MARIA ISABEL CUNHA ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA O AFORISMO 869 /**A VIDA NOS AUSPÍCIOS DA PUREZA, QUÊ DESPAUTÉRIO**/
Há dias em que o amor sorri e tudo parece brilhar, a alma enche-se de
luz e brilha, abre as asas e voa...voa até ao infinito, outros porém em que o
amor se afasta, sente frio, profere nonsenses para os menos astutos, mas tão
evidentes e transparentes para os bons observadores da alma humana. É esta a
força do Amor. Quando uma alma chora de frio, de dor e silêncio, falta-lhe o
que mais ambicionava-o Amor. Pobre da alma que sente frio, ela está mesmo na
Antártida, quer afastar-se da multidão, viver isolada, o sol, a luz, o calor
foi-se com o amor que a abandonou. Muito Bom. Gostei muito. Um abraço.
Maria Isabel Cunha
Tomando a vossa Data Vênia em consideração, caríssima escritora, poetisa
e crítica literária, Maria Isabel Cunha, o vosso comentário traz em seu bojo
percuciência: "Há dias em que o amor sorri e tudo parece brilhar...",
a alma chora quando lhe falta o Amor. Assim o Amor na dimensão das relações
humanas, especialmente em se tratando da entre a mulher e o homem, a relação
íntima. Contudo, há-de considerar-se que o presente Aforismo não tematiza esta
relação, e sim a relação entre o Artista e a Inspiração. Este excerto do
Aforismo id-ent-ifica a intenção da obra e a sua eidética: "... enquanto a
esfera da pena desliza no branco da página, de mansinho, leveza que só ela é
capaz de saber e entender, o que registra é legível, aquiescido, é que não se
sabe, mesmo que garatujando nonsenses, a mão não precisa de luva para lhe
aquecer, a alma não se enchafurda no espírito subterrâneo, desejando as
caliências do além." Aquando escrevi este Aforismo faltou-me por completo
a Inspiração, e a intenção fora a de revelar a falta de Inspiração, embora a
estrutura poética, filosófica não se ausenta da obra. Quis id-ent-ificar isto,
a intenção. Inclusive, "Ir embora para a Antártica" é metafórico,
significando: "Vou-me recolher na Iluminação já que a Inspiração me
falta". Muito embora, em verdade, não necessito de Inspiração para
escrever; se me falta num momento, escrevo de qualquer modo. Nada me impede de
escrever e registrar o que desejo. O que não pode me faltar, ausentar-se de mim
é a Iluminação, sem ela não escrevo nem a primeira letra, o "A" do
alfabeto. Na vida real, já ouvi três escritores renomados dizerem, sendo um deles,
Deonísio da Silva, Curitibano: "Em você, Manoel Ferreira, a Inspiração não
é relevante, sim a Iluminação."
Tendo-vos dito supra, pedindo a vossa Data Vênia: esta resposta ao vosso
comentário tem sua percuciência, perfeitamente condizente. De excelência, o
comentário.
Abraços nossos.
Manoel Ferreira Neto
#AFORISMO 869/
A VIDA NOS AUSPÍCIOS DA PUREZA, QUÊ DESPAUTÉRIO#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Tem dias que se se sente à beira da eternidade, con-templando as arribas
e confins, o inaudito das belezas do in-finito, sonhando prazeres e volos do
além, a alma pres-ent-ifica as dialéticas da plen-itude e fugacidade dos
desejos que preenchem as forclusions do ser.
Tem dias que se se... Não havendo dias que se se..., olha-se as coisas e
objetos com indiferença, observa-se a vida com náuseas, o ser se esvaece nas
grutas das maquinés desoladas, o tempo se esgarça nas cintilâncias lunares, a
ausências e faltas abrigam-se nas grutas da floresta, o nada se atira de cabeça
no precipício, o cosmos e o caos mergulham no in-audito do genesis... a vida
nos auspícios da pureza, que despautério!
Mas tem feito frio, hein! Mas, enquanto a esfera da pena desliza no
branco da página, de mansinho, leveza que só ela é capaz de saber e entender, o
que registra é legível, aquiescido, é que não se sabe, mesmo que garatujando
nonsenses, a mão não precisa de luva para lhe aquecer, a alma não se enchafurda
no espírito subterrâneo, desejando as caliências do além.
Vou-me embora para a Antártida, lá a esfera da pena dirá as in-verdades
da verdade, o frio intenso é fruto da imaginação fértil.
(#RIODEJANEIRO#, 15 DE JUNHO DE 2018)
Maria Isabel Cunha - Excelente a explanação do seu próprio texto que se prestava a várias interpretações. Peço desculpa por me ter identificado nas suas palavras, relativamente aos sentimentos. Obrigada. Dia muito Feliz. Um abraço.
ResponderExcluirNota: evidente que o emprego de Antártida foi em sentido metafórico.
Manoel Ferreira Neto - Bom dia, Maria. Tudo bem com você? Não há o que desculpar. A intenção e a estrutura do texto é que careciam de elucidação. Sim, o emprego da metáfora Antártida, conforme a sua análise, leva à conduta de má-fé, à fuga. E no texto não se pode ler nem como sublimação, mas como um "utensílio" que se tem "em mãos." Beijos nossos!
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