
vela a presenteou. Colocou-a diante da porta de entrada de uma casa, ao lado de
um vaso de orquídeas brancas, e foi embora, passos lentos na calçada, cabeça
baixa, perdido na sua felicidade, alegria, contentamento de haver presenteado a
vela que, com toda a dedicação, ternura, amor, artificiou. Alguém a encontrou e
levou para dentro de casa. Contudo, diante de tanta beleza, acharam conveniente
não colocá-la no castiçal sobre a mesa da sala de visita, acharam melhor
guardá-la. Eis que a vela foi habitar dentro de uma cristaleira.
Ficou ali por muito tempo, tempo
inominável. Conviveu com taças de cristais francesas, porcelanas da china, e
começou a amar ser uma vela apenas de enfeite.
Certa noite faltou luz naquela casa,
e todas as outras velas já tinham cumprido seu decurso, percurso. A vela
supreendeu-se com aquele fogo que saía dela. Por instante sentiu-se fascinada.
Desejava que todos vissem que era com sua luz que a casa fora iluminada.
Onde a luz de vela vive de dentro de
sua fonte e age pela sua vocação de iluminar o espírito de estesias existe.
Onde a espiritualidade da luz de vela se re-vela livremente o amor sincero
medra os in-fin-itivos do ser verbo de esperanças e sonhos do eterno.
Manoel Ferreira Neto.
Ontem, 25 de dezembro de 2015, Natal, no almoço com minha família, houve um instante em que me vi fazendo uma vela. Voltei à realidade porque meu irmão, Giuliano, tocou-me o braço. Hoje, vinte e seis de dezembro de 2015, criei este texto. É fábula da luz da Poesia Uni-versal.
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