#AFORISMO 887/ SÓ O HOMEM SABE DE SUAS CONTINGÊNCIAS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
"Dizem que a Verdade, a Vida pertencem a Deus, Ele revela os
caminhos. Não. A verdade, a vida pertencem ao homem nas suas caminhadas nas
estradas de pós, poeiras e metafísicas."
O que é isto - O NOVO?
Seria que existe, ou que não existisse, o novo em si mesmo ou é ilusão
da contingência sempre à espreita de outras realidades, horizontes e uni-versos
que lhe a-nuncie dimensões do ser, do verbo in-fin-itivo ao ser in-finito de
felicidade e compl-etude?
Em verdade, situações e circunstâncias da vida re-velam possibilidades,
probabilidades, chances de a vida ser diferente, de sonhos e esperanças serem
realizados, degustar outros sabores da maçã, desfrutar outros sentimentos de
buscas e desejos, outras emoções da alegria, mas depende da entrega absoluta ao
que se revela "tempo novo", com lutas, labutas, dificuldades,
facilidades, da consciência do que significou o passado dos volos e desejos
futurais.
O tempo é sábio, e só revelam oportunidades e possibilidades, se as
experiências e vivências do homem tornaram-lhe consciente da necessidade de a
vida ser, do verbo do ser dever ser construído com dignidade e honra, se está
mesmo decidido a ser outro. Caso contrário, nada a-nuncia, nada manifesta, o
mesmo existencial será eterno e absoluto. Outra oportunidade não haverá, se o
homem se não entregar ao que será o "novo", a vida.
O verbo da vida, realizá-lo, não é somente construir a obra que será
fruto para os descendentes, valores éticos e morais, para outras gerações,
valores eternos e imortais, bens materiais; o verbo da vida é a sabedoria de o
ser ser a pedra angular da vida, só podendo ser desfrutado com a liberdade,
esperança e sonhos. Sem o verbo da vida, o homem apenas residiu na terra,
arrastou-se no solo, nas sarjetas, nos terrenos baldios, nas calçadas, acabou
cinzas no sepulcro coberto de terra. Não frequentou o mundo. Nada obtuso.
Às vezes, a grande oportunidade de o verbo da vida ser instituído surge
quando o homem já está maduro, e se olha, mesmo que de soslaio, esguelha, para
o futuro sente que não lhe resta muito tempo para o verbo da vida, para a
sabedoria, nada assim pode ser simples aventura, aquilo de "se não for
agora, será noutro tempo", a entrega deve ser total, plena, sem dúvidas,
incertezas, óbvio com questionamentos inda mais profundos e abismáticos, o ser
é sempre a continuidade do desejo de ser, é sempre o silêncio à busca da voz da
verdade.
Se, neste instante em que sinto o tempo se me a-nuncia a possibilidade
real e verdadeira de o verbo da vida ser concretizado, tornar-me homem, ser o
outro de mim, realizar a vida, cuidar dos prazeres e alegrias, amar amando o
amor, amar conciliando e comungando o "eu" e o "tu"
sin-crônica e harmoniosamente, penso e sinto, vice-versa, a vida é-me solidária
e compassiva, está-me colocando, em mãos feitas esperança, a derradeira
oportunidade de conjugar os tempos do verbo ser, não se trata mais de resta
esta oportunidade com espírito de um caminhar na estrada, sujeito a curvas,
aclives e declives, mas a jornada nas sendas e veredas do campo, campo porque
sou cônscio das poeiras e pós das estradas em que trilhei, da areia que piso
hoje...
Novo tempo. Tempo de verbalizar o ser. Dizem que a Verdade, a Vida
pertencem a Deus, Ele revela os caminhos. Não. A verdade, a vida pertencem ao
homem nas suas caminhadas nas estradas de pós, poeiras e metafísicas, nas suas
andanças nos caminhos do campo.
Só o homem sabe de suas contingências, só o homem sente a sua esperança
do eterno. Só o homem é a humanidade do ser.
(#RIODEJANEIRO#, 20 DE JUNHO DE 2018)
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