COMENTÁRIO DA AMIGA MARIA FERNANDES AO TEXTO //**O NADA É MAIS IMPORTANTE QUE A BÍBLÍA**//
O nada é ausência de algo ou alguém. Como ausência que é pode existir,
mas não está presente. O nada apenas existe por abstração ao concreto. Só
poderei admitir a existência do nada pela sua quantificação pois existe o nada
e o quase nada, logo é quantificável, sendo quantificável, poderemos admitir a
sua existência, até porque é o oposto de tudo, se admitirmos que o tudo existe,
logo teremos de admitir também a existência do nada. E até porque quando digo
que não me ocorre mais nada, estou a admitir que neste nada poderia existir
muito mais a acrescentar. E este assunto seria interminável em considerandos,
logo nada mais acrescentarei, pois estou um quase nada indisposta. Um abraço,
meu amigo Manoel Ferreira Neto.
Maria Fernandes.
O "NADA" não é a ausência de algo ou alguém. O
"NADA" é o verbo do Ser, que lhe abre para as perspectivas do
In-finito, que artificiam as paisagens do In-finito na travessia para as
Verdades dos mistérios, enigmas, segredos mais íntimos da in-consciência,
eivando os sonhos e esperanças do eterno, eterno que é a consciência de fazer,
a liberdade de versejar e versificar o destino escolhido para a jornada da
vida. O Nada existe, ele é constituinte da Criação. Se não existisse o Nada,
como seria possível o Ser? Ele nos circunda, ele nos envolve com as suas
dimensões de eidos para a construção das realidades dos sonhos, esperanças,
utopias, ideais. Aliás, seria impossível pensar e sentir Deus sem a presença, a
pres-ent-ificação do Nada. Antes de Deus, o Nada, depois de Deus o Nada que
a-presenta a Vida.
Deus é o Nada e o Nada é Deus.
**O NADA É MAIS IMPORTANTE QUE A BÍBLIA**
Nada.
Vazio.
Efêmero.
Vazio efêmero, tudo parece muito estranho, tudo é in-conceível, tudo é
in-inteligível. Nada vazio. Mas quem pode afirmar a critério e rigor que o nada
é cheio? Não é cheio nem de si mesmo. O que habita o nada é o vazio, é-lhe o
eidos, por mais estranha seja a idéia.
Papel aceita tudo, então... Se o nada não fosse vazio, virar-lhe-ia as
costas, julgar-me-ia ensandecido, dando-lhe todas as atenções, creditando-lhe
todos os méritos de ser pedra angular para o ser. No século XXI, não teria o
menor sentido. O ser se perdeu no tempo, esvaeceu-se na história. A humanidade
já se encontrou no abismo, daqui para frente é cada vez mais mergulhar nele,
até as pre-fundas da consumação dos tempos.
O não-ser não é o nada e o nada não é o não-ser. Nada efêmero. A cada
passo o nada se efemeriza, a busca do ser torna-se outra conforme as situações
do mundo, conforme os sonhos e esperanças do indivíduo. Se o nada se
absolutizasse, os homens estariam todos com os pés presos no mata-burros,
empacados por todos os milênios. À luz do nada a humanidade desde a eternidade
caminhou, peregrinou, a estrela guia. Se a caravana dos ideais, sonhos,
esperanças, utopias perdeu os freios, burros e cavalos que a conduzia, a
responsabilidade não dever ser atribuída ao nada, mas às interpretações,
análises, opiniões re-versas e in-versas que foram realizadas. O Nada é mais
importante que a Bíblia - e não me venham dizer que retirei isto da fala de
Lennon serem os Beatles mais populares do que Jesus Cristo -, queira-se ou não
é a luz da vida do ser, quem o compreendeu e entendeu, trans-cendeu a lápide,
trans-elevou o epitáfio, eternizou-se. Hoje, descansa no In-finito, curtindo as
belezas do uni-verso, nada daquelas maravilhas do paraíso celestial, lugar de
humildes e temerosos a Deus, lugar de quem abaixa a cabeça, tira o chapéu às
ofensas, Deus é a Justiça Suprema.
Seja eu sincero e verdadeiro. Os dons e talentos para vencer as
con-ting-ências da vida me foram doados desde a concepção, por que colocar nas
mãos de Deus as dificuldades, cabe-me a entrega às lutas por tudo vencer, o
resto é silêncio, mistérios e enigmas do estar-no-mundo. Jamais serei crente ou
descrente a Deus. Fique Ele lá em cima, fico eu aqui no mundo. Seja ele eterno,
seja eu mortal. No Juízo Final, pingaremos os nossos "iii".
Nada.
Vazio.
Efêmero.
Manoel Ferreira Neto.
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