(TESE) - EFÊMERO E O NADA - ENSAIO POIÉTICO DOS CAMINHOS DA LUZ - Manoel Ferreira
IV CAPÍTULO - O NADA E A ARTE LITERÁRIA
4.5
- O QUE VELA E DES-VELA O NADA
O poeta re-colhe o discurso na
liberdade da paisagem. Para não encolher-se na prosa de uma narrativa, escolhe
a liberdade da poesia em que, re-colhendo o discurso, deixa a paisagem vir a si
mesma na Linguagem.
In-finito. Neblina fina velando
pectivas de miríades de verbos que se a-nunciam no horizonte des-velando
a-núncios de luzes que se re-velam no uni-verso, velando e des-velando os
in-fin-itivos do ser.
Sendas e veredas de caminhos
silvestres. Ser e não-ser. Efêmero e nada. Sibilos do vento perpassando o
espaço, distante sons ecoando entre as montanhas, ritmo e melodia escutam a
paisagem que re-colhe e a-colhe imagens visíveis do in-visível. Poiética do
sonho das estesias do sublime trans-literalizando de poesia o sensível, nas
asas da águia viajam volos e fantasias do espírito da vida, nas vias do tempo
en-viando as esperanças do sublime, do vir-a-ser do mistério, linguagem da
plen-itude vers-ificada de encontros e des-encontros do que vela e des-vela o
nada e o ser, éritos vestígios do tempo, e nos vestígios re-colhendo e
a-colhendo as raízes profundas da travessia do genesis ao apocalipse, das
origens aos confins, deixando-as livres, soltas, leves per-cursarem as alamedas
rumo às primevas luzes do há-de ser a iluminação das vias para a continuidade dos
desejos do espírito do verbo. Poesia poética da poiésis do ser que vela os
mistérios, dos mistérios que velam o ser. Travessias. Nonadas. Nada além das
metafísicas. Nada aquém das metafísicas. Aquém, além, algures, alhures. A
poesia é a origem do ser e o ser é o verbo originário da poesia. Ser e poesia.
Poesia e Ser. Orvalho. Sereno. Neblina. Velando e des-velando os abissais eidos
do in-finito, cores vivas e cintilantes do arco-íris, arco-íris que colore a
poética do espaço com o verbo iluminado das regências do tempo e do ser, com os
adjetivos da con-ting-ência e trans-cend-ência dos sonhos e utopias do
vir-a-ser, liberdade poética eivada da poiésis da entrega ao espírito da
linguagem que não se versa, verseja, vers-ifica, flora livre no seu ser linguístico,
semântico, nela é o seu ser, nela é o seu eidos, nela é a sua perfeição que se
re-nova no sendo-em-sendo das paisagens do in-finito.
O pensar que a-colhe a palavra, o
sentir que a-colhe o in-finito - tentar redizer é poesia, pensamento
originário. Relação originária entre a poesia e o pensamento, movimentando-se
no Ser como dizer, o logos no sentido heraclitiano e fundamental do homem e a
existência, entendida na forma de compreensão do Ser,
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