GRAÇA FONTIS ESCRITORA, PINTORA, POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA O AFORISMO 902 /**SER O SILÊNCIO NO SILÊNCI0 DO SER**/ - PROJECTO #INTERCÂMBIO CULTURAL E INTELECTUAL#
A priori, não creio ter havido tal dissecação ao estado silencioso nem
sempre possível/viável nesse mundo onde os sons predominam... numa fuga
inquestionável e necessária, o espírito debruça seus questionamentos, angústias
ou prazeres, necessários à maturação de grandes aspirações e, sem dúvida,
canteiro de belas inspirações, ressurgindo milagrosamente como o texto
presente... presentificado graças ao Silêncio... onde o arquiteto das letras
pode com perfeição agrupar sensações, sensibilidade... sentimentos linguisticamente
verbalizados, tornando-nos possível a visualização com todas nuances desse
habitat momentâneo e primordial à criatividade que todo artista anseia no mais
profundo Ser, com certeza aqui o grande Escritor objetivou-se como frequentador
assíduo deste bem-estar rico e fértil na sua máxima totalidade sob todo prisma
abordado, sentindo-se vivendo com o silêncio na alma! PARABÉNS e obrigada
querido por mais este magnífico texto!
Graça Fontis
(26 DE JUNHO DE 2017)
Agradeço-vos, minha amada e inestimável esposa e companheira das artes,
com o que concerne no que tange aos valores que a mim atribui e professa, à
minha pessoa como homem, escritor e intelectual, aos valores estéticos-éticos,
à minha consciência.
O meu ""bem-estar" se compreende, justifica e se impõe
por me haver entregue à Liberdade, colocá-la em questão, a intenção primordial
da consciência-estética-ética, não apenas na aparência, podendo envelá-la com
argumentos, mas a transparência, obra e existência se comungando, conciliando,
aderindo-se, a vida aberta em todos os níveis.
Em se me referindo nesta análise e interpretação esplendorosas, assim o
diz, "... objetivou-se como frequentador assíduo deste bem-estar rico e
fértil na sua máxima totalidade sob todo prisma abordado, sentindo-se vivendo
com o silêncio na alma!", o que endosso pois que é a luz do eidos da
liberdade da questão da existência, a "intenção fundamental" é esta
liberdade da questão do silêncio na alma, o eidos da koinonia verbo e
consciência-estética-ética, o desejo são consciências da vida e obra no
quotidiano vividas e experienciadas, assim se pré-sente a estética da arte
literária, poética, conduta e postura do real e irreal, verdade e in-verdade,
vontades e propósitos, esta koinonia é o canteiro de grandes inspirações e
outras liberdades colocadas, postas e questionadas os seus caminhos e veredas,
conforme vós escrevestes nesta interpretação e análise fenomenológica do
"ser o silêncio no silêncio do ser", fundamentada na estética da arte
em Gaston Bachelard, Heidegger e Dostoiévski, as concordâncias com algumas das
idéias de cada um, a síntese das três, mas a janela aberta aos horizontes e
uni-versos da entrega radical à Literatura, Poesia, Filosofia, na mov-ência dos
tempos e das situações - refiro-me a esta profundidade de vossso pensamento e
idéia de minha obra, a sua verbalização, como vós, amada e inestimável esposa e
companheira das artes, e todas as críticas, Ana Júlia Machado, Sonia Gonçalves
e Maria Izabel Cunha, em uníssono, cada uma ao seu modo, estilo e linguagem
revelando a verdade desta síntese das origens do homem, das origens do
intelectual. A Liberdade da Questão do Pensamento e da Ec-sistência, e todas as
outras abrindo outras vertentes e sendas para outros universos e horizontes da
CONSCIÊNCIA-ESTÉTICA-ÉTICA.
Num estudo linguístico semântico e verbático desta vossa análise e
interpretação, quem o sente, endossará que de mim vós não tivestes quaisquer
ajudas na escrita senão a revisão gramatical, sabe que re-colhestes e
a-colhestes na leitura assídua da obra para ilustrar com as vossas artes da
pintura, da literatura, escultura, assim vós verbalizais, um caminho sensível,
íntimo no eidos do silêncio das palavras e a liberdade em questão à busca da
Consciência-Estética-Ética, a Utopia do Silêncio. Há-de se re-conhecer que só
uma artista plástica e literária possuiria este sensibilidade para definir,
conceituar, esclarecer a fenomenologia da consciência-estética-ética, e vós
mesma disseste que aprenderestes e muito com todas as companheiras Muchíssimas
gracias a vós, minha amada, a todas as críticas oficiais, Ana Júlia Machado,
Sonia Gonçalves, Maria Isabel Cunha, obviamente agradecendo sensível e
cordialmente àqueles que realmente lêem e curtem, embora não comentem, as
razões são de cada um, não me interfiro. Sinto-lhes, percebo-lhes, intuo-lhes a
presença.
Manoel Ferreira Neto
(26 DE JUNHO DE 2018)
#SER O SILÊNCIO NO SILÊNCIO DO SER/À COMPANHEIRA DAS ARTES, Graça
Fontis#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
É o silêncio na alma. É viver com o silêncio na alma. É simplesmente
deixar que este silêncio se revele, se manifeste livre, espontâneo, sem
qualquer muleta da razão, sem qualquer bengala da intelectualidade, sem
quaisquer esperanças de sua revelação, a-nunciação... Assumi-lo plenamente.
Vivê-lo. Quem o deixa perpassar todas as dimensões do ser, do espírito e da
alma, com certeza, sente o além, sem a presença da imortalidade, da eternidade.
Nem poetas ou escritores são capazes de vivê-lo na sua essência, pois que
sempre têm os utensílios da pureza da inspiração.
Silêncio é silêncio no silêncio. No silêncio do silêncio, o silêncio é a
voz suprema do saber a vida na roda-viva das dialéticas do ser e não-ser, no
catavento das contradições do efêmero e eterno, no redemoinho das ambiguidades
da morte e dubiedade do nada. Nos re-cônditos do silêncio, o silêncio é o
vernáculo do espírito sem a metáfora do sublime, sem a sin-estesia da leveza,
sem a poiética da pureza. Nos interstícios do silêncio, o silêncio é a erudição
da alma que perscruta a semântica linguística da solidão do ser, a linguística
semântica das melancolias e nostalgias pretéritas das angústias e tristezas, à
busca do solstício do alvorecer para lhe guiar, orientar no ser-para a
consumação da verdade.
Silêncio não se verseja de versos e estrofes, trovas, sonetos, poemas
livres. Habita-lhe na poética do ser. Silêncio não se prosa, proseia, não é
prosa que racionaliza a gnose das experiências, vivências, pre-núncio do saber.
Silêncio não se vers-ifica das suas reflexões do deserto, meditações do porto.
Não se diz o silêncio, não se metaforiza o silêncio, o silêncio se versifica no
silêncio que afagamos com as verdades do sonho, das esperanças, das utopias, à
busca das palavras sagradas no livro do Ser.
O elemento principal no bem-estar de um indivíduo — de fato, de todo o
seu modo de existir, de ser-no-mundo — é aquilo que o constitui, que ocorre
dentro dele próprio. Pois isso constitui a fonte imediata de sua satisfação ou
insatisfação íntima, que resulta de todo o seu sentir, desejar e pensar. Tudo
que o cerca exerce somente uma influência indireta; por esse motivo, os mesmos
eventos ou circunstâncias afetam diferentemente cada um de nós; e até com
ambientes exatamente iguais, cada qual vive em seu próprio mundo. Pois um homem
apenas preocupa-se diretamente com suas próprias ideias, sentimentos e
volições; o mundo exterior somente pode influenciá-lo na medida em que traz
vida a esses. O mundo em que cada qual vive depende principalmente de sua
própria interpretação desse e, assim, mostra-se diferentemente a homens
diferentes; para um é pobre, insípido e monótono, para outro é rico,
interessante e importante.
Fica mal com Deus quem não alça vôo nas asas do condor de esperanças,
real-izando os clímaces voláteis do gozo da estirpe. Fica mal comigo quem não
trans-eleva a fé no divino eterno aos auspícios da liberdade que exala suas
nuanças de desejos de compl-etude com os termos acessórios do nada e efêmero,
como o pássaro de fogo que choca os ovos das chamas perenes a aquecerem o
inverno das espécies susceptíveis às caliências do nunca antes de quaisquer
jamais, carências do sempre antes de quaisquer pretéritos perfeitos ou
imperfeitos. Fica mal com a vida na sua vocação de ser o absoluto perfeito,
inda que tardio o perfeito, inda que in-ec-sistente as ruminâncias de ouro e
risos a satirizarem com veemência e re-verência o surrealismo das laias
côncavas e convexas das viperinidades da natureza humana, quando o perfeito,
desde a eternidade, encontra-se refestelando-se às margens sinuosas do cócito
inaudito de vozes que permeiam a noite de lua cheia e centenas de estrelas
cadentes...
Oh, centelhas que brilham momentaneamente, onde faíscam o silêncio da
liberdade e a liberdade do silêncio?
Pelo meu caminho vou, vou como quem pisa com toda delicadeza e acuidade
os ovos da "garnisé", grávidos de réquiens para as ipseidades do
pretérito iluminando as trevas e sombras da terra do bem-virá. Vou como quem
saltita nas brasas de lenhas da lareira, incandescendo a sola dos pés para
sentir o prazer e volúpia das estradas na jornada sem limites, fronteiras,
obstáculos, enfim sem o instante-limite do zero a prenunciar o "um"
dos solilóquios e colóquios da aritmética dos "noves fora um". A
linguagem é condenada pelos princípios, o estilo é indecente pelas lógicas, mas
antes sendo do que dar com as mulas no mata-burro, com os jegues no abismo.
A vida consiste de movimento e nisso reside sua própria essência. O
constante movimento interno requer auxílio parcial por parte do exterior. Essa
falta de proporção é análoga ao caso onde, em consequência de alguma emoção,
irrompe dentro de nós algo que somos obrigados a suprimir. Até as árvores, para
florescer, precisam ser agitadas pelo vento. Aqui se aplica uma regra que pode
ser anunciada de forma mais concisa em latim: omnis motus, quo celerior, eo
magis motus [quanto mais rápido é um movimento, tanto mais é movimento].
Silêncio é silêncio, vive de suas vozes íntimas e trans-cendentais da
espiritualidade, da divin-idade. Não se alimenta dos pães e trigos do
vir-a-ser, alimenta-se da plen-itude de seu ser. No inaudito de si, revela
sentimentos e emoções que lhe habitam e são os sonhos da sabedoria, da verdade,
as estesias do eterno, no deserto onde se re-colhe para a reflexão do verbo-de
ser ser cristalino, puro, são os desejos vontade de tern-itudes.
Buscar o silêncio - não se lhe encontra. Desejar o silêncio - não se lhe
vive. Sentir o silêncio - mergulho profundo no que trans-cende os verbos da
con-tingência, quais sejam a suprassunção dos valores imanentes, a superação
dos estados de alma, redenção dos pecados, ressurreição.
O tolo em trajes finos suspira sob o fardo de sua própria
individualidade miserável, da qual não pode se livrar, enquanto o homem de
grandes dotes povoa e anima com seus pensamentos a região mais deserta e
desolada. Há, pois, muita verdade no que Sêneca diz: omnis stultitia laborat
fastidio sui [toda estultice sofre o fastio de si mesma.
Ser o silêncio no silêncio do ser.
Manoel Ferreira Neto
(26 DE JUNHO DE 2017)
(#RIODEJANEIRO#, 26 DE JUNHO DE 2018)
Comentários
Postar um comentário