#AFORISMO 911/ LÍRIOS BRANCOS NAS PÁGINAS DOS DESEJOS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Cáritas eidéticas do sublime, pretéritos não me são póstumos, não me são
efêmeros, não me são. Passados me não são pósteros.
Inverno in-verso de outros frios sentidos, vivenciados, sentimentos e
emoções inda des-conhecidos perpassando a alma, miríades de imagens campesinas
a-nunciam-se longínquas, serenitudes.
Idílios re-versos de poesia, há de vir lírios brancos nas páginas dos
desejos que se lançam ao além, perspectiva do absoluto re-nascido no crepúsculo
do não-ser, concebido no alvorecer nublado - lembranças de estar encostado no
parapeito da janela, manhã fria, passavam no trajeto entre a linha férrea e as
grades de minha residência duas ovelhas, quase quatro décadas de existência
esta lembrança, ouvindo Stand by me cantada por Lennon -, quiça o ser preceda a
vida, o verbo do frio projeta-se no infinito, a busca incólume do que
trans-cende o instante, momento, instante-limite do nada. Sonho do Verbo Vida.
Vida do Verbo Sonho. Verbo do Sonho Vida. Sorrelfa de ídílios compactos.
No fim do arco-íris um pote de ouro. O re-nascer: é a alma se
presentificando e os desejos sarapalhados alhures e algures, nada vazio. Não me
sou pretérito. Não me sou há-de vir, não me sou. Sem margens, sem pressa o rio
de sonhos, antes de quaisquer origens e esperanças, antes de quaisquer fontes e
quimeras do in-audito. Quem sabe a vida jamais tenha existido, existe o verbo
de carne e ossos, e nas suas conjugações do tempo e contingências intemporais a
querência seja carne e ossos a tornarem-se vida, tornarem-se ser, tornarem-se
arbítrio da morte. Idílios de sorrelfas compactas.
Solidão. Silêncio. Ausência. Carência. Medo. As estrelas têm cinco pontas.
O tempo tem cinco conjugações: infinitivo, indicativo, subjuntivo, gerúndio,
particípio. Sou-me quem tece de vazios e nadas, nonadas e travessias, temas e
temáticas, o mundo chegando e ninguém, o éden retros-pectivando e nenhuma
terra. Cócito de águas límpidas, sombras de árvores arbítrias de espírito,
livres de alma.
Há-de vir me não é subjuntivo, me não é gerúndio. Cocito a esperança, o
sonho. Res-pondo o nada, o vazio entre-laçados na ausência da primeira pessoa
do uni-verso presente do mais-que-perfeito. O verbo precede o ser.
Mesmo que o verbo preceda a vida, mesmo que a poesia preceda a esperança
do ser, mesmo que o ser venha depois do absoluto, me não seria a mim pura e
nobre contingência, se o coração não pulsasse o silêncio, a luz eidética do
trans-cendente, do que trans-eleva o limite-instante do eterno-divino...
Metáforas do inaudito. Inaudito da metafísica. Semântica do amor à luz
do sublime desejo do amor. Linguística do espírito à mercê do celeste azul que
cintila horizontes do in-finitivo in-finito do não-verbo.
(#RIO DE JANEIRO#, 29 DE JUNHO DE 2018)
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