GRAÇA FONTIS POETISA PINTORA ESCRITORA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA O AFORISMO 872 /**É NA POEIRA QUE SE ALEVANTAM OS PÓS DA VERDADE - MANIFESTO DE UM PROJETO**/
Inenarrável o prazer com que leio este Aforismo; esse não é o primeiro,
tão pouco será o último a me levar a contemplar com um mínimo que seja de
coerência alguns aspectos reflexivos da ficção e do autor. Ficção, mais emoção,
juntando-se a realidade em que, quiçá, julgue-se um marginal às ambições dos
homens comuns, pois acalenta sonhos incompatíveis, às vezes é certo, com a
realidade, mas irredutíveis e imorredouros, já que a morte não vence a
arte,vence a vida, o belo perdura; e a imortalidade empresta aqui ao Escritor
um toque divino à transitoriedade, o efêmero, estes, clima para o sucesso, à
doce ilusão de glória, em que seus escritos ressuscitarão sua personalidade, já
a coroa de louros fica por conta da eternidade.E assim, com grito de um
errante, com os pés na terra e o olhar para o infinito, que ele, segue onde
tudo se funde numa só coisa, a emancipação verbal completa poucos a atingem,
mas ele atingiu, contando em sua memória, verdadeira batalha a elevá-lo da
conquista à supremação das mediocridades. É de lá, da pseudo-altura, vitimado
pela beleza, escravo voluntário de uma estética mais forte que suas fraquezas,
à sua liberdade excêntrica e sensual onde seus horizontes são infinitos; o Ser
presentifica-se dialeticamente, então toda relatividade verbalizada será
julgada pela ação do tempo. E é com ambiguidade, guiado pela improvisação e
longe do círculo das limitações, em constante evolução seu caminhar no astral
sem deter-se onde criou raízes, mas seguindo sempre a linha perdida no
infinito, dando à beleza textual aparência de eternidade ao jogar com as
palavras dentro de inconfundível originalidade criativa, num mundo sem
unificação de valores, daí sua dimensão terrena do desacordo, acompanhando-o,
ora expostas, necessidades inerentes
e inevitáveis do Escritor M.F.N. movido a emoções intuitivas de encontro
à relação, às revelações com seu entorno, transferido tudo isso, para este
texto, não somente, o que sua sensibilidade aguda capta, mas, sobretudo, o que
seu íntimo perquire e deseja sob formas metamorfoseadas ou não, à sublimação da
estética inconsciente verificada neste magnífico Aforismo a refletir todas as
tonalidades de sua alma! Parabéns meu querido, não sei se alcancei algo a ser
considerado, mas que tentei, tentei beijinhos..
Graça Fontis
Não sabe se alcançou algo a ser considerado! Divina, excelsa a sua
análise, minha inestimada Esposa e Companheira das Artes, Graça Fontis.
A crítica literária é reservada a poucos e dentre estes poucos menos
ainda são aqueles que conseguem mergulhar com percuciência na obra e no autor,
realizar a síntese de ambos, síntese que reúne todas as dimensões existenciais
e artísticas, sem vangloriar um aspecto e denegrir outro, ipsis litteris e
verbis.
Não haver dúvida de que nesta dimensão, dimensão da crítica literária,
você está dando os seus primeiros passos, passos que já superaram os primeiros,
mostram com magn-itude sua intuição, percepção, sensibilidade, subjetividade do
que é isto uma obra literária e a partir de que há-de ser considerada Arte, da
vida do escritor por inteiro, suas contingências e suas utopias, sonhos,
esperanças. Muitos podem julgar haver aqui protecionismo, vanglorio-a por
sermos cônjuges e companheiros das artes, estou sendo parcial com os meus
juízos e reconhecimentos.
Este excerto de sua crítica revela solenemente não vem para aprender
Literatura, Filosofia, escrever, aprender a crítica literária, vem para se
impor como escritora, poetisa, crítica, além de pintora, escultora que é sua
vida: "... dando à beleza textual aparência de eternidade ao jogar com as
palavras dentro de inconfundível originalidade criativa...", por ser
incólume verdade a originalidade criativa requer jogo com as palavras, é assim
que busco, sonho a beleza textual, visto a consciência-estética-ética ser a aspiração
de meu pensamento literário e filosófico. Não me é sabido inda se a
"emancipação verbal completa" foi atingida, mas horizontes e
uni-versos dela são com nitidez encontrados no corpo da obra.
Nenhum crítico de início, estar enveredando-se na crítica literária,
tece análise nesta profundidade com que você está realizando não apenas no
concernente a este Aforismo específico, mas no conjunto de todas as análises
que tem patenteado, e vale sublinhar e realçar de uma obra hermética, complexa,
erudita, poucos sendo os que compreendem e entendem. Merece meus
reconhecimentos sinceros e verdadeiros, merece meus aplausos eufóricos.
Deixou-me uma lição esta sua análise que ainda não havia verbalizado: a
morte vencerá a minha vida, não vencerá a minha arte. Verbalizada esta lição
que me deixa, mergulharei inda mais profundo.
Beijos no coração!
Manoel Ferreira Neto
#AFORISMO 872/
É NA POEIRA QUE SE ALEVANTAM OS PÓS DA VERDADE - MANIFESTO DE UM
PROJETO#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
**... veneno e ácido misturados numa taça são doses cavalares, os homens
são carentes de afago, toques, e se esquecem de como regem suas
ec-sistências..."
Não quero aforismo que re-verencie os absolutos e eternos, que aquiesça
ser re-nascido das cinzas e aprendido outros ornamentos, ilustrações,
arrebiques de como reger a vida com intelectos que se criam e re-criam
continuamente, com convicções irreversíveis, que dite as normas e regras da
alma que perquire, questiona, indaga, in-vestiga, avalia.
É tempo de partir, quem fica acumula saudades, nostalgias, melancolias
do não-vivido, do não-vivenciado, aos horizontes mandar o grito errante da
vedeta, o olhar vagabundo à guarita de sentinela.
É tempo agora para quem sonha a glória, para quem deseja a luz que guia o
barco nas águas límpidas e cristalinas, iluminando as margens, a natureza, e a
luta... E a luta, essa lareira, onde re-ferve o bronze das estátuas, o branco
resplandecente dos cristais, as cores di-versas das pedras preciosas, que a mão
dos séculos no futuro talha e ornamenta à mercê de um livro a decifrar, de uma
idéia ou sentimento a in-vestigar, de uma sensação ou intuição a avaliar.
Não quero aforismo de berços esplendidos do ácido crítico, do veneno
moralístico, da "tapa de luvas" ética, que firam as
susceptibilidades, alfim veneno e ácido misturados numa taça são doses
cavalares, superior ao que Socrates fora condenado a morrer, os homens são
carentes de afago, toques, e se esquecem de como regem suas ec-sistências, numa
palavra única, são dignos de comiseração.
A cada berço levar a esperança e a fé, esperança e fé na con-tingência,
as trans-cendentes esvaíram-se no tempo, para nada mais servem, é na poeira que
se alevantam os pós da verdade.
A cada campa levar o pranto. A cada cruz nas margens solitárias da
estrada a vontade de a vida ser puramente a paz, a violência esquecida.
Estrada eu sou, e a percorro acompanhado dos íntimos da contingência e
dos desejos do espírito. E pendido através de dois abismos, com os pés na terra
e a fronte no infinito, pedir ao in-audito a benção dos homens, levantar o
grito de amor e paz.
Não quero aforismo poético que decante com versos e estrofes sublimes os
sentimentos, a solidão, o silêncio, que declame ao som de harpa, violino,
cítara as ilusões, quimeras, sorrelfas do vir-a-ser, apenas com algumas notas
agudas para re-velar náuseas e angústias daquelas coisas que se cristalizam.
Cantar o campo, as selvas, as tardes, a sombra, a luz; soltar minh´alma
com o bando dos pássaros a sobrevoarem o chapadão, o sertão infinito e aberto;
ouvir o vento que geme, sentir a folha que treme.
No horizonte desvendam-se as colinas, serras e montanhas, até mesmo de
montes de terra, CUPINS, sacode o véu de sonhos de neblinas a terra ao
despertar. Tudo é luz, tudo aroma e murmúrio, tudo esplendor e silêncio. No
descampado o cedro curva a fronte, folhas e prece aos pés do Onisciente mandam
a lufada erguer.
O sonho do verbo de minhas letras habitou-me sempre como a Estrela
Vésper que alumia aos pastores nos fraguedos; ave que no meu peito se aquecia
ao murmúrio talvez dos meus segredos, revoltas, ódios e raivas, conflitos e
traumas, ao sussurro quiçá de meus silêncios e enigmas, o cochicho de minha
consciência e inconsciência, até da língua solta e livre das quimeras e
sorrelfas, contra as hipocrisias sociais e históricas, aparências individuais.
Mas por longo tempo sinistra ventania mugiu nas selvas, rugiu nos
rochedos, condor sem rumo, errante, que esvoaçava, deixei-me entregue ao vento
de sorrelfas e fantasias, dos risos e gargalhadas sensaboronas - amo-os sem
trincheira, por intermédio deles é que a felicidade se me manifesta plena.
"Quase me perdi, vi os sonhos todos se esvaecerem juntos com a
neblina que cobre as serras e montanhas.", não quero aforismo que
re-clame, suspire por haver-se deixado levar pelos ventos, em nome de
"frases de efeito", adágios, ditados populares, sim que alevante mais
os pós da verdade, na poeira da estrada.
Creio no porvir, na infância da inocência e ingenuidade, na juventude
dos sentimentos, no amadurecimento da consciência e dos objetivos, na velhice
das experiências e sabedorias, sol brilhante do céu da liberdade, e que aprendo
a arrancar-me de dentro e mostrar outros uni-versos e horizontes que me povoam
o espírito e a alma.
(#RIODEJANEIRO#, 17 DE JUNHO DE 2018)
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