ANA JÚLIA MACHADO CRÍTICA LITERÁRIA ESCRITORA E POETISA ANALISA O AFORISMO 884 /**ZEN DO INFERNO METAFÍSICO**/
ZEN DO INFERNO METAFÍSICO
Manoel Ferreira Neto.
Eu e outros. Não a vida, não a prostituta da existência. Existindo eu, e
outros somos Perpetuidade. A Independência de Ser e sentir e honrar a Gente
toda num bafo. Amargar com cada um e abrir a garra. Apregoar contra a
incultura, a especulação e a avidez que nos abatem estritamente todos os dias.
Essa é a existência… mas não somos Nós.
Uma afluência montada na mestria da estabilidade, a simultaneidade
irrepreensível com a Essência sou eu.
Ser eu e outros, não os espíritos corrompidos, não os espíritos atormentados,
somente Seres no ostracismo. Doutro lado aparecemos para aqui atormentar ou
compreender ou cruzar um tempo que é relevante na nossa edificação. No universo
habitámos sem a ele incumbir. Como silhuetas efémeras, lumes no negro de tempo
demarcado. Nas crenças, nas políticas, na avidez dos tráficos, na martirização,
pela adaptação a um enorme número de pessoas do dialeto e do converter-se bruto
inalterável da casta encontra-se uma espécie qualquer que habita, onde por
ocasiões somos forçados a viver…mas não sou eu e outros.
É relevante não nos omitir de quem somos, do que fomos, do que
conseguiremos ainda gerar. Pois por mais que nos safem a reminiscência,
enquanto por aqui caminharmos havemos de insistir a sermos.
Uma verdade enorme que excede o antigamente e o devir e nos transmuta um
persistente presente.
Não sou eu quando nos arrumam uma raia de rancor entre nós e os que amam
um divo com diferente designação. Não quando se engendram todos os dias
pareceres divergentes, motivos de rancor para nos conseguirem fiscalizar. Pois
a certa altura do trilho soltámos de possuir terror. Porque em destinada
sinuosidade do renque nos enxergamos que o renque avança. Não acabamos no
fenecimento, alteramos somente de dimensão de viver. Há que não ter temor em
aceitar a perpetuidade na nossa ciência. Há que não ter terror de tantos
animais que fabricam para nos amedrontar. Há que despertar e diligenciar as
estirpes das realidades por via do saber que não nos é cedido de dá lá por
aquela palha. Há que ir ao reentrante do Ser, inverter arriba e verbalizar:
Este sou eu e outros…
O inferno é o que se vive na puta da existência…não interrogue amorzinho
a hora…porque neste inferno o tempo arruína o sentido….
Eu amigo Manoel Ferreira Neto e escritor, é assim que avisto o que quer
verbalizar nas entrelinhas….a tranquilidade do seu tal inferno…..Certa,
errada...Não sei? É a minha visão...
Ana Júlia Machado
#AFORISMO 884/
ZEN DO INFERNO METAFÍSICO#
GRAÇA FONTIS:
PINTURA
Manoel Ferreira Neto:
AFORISMO
Obscuridades intro-vertidas concluem de in-fin-idades a lividez da tarde
em propósitos fantásticos ao limiar do sol que se esvaece detrás da serrania à
extensão, à frontaria da extensão remota, cruze de todos os sistemas do Orbe o
anúncio frescor e pacífico da escuridão, sob as propedêuticas testemunhas dos
destinos, tremeluzindo de insonolências benevolentes as utopias da ninharia,
sonsices do despojado, à graça de primícias exteriorizações da fulgência da
veneta a recair em número indeterminado de veras meio-perpétuas que aldrabam a
decessa atrás do simulacro do reflexo além de enaltecendo os báratros do
sem-finalização ao cume do sem significado do não – ente. A chama da lareira,
fora de mim, ganha e traduz coisas que ainda não conheço, o desejo de fazê-lo
existe latente.
Saber-lhe a diferença entre ser e ec-sistir. Saber-lhe a sin-cronia,
sin-tonia, harmonia entre o verbo e o espírito.
Se re-conheço conhecê-las, revisto-as de espaço interno, espaço que tem
seu ser em mim, que tem seu sentido em mim, que me habita o mais íntimo, que me
é.
E profundo; cerco-as com sentimentos de agressividade e violência.
Não têm limites, não se tornam realmente conhecimento senão quando se
ordenam no coração de minha re-núncia, no âmago de minha indiferença, no seio
de meu desprezo, nos olhares críticos, cínicos, sarcásticos, irônicos,
enviesados na presença do absoluto de todas as coisas, na verdade de todos os
sonhos e utopias através de mim, alçam vôos as palavras de mim, palavras que
re-colhem e a-colhem a presença da chama, a chama que em mim cresce, as águas
que me impulsionam a re-fletir a plen-itude, a peren-itude da vida na
experiência do verbo do amor, na vivência do amor pelo verbo por vir carne.
Perfeita a criação. Luz, amor, desejos. Efêmero o viver.
Esperanças, sonhos, utopias. Eterno o nascer. Lutas por uma identidade
plena.Quanta força ec-siste no ideal de sonhar!
Num ritmo de fascínio, pulsam corações no ossuário da terra, apaixonados
com o brilho das estrelas, lua, lua crua, sempre lua nua, sagrada hóstia de
querubins e serafins emanados pelo in-efável trans-cender da con-tingência e
forma.
O coração do verso oferece o peito à vida. A alma do verbo empresta a
carne ao belo. O espírito do sonho doa o desejo à esperança do Ser. Ser sendo
ao sabor do silêncio sereniza as sombras re-fletidas aos raios do sol.
Sou uma pessoa de sentimento vulgar. - Não me olhe assim. Não me
perscrute desse modo. Não fizemos o pacto da sinceridade? Amor, não confie em
mim. Não se entregue por inteira a mim. A qualquer momento posso levá-la para o
inferno. Contudo, amo você.
Generosidade sua não me confundir por sermos animais de cérebro da
mesmíssima falange. Amorzinho, este poema não é para qualquer um.
Explico-me: - um idiota do resultado de sua própria insignificância. Por
você estou de corpo e alma abertos, teleguiado para os céus. Prazer conhecê-la,
benzinho! Entre! Aqui, as portas do inferno estão abertas, escancaradas.
Não pergunte a hora. No inferno o tempo perde o significado.
(#RIODEJANEIRO#, 19 DE JUNHO DE 2018)
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