Ana Júlia Machado ESCRITORA E POETISA COMENTA O AFORISMO /**SELVAGEM SABEDORIA PRENHA-SE EM SOLITÁRIOS MONTES**/
Diria que este texto do escritor Manoel baseia-se em Friedrich
Nietzsche…que haja um mundo sem religiões…mas com seres pensantes e que possam
deleitar-se, que não se coíbem do prazer, que não sejam como muitos que
desfrutam o deleite do nada…
Nietzsche dizia que quem percebe o que ocorre nos tirocínios em genérico
suspeita de que o animal encontre-se aí, mesmo “aperfeiçoado”. Ele é
debilitado, convertem-no menos pernicioso, ele metamorfoseia-se em um animal
enfermo através do amor ultrajante do receio, através do padecimento, através
das úlceras, através da míngua. – Com os homens amansados, é o que os clérigos
progridem, assim, não se vê nada de distinto, o rebanho obedece cegamente aos
seus ideais…
A incapacidade que não faz ajuste de contas é transformada em
“benevolência”; a indignidade cobarde, em modéstia; a vassalagem àqueles que se
detesta em acatamento. Há alguém que diz impingir esta vassalagem — apelidam-no
de Deus. O que há de inócuo, débil, a inerente covardia na qual é magnânimo,
seu forçoso ter-de-esperar, aufere aqui o bom nome de resignação, evoca -se
igualmente a probidade; o não incumbir defender-se designa-se não pretender
defender-se, quiçá mesmo indulgência (‘pois eles não sabem o que fazem —
somente nós sabemos o que eles fazem!’). Pronunciam igualmente da afeição aos
hostis— e transpiram ao proferir tal coisa.
Batemos palmas à beatitude…
E sem dúvida. Que a feroz erudição gera-se em serranias solitárias…onde
não há rebanhos a seguir…
Mais, uma vez parabéns pelo que diz nas entrelinhas…as verdades…mas lá
está…é pena que nem todos compreendam o que quer dizer…e os que percebem ficam
possessos e nada dizem…acobardam-se…
E, isto não quer dizer que não se acredite em algo superior…não deixa-se
é enganar…o que as pessoas não sabem fazer é a diferença. Uma coisa é o
fanatismo e a mentira e o querer que o ser nada seja e viva na ignorância. E
não desfrute dos deleites da vida.
Ana Júlia Machado
#A SELVAGEM SABEDORIA PRENHA-SE EM SOLITÁRIOS MONTES#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Ontem, a liberdade eram cinzas ads-tringentes e tringentes ao nada dos
ossos... Os vazios engoliram do uni-verso a estesia do in-finito, a
alvissareira alegria do eterno ad-jacente e jacente ás nonadas da travessia da
angústia à esperança do horizonte-[além]-vida...
As vicissitudes do in-sensível tragaram da long-itude do encontro a
fumaça duradoura do sonho de felicidade, vivenc-itude e itudes do pleno e
sublime...
A solidão re-colheu dos mistérios da alma as fantasias inconscientes do
amor que peren-iza a inspiração do verbo-luz que esplende ao longo do silvestre
dos pampas as miríades da imagem do verso-espírito...
Os medos do desconhecido mergulharam nos abismos e cavernas da morte,
abrindo-lhes as frinchas e frestas para o destino-[do]-além, firmamento
emurchecido dos sonhos...
O etéreo bebeu na taça de cristal do tempo os sentimentos cristalinos do
vir-a-ser, gozando o prazer do nada...
Hoje, nada em mim de ser, nada em mim de não-ser, auras vernais
esplendem vitrais vitrescendo virentes vidas, áureos trigais vibram, libram
vorazes luzes!
A selvagem sabedoria prenha-se em solitários montes!
(#RIODEJANEIRO#, 20 DE JUNHO DE 2018)
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